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Com vidros desabando, janelas da Torre de TV precisam de intervenção

O monumento passa por revitalização desde 2013, mas as três fachadas de vidro do pavimento não estão incluídas no contrato

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torre de TV em Brasília
1 de 1 torre de TV em Brasília - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

Documentos da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) revelam a precária situação das vidraças e esquadrias do mezanino da Torre de TV, localizada no centro da capital da República. Uma vistoria concluída em 26 de dezembro de 2018 constatou possíveis problemas que estão provocando desabamento dos vidros e apontou a necessidade de intervenção.

O monumento passa por revitalização desde 2013, mas as três fachadas de vidro do pavimento não estão incluídas no contrato.

Em 12 páginas, o arquiteto Carlos Adalberto Estuqui Filho descreve possíveis causas dos desprendimentos dos vitrais. “O desgaste da parte externa dos vidros, do material de fixação interna e de vedação, somados à disposição inclinada dos vidros, provocou o desgaste e o colapso total dos materiais, acarretando o desabamento de algumas peças”, exemplificou.

O técnico também aponta emperramento das guilhotinas devido ao estado de deterioração e enferrujamento das guias e dos trilhos.

A falta de manutenção que afeta monumentos do Distrito Federal também é identificada nas janelas da Torre de TV. “Essa situação no processo de envelhecimento e deterioração das edificações, quando não é interrompido, fatalmente provoca o colapso das estruturas dos elementos construtivos, e, em certos casos, pode provocar até vítimas entre os usuários”, alertou.

Professor da Universidade de Brasília (UnB) aposentado e especialista em patologia de edificações, Dikran Berberian critica a ausência de cuidados com as construções. “Os vidros não deveriam cair. O problema é o mesmo de sempre, da cidade inteira: falta de manutenção”, completou.

Em 2014…
A base da Torre de TV é de concreto. Acima dos pilares há um andar em forma triangular. As três fachadas são constituídas de janelas com esquadrias de ferro e de vidro.

Um dos painéis, de 1,85 m por 2,90 m, da parte norte desprendeu da esquadria onde estava fixado e caiu de uma altura de aproximadamente 10 m. A peça se partiu em vários pedaços no piso da praça. O incidente ocorreu em maio de 2014.

A fiscalização, na época, constatou que os vidros das janelas são de 8 mm transparentes, dos tipos comuns. O que caiu se soltou por conta de uma ventania. “Felizmente, na hora do ocorrido não havia ninguém no local da queda, um lugar de grande movimentação de pedestres”, relatou um memorando da Novacap de 31 de julho de 2018.

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Mesmo com o acontecimento há mais de quatro anos, só em 2018 a Novacap solicitou vistoria a fim de subsidiar processo de reforma ou restauração. Até hoje nenhuma intervenção definitiva foi feita para mitigar os riscos.

O engenheiro e então chefe substituto do Serviço de Execução de Obras, da Novacap, José Jorge Sousa Choairy, e o arquiteto e assessor de diretoria Carlos Alberto Meiço assinam o documento que relata a queda e requer laudo técnico.

Os vidros comuns, normais durante a construção, na década de 1960, não são adequados para o empreendimento, segundo eles, “com o tamanho das janelas e a localização, sem a menor segurança para os usuários do local, não atendendo as normas atuais do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF)”.

Confira registros feitos durante a vistoria da Novacap:

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O laudo conclui que, após a vistoria, ficou constatada a necessidade de intervenção nas janelas da Torre de TV. O especialista apresentou três soluções: substituição total das vidraças e instalação de uma “pele de vidro”, na qual externamente não é possível ver as esquadrias; substituição das peças verticais e horizontais das esquadrias mantendo o montante principal (vertical); ou restauração total das vidraças.

Reforma
Laudos feitos em 2014 e 2015 colocam a Torre de TV na lista de obras em péssimo estado de conservação e que necessitam de manutenção urgente. Um dos documentos, com data de 8 de abril de 2015, alertava a Novacap para a necessidade de obras no monumento turístico da capital federal. Seguido dos relatórios, surgiu um boato de que a Torre de TV poderia cair. A secretaria adjunta de Turismo negou o risco.

O Contrato n° 603/2013, assinado entre a Novacap e a Concrepoxi Engenharia, prevê a realização de serviços de revitalização, recuperação e reforço da Torre de TV pelo valor estimado de R$ 12.094.219,17. Em 25 de maio de 2018, foi assinado o décimo termo aditivo ao acordo, estendendo o prazo de vigência para 12 de março de 2019.

O valor atual estimado da obra é de R$ 15 milhões, dos quais R$ 8 milhões foram pagos, conforme explicou a Novacap. A previsão é que a intervenção, 70% pronta, será concluída em julho de 2019.

Presidente da Novacap, Daclimar Azevedo informa que, na época do incidente da queda dos vidros, uma solução paliativa foi tomada e atualmente a área de risco está isolada. “Não será liberada até a solução desse problema”, reforçou.

Em nota, a companhia disse que não há risco para a população. “A obra da troca da esquadrilha e dos vidros será entregue dentro do prazo da intervenção já em andamento”, acrescentou.

Tombamento
A Torre de TV pode entrar na lista das construções tombadas. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) disse ao Metrópoles que há um pedido em análise no órgão desde o fim de 2016. A solicitação está na etapa em que são levantadas informações.

Como o processo não foi concluído, obras da Torre de TV ainda não precisam passar pelo Iphan. “Portanto, como ainda não se trata de bem tombado, não há interferência do Iphan em nenhuma possível reforma na edificação. Caso ela venha a ser, futuramente, tombada, aí sim caberá ao Iphan analisar possíveis intervenções no local”, explicou.

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