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Com visitas suspensas, droga na Papuda é vendida a peso de ouro

Entorpecentes consumidos nas celas dos seis presídios do DF chegam a custar 10 vezes mais que nas ruas depois que Sesipe barrou visitantes

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Presos poderão enviar cartas eletrônicas para amigos e familiares
1 de 1 Presos poderão enviar cartas eletrônicas para amigos e familiares - Foto: Rafaela Felliciano/Metrópoles

Inflacionado pelo novo coronavírus, o tráfico de drogas movimentado por detentos no sistema prisional do Distrito Federal se tornou tão escasso quanto perigoso. Com a decisão da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) de suspender visitas e evitar a contaminação intramuros, porções de maconha e cocaína também deixaram de cruzar os portões do Complexo Penitenciário da Papuda. A peso de ouro, os entorpecentes que sobraram são consumidos nas celas dos seis presídios do DF e chegam a custar 10 vez mais do que nas ruas da capital da República.

As cadeias que compõem o sistema registravam, até este sábado (23/05), a marca de 876 contaminados pelo novo coronavírus. Frente à pandemia, a entrada de visitantes foi barrada, impedindo, consequentemente, a chegada ilegal de drogas no sistema carcerário.

A escassez provoca tensão na massa carcerária, principalmente em grupos de usuários. Na contramão do esquema, a Sesipe trava uma guerra de gato e rato com traficantes presidiários que buscam maneiras de alimentar o vício dos internos e faturar alto com a venda de erva e pó, enquanto agentes da Polícia Penal trabalham para barrar a entrada das drogas.

Aparelhadas com 16 scanners de corpo – máquinas que funcionam como uma espécie de raio X corporal – a entrada e saída dos presídios passou a testar a sorte de quem se arrisca levar trouxinhas de maconha ou papelotes de cocaína para dentro das cadeias brasilienses.

Os números registrados pela Sesipe mostram que 144 homens e mulheres foram presos em todo o ano passado tentando cruzar os portões transportando drogas. Neste ano, entre 1º de janeiro de 17 de março, 22 pessoas já foram detidas pelo mesmo motivo.

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Chinelos são cortados meticulosamente para esconder os entorpecentes
Frutas também são usadas para esconder droga
As bananas costumam entrar no sistema com porções de maconha e cocaína
Quando as visitas estavam ocorrendo, dodos os visitantes flagrados pelos agentes eram levados para a delegacia
Os flagrantes ocorriam em dias de visitação, sempre às quartas e quintas-feiras
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Agentes costumam encontrar cocaína inserida em tubos de pasta de dente

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Chinelos são cortados meticulosamente para esconder os entorpecentes

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Frutas também são usadas para esconder droga

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As bananas costumam entrar no sistema com porções de maconha e cocaína

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Quando as visitas estavam ocorrendo, dodos os visitantes flagrados pelos agentes eram levados para a delegacia

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Os flagrantes ocorriam em dias de visitação, sempre às quartas e quintas-feiras

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Enquanto uma pequena porção de maconha pode ser comprada por R$ 5 nas mãos dos traficantes que estão em liberdade, dentro das cadeias, um punhado da erva é comercializado por R$ 50.  O negócio é lucrativo e nunca movimentou tanto dinheiro.

“Em apenas uma ação, apreendemos R$ 25 mil dentro do sistema. Com certeza é dinheiro amealhado com o tráfico de drogas”, afirmou o subsecretário da Sesipe, delegado Adval Cardoso. Em geral, os traficantes contam com a ajuda das chamadas mulas – mulheres recrutadas por pessoas ligadas aos traficantes – para ingressarem no sistema penitenciário com substâncias ilícitas. A contrapartida para aceitar a empreitada criminosa é sedutora: R$ 2 mil em dinheiro vivo.

Preparação criminosa

A todo instante, conforme a segurança dos presídios se intensifica, os criminosos buscam alternativas para burlar as barreiras de segurança. O principal objetivo dos visitantes que entram com drogas nos presídios é driblar os scanners de corpo com audácia e criatividade.

De acordo com o diretor do Presídio do Distrito Federal I (PDF I), delegado Mário Lúcio, as mulheres perceberam que corriam grande risco se tentassem entrar com as drogas escondidas em cavidades do corpo. Para dificultar a visualização no monitor, as mulas passaram a engolir as cápsulas com as drogas 24 horas antes do horário de visita e ingeriam laxante pouco antes de passar pela revista.

O diretor explicou que a droga se acomoda em uma parte do intestino que dificulta a visão das cápsulas, mas não por completo. “É preciso deixar claro que aumentamos muito a nossa capacidade de identificação da droga, mas, mesmo assim, alguma coisa ainda passa. Estamos trabalhando diariamente buscando cada vez mais criar mecanismos de segurança. Com certeza, isso faz os valores dos entorpecentes aumentarem na prisão”, disse.

Antes da suspensão das visitas, em 12 de março, uma mulher foi presa tentando entrar com porções de maconha e cocaína dentro de um prendedor de cabelo, a chamada “xuxinha” (veja vídeo abaixo). Ela foi presa e levada para a 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião), onde foi autuada por tráfico.

 

O promotor da 7ª Promotoria de Entorpecentes Teodoro Corrêa de Carvalho ressaltou que, segundo a Lei de Entorpecentes, mulheres presas por tráfico conseguem prisão domiciliar quando têm filhos de até 12 anos ou se estiverem grávidas. “Os criminosos sabem dessa brecha e recrutam sempre mulheres. Se estiverem grávidas, melhor ainda, pois sabem que elas não ficarão em regime fechado”, disse.

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