Com um furto de cabos por dia, Neoenergia instala sensores na rede
Em entrevista ao Metrópoles, o presidente afirmou que o crime é a principal causa de falta de energia e fez um balanço do um ano de gestão
atualizado
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Em 2022, entre janeiro e fevereiro, o Distrito Federal registrou 107 ocorrências de furtos de cabos da rede elétrica que alimenta residências e comércios. Com a média de um furto por dia, e um prejuízo que já chega a R$ 319,7 mil, a Neoenergia Brasília começou a instalar sensores nas tampas das redes a fim de coibir o crime.
Em entrevista ao Metrópoles, o presidente da Neoenergia Brasília, Frederico Jacob Candian, fez um balanço do um ano da gestão — que teve início com a privatização da Companhia Energética de Brasília, em 2 de março. Segundo ele, os casos de furtos de cabos aumentaram nos últimos anos e, agora, a distribuidora trabalha para tentar prevenir a ação criminosa.
“A gente importou protetores de rede subterrânea. Instalamos sensores nas tampas das redes subterrâneas que enviam um sinal para a central quando a tampa é aberta por alguém de fora do quadro da Neoenergia”, disse.
O presidente comentou que a distribuidora está investindo em tecnologia para reduzir o número de reclamações de falta de energia após a privatização — que chegaram a aumentar 96% no ano passado. Ele garantiu que o brasiliense vai começar a sentir uma melhora na situação. “Nós temos a convicção do trabalho que está sendo feito e pela frente teremos, a cada dia, uma energia de mais qualidade para o nosso cliente”.
Leia a entrevista completa:
Em novembro do ano passado, as reclamações sobre falta de energia aumentaram em 96% em comparação com o ano anterior. Como pode explicar isso?
A gente teve um período, no último trimestre de 2021, muito chuvoso. Isso gerou um volume de falta de energia no Distrito Federal e, consequentemente, um aumento de reclamações. O que foi e tem sido feito, são ações de manutenção. Podas de árvores foram mais de 50 mil realizadas em 12 meses. Mais que o triplo do que foi realizado no ano anterior. Árvores que ofereciam risco e estavam próximas da rede elétrica. Além de investimentos em tecnologia e atendimento. A média de janeiro e fevereiro [de 2022] de reclamações reduziu 82% da média do último trimestre do ano passado. Em março, em 22 dias, nós tivemos apenas 10 reclamações.
Como que a gente pode explicar o que acontece quando falta energia?
A energia, no Brasil, é conduzida através de redes elétricas e essas redes é o que vemos expostas nossas ruas com fios e postes que estão suscetíveis a intempéries. Vento, descarga atmosférica, uma queda de uma árvore. Nosso papel é chegar ao local e reconstruir a rede que, na maioria das vezes, não se resolve com o apertar de um botão, é uma reconstrução e isso chega a levar um tempo maior. E o investimento em tecnologias e automação da rede reduz esse tempo em situações em que não há rompimento de cabo ou derrubamento de poste — que são situações em que temos que reconstruir a rede, o que demanda mais tempo. Isso ocorre com a rede aérea, mas, nas áreas em que a rede é subterrânea, como é o caso do Plano Piloto, Asa Norte, Asa Sul, Sudoeste, e Águas Claras, o maior fator que afeta o cliente com a falta de energia é o furto de cabos.
Como estão os números de furtos de cabos?
Em 2021 foram cerca de 94% ocorrências a mais do que o registrado em 2020. Só de casos relacionados à Neoenergia, ou seja, que impactaram a iluminação em casas e não a iluminação pública. Em 2022, já foram 107, entre janeiro e fevereiro. Ou seja, é cerca de um furto de cabo por dia. Mas, há um trabalho junto à Secretaria de Segurança Pública e às delegacias intensificando a atuação quanto há esse problema. É importante relatar que, ano passado, foram 81 quilômetros de cabos furtados. E o maior impacto é para o cliente que fica sem energia por horas porque, para repor esses cabos não é rápido. Depende de cada caso, mas chega a ter quatro, cinco, seis horas de falta de energia quando temos que repor esses cabos furtados. A gente tem o volume de cabos reserva, temos a quantidade de equipes especializadas, porém o que demanda mais é a reconstrução, a recolocação desses casos. Ficam várias pessoas atuando nas redes subterrâneas para restabelecer energia. A gente tem confiança no trabalho da polícia, no trabalho da Secretaria de Segurança Pública que já vem também prendendo pessoas que cometem esse crime — que é, praticamente, 100% das causas de falta de energia na região central.
Número de ocorrências de furto de cabos
- 2020 : 229
- 2021 : 444 (aumento de 93,8%)
- 2022 : 107 (Jan/Fev)
Metros de cabos furtados
- 2020 : 27.759 metros
- 2021 : 81.090 metros (aumento de 192%)
- 2022 : 7.940 metros
Prejuízo financeiro
- 2020 : R$ 1.201.993,11
- 2021 : R$ 4.170.577,07
- 2022 : R$ 319.707,42
O que a Neoenergia pode fazer para coibir essa prática?
A gente importou protetores de rede subterrânea. Instalamos sensores nas tampas das redes subterrâneas que enviam um sinal para a central quando a tampa é aberta por alguém de fora do quadro da Neoenergia. Todas são ações preventivas. Além disso, facilitamos o atendimento ao cliente. Abrimos seis novas agências. Já temos o Na Hora, que são sete unidades que possuem atendimento presencial, e, agora, mais seis opções para as pessoas irem e conversarem cara a cara com o atendente. Além do atendimento através de mídias sociais e do site.
A Neoenergia assumiu, há pouco mais de um ano, a gerência da distribuição de energia de Brasília. Quais foram os desafios que encontraram?
A gente chegou em Brasília em março de 2021 e a gente está nessa nova casa, com o novo centro de operação desde setembro do ano passado. Fazendo um balanço desse um ano aqui no Distrito Federal, foi um período de trabalho, aprendizado, conquistas, desafios e investimentos. Foram mais de R$ 230 milhões em investimentos, o que representa, aproximadamente, quatro vezes a média anual antes da chegada da Neoenergia. São investimentos em tecnologia, modernização, infraestrutura da rede elétrica, e inteligência diretamente relacionada à qualidade de energia e atendimento ao cliente. Atuamos também na geração de empregos. Foram mais de 700 empregos gerados no DF. Aumentamos a força de trabalho para realização das manutenções e da operação. A gente tem consciência da expectativa. A necessidade e exigência da população é muito grande e a gente tem compromisso em prestar um serviço de qualidade para a população
Vocês assumiram em meio a pandemia, período em que muita gente passou por dificuldades financeiras. O que foi feito e o que ainda pode ser feito para ajudar essas pessoas que ainda têm essa dificuldade?
Com a nossa chegada no Distrito Federal abrimos novas possibilidades de negociações. Foram realizadas mais de 60 mil negociações com os clientes em débito. Abrimos novas possibilidades de parcelamento das contas de energia que estavam em atraso. Também há o cadastro para tarifa social. Então, clientes que são cadastrados no CadÚnico pelo governo federal têm possibilidade de descontos de até 65% na tarifa de energia. Quando chegamos, eram 13 mil cadastrados. Fizemos um trabalho de recadastramento e chegamos a mais 40 mil. E esse trabalho continua. No nosso site, tem as regras, as possibilidades de cadastro e como isso também pode ser feito para que o cliente possa avaliar os descontos.
E quem não faz parte do CadÚnico?
Tem possibilidade de negociar também. Entre em contato com os nossos canais, a gente tem possibilidade de parcelamento e de negociação. Normalmente, os clientes são avisados do débito em aberto. Nesse um ano, a gente fez mais de 8 milhões de contatos com clientes abrindo os canais de negociação.
Em relação às tarifas, há alguma mudança prevista?
A tarifa é determinada pelo órgão regulador, pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Qualquer mudança que possa ocorrer é determinada pelo órgão regulador ou pelo Ministério de Minas e Energia. Da tarifa de energia, apenas 13,6% da tarifa é direcionado à Neoenergia. Por exemplo, se você paga R$ 100 na sua conta de energia, R$ 13,6 vem para a Neoenergia para fazer esses investimentos e manutenções já citados antes.
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