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Comandante diz que vai retirar das ruas PMs com problemas psicológicos

Decisão foi tomada após a morte do soldado Yago Monteiro Fidelis, no domingo (14/1), assassinado por um colega com problemas psicológicos

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Comandante-geral da PMDF coronel Ana Paula Barros Habka 2
1 de 1 Comandante-geral da PMDF coronel Ana Paula Barros Habka 2 - Foto: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

Após o sepultamento do soldado Yago Monteiro Fidelis, morto por um colega de farda com problemas psicológicos, a comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Ana Paula Barros Habka, afirmou que a corporação vai retirar das ruas todos os policiais que precisam de ajuda psicológica. A promessa é que os militares recebam tratamento médico. Além disso, a corporação firmou um novo convênio para cuidar da saúde da tropa.

“Nesse primeiro momento, a gente pensa no que está passando com os colegas que estavam trabalhando com ele no dia a dia, no 27º Batalhão. Então, de forma imediata, a gente está em contato com o psicólogo que vai dar assistência e que vai fazer um mapeamento para entender quem agora, imediatamente, precisa de uma assistência pontual”, afirmou a comandante-geral. Se for identificado risco, os militares não vão mais trabalhar nas ruas.

Veja a declaração da comandante-geral:

“[Os PMs] Serão submetidos a uma avaliação médica e psicológica. E, se precisar, a gente coloca na área administrativa ou terá o seu tempo de tratamento”, explicou a coronel. Após o mapeamento no 27º Batalhão, segundo a comandante-geral, a operação seguirá em marcha para toda a tropa. “O pós-traumático é para todos aqueles ao redor. A gente sabe que toda a corporação sente isso”, reforçou.

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Policiais militares prestaram homenagens à vítima
A morte trágica do policial militar reacendeu o alerta para o cuidado com a saúde dos militares
O corpo de Yago chegou ao cemitério em um cortejo de carros, sobre uma viatura de combate contra incêndio do Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF)
Respeitado e querido entre a tropa, Yago foi morto pelo segundo-sargento Paulo Pereira de Souza, colega de patrulha, com um tiro na cabeça, no domingo (14/1), no Recanto das Emas
O policial foi homenageado com uma salva de tiros
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Com corações partidos, familiares, amigos e colegas de farda sepultaram o soldado Yago Monteiro Fidelis, no cemitério do Gama, na manhã desta terça-feira (16/1)

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Policiais militares prestaram homenagens à vítima

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A morte trágica do policial militar reacendeu o alerta para o cuidado com a saúde dos militares

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O corpo de Yago chegou ao cemitério em um cortejo de carros, sobre uma viatura de combate contra incêndio do Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF)

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Respeitado e querido entre a tropa, Yago foi morto pelo segundo-sargento Paulo Pereira de Souza, colega de patrulha, com um tiro na cabeça, no domingo (14/1), no Recanto das Emas

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O policial foi homenageado com uma salva de tiros

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A comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Ana Paula Barros Habka, e a governadora em exercício Celina Leão (PP), participaram da cerimônia de despedida

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Orando o Pai Nosso, a Ave Maria e a oração do Patrulheiro, familiares e amigos pediram para o militar descansar em paz

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O policial militar foi sepultado na manhã desta terça-feira (16/1), em cerimônia emocionada, no cemitério do Gama. Yago foi morto pelo segundo-sargento Paulo Pereira de Souza, colega de patrulha, com um tiro na cabeça, no domingo (14/1), no Recanto das Emas. Após o disparo, o militar tirou a própria vida.

Segundo a comandante-geral, Yago era um exemplo e, mesmo com pouco tempo na PMDF, lutava diariamente para garantir o melhor à sociedade. “A respeitosa continência foi dada a um herói”, afirmou. Ao ser nomeada para o comando, a coronel assumiu o compromisso de cuidar da saúde mental da tropa. “Eu sei do estresse que é a nossa carreira. Eu vivo isso há 30 anos. E tenho obrigação de cuidar do nosso policial”, afiançou.

A PMDF prepara uma reunião sobre a questão ainda nesta terça-feira. “Eu sinto muito a gente não poder evitar o que aconteceu”, lamentou. Segundo a comandante-geral, a Procuradoria-Geral do DF autorizou a contratação de profissionais da Associação Médica Brasileira para atendimento no Centro Médico da Polícia Militar. Além disso, todos os quartéis irão receber centros de capacitação social, capelanias, para cuidar da tropa.

Corporação adoecida

Enquanto duas famílias choram, outros milhares de militares dentro da corporação enfrentam dificuldades em acessar o tratamento de saúde mental adequado. A Polícia Militar do DF (PMDF) conta com apenas um médico psiquiatra para atender aos cerca de 10 mil integrantes da tropa.

Mensagens trocadas entre PMs citam falhas dentro da estrutura da Polícia Militar do DF quando o assunto é a saúde mental do efetivo. Um homem chegou a dizer que Paulo Pereira já teria passado por avaliação médica, mas não houve qualquer ação para retirá-lo do serviço de viatura nas ruas, por onde andava armado.

Atualmente, a PMDF tem o Centro de Assistência Psicológica e Social (Caps), subordinado à Diretoria de Assistência à Saúde (DAS) e ao Departamento de Saúde e Assistência ao Pessoal (DSAP), para dar assistência em saúde mental para policiais militares e beneficiários. Mas, como o Metrópoles já havia mostrado em julho de 2023, o quadro de médicos efetivos dispõe de apenas um psiquiatra.

A matéria também mostrou que a corporação contava com somente 54 médicos efetivos para zelar pelas aproximadamente 72 mil vidas de policiais militares da ativa, da reserva e familiares. Policiais relatam “sucateamento” do Centro de Assistência Social da PMDF, devido aos baixos investimentos em profissionais adequados.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que “possui rede credenciada do sistema de saúde, dispondo atualmente de clínicas de psiquiatria e de psicoterapia para atendimento”. “Além disso, a PMDF, por meio da Capelania Militar e do Centro de Promoção e Qualidade de Vida, conta com assistência psicológica que funciona 24 horas, sete dias na semana, além de promover cursos para a saúde mental do policial militar.”

A corporação acrescentou que, no próximo concurso para médicos, “há previsão de [abertura de] cinco vagas para psiquiatras, sendo três para provimento imediato, e duas para cadastro reserva”.

Adoecimento mental também na Polícia Civil

O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) alertou para o adoecimento mental também na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Segundo o Sinpol-DF, a “desvalorização profissional e os problemas psicológicos permeiam os bastidores das forças de segurança do DF”.

O sindicato destacou um estudo divulgado em outubro de 2023, segundo o qual 74,4% dos policiais civis relataram sintomas de depressão e ansiedade, mas apenas 42,7% buscaram tratamento psicológico ou psiquiátrico.

Aproximadamente 400 policiais civis apresentam atestado médico para afastamento das atividades por doenças mentais todos os anos, segundo dados do Departamento de Gestão de Pessoas (DGP) da PCDF que constam na pesquisa. O número representa 7% do efetivo.

Segundo o Sinpol-DF, o adoecimento está intrinsecamente ligado à desvalorização da categoria, “que enfrentou perdas salariais em relação à inflação ao longo dos últimos anos”. “Além disso, o baixo efetivo da PCDF ainda persiste”, enfatizou.

O presidente do Sinpol-DF, Enoque Venancio de Freitas, disse que os policiais civis têm carga excessiva de trabalho imposta pela falta de profissionais na corporação.

“Os policiais civis, além das horas ordinárias, cumprem carga extra com o Serviço Voluntário Gratificado (SVG), uma medida para reabrir delegacias fechadas devido ao baixo efetivo, mantendo todas as unidades abertas 24 horas”, afirmou.

Caso um profissional da corporação precise de ajuda, a Policlínica da PCDF oferece espaço de descompressão presencial e on-line, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Busque ajuda

Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.

Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.

Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.

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O Núcleo de Saúde Mental (Nusam) do Samu também é responsável por atender a demandas relacionadas a transtornos psicológicos. O Núcleo atua tanto de forma presencial, em ambulância, como a distância, por telefone, na Central de Regulação Médica 192.

Disque 188

A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem, 24 horas por dia, a quem precisa.

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