Com risco de pandemia se agravar, UnB vai debater retorno das aulas presenciais só em 2021
Universidade aponta para aumento de infecções e casos graves de Covid-19. Discussão sobre volta de atividades presenciais ficou para janeiro
atualizado
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Temendo uma piora da pandemia do coronavírus no Distrito Federal e no Brasil, a Universidade de Brasília (UnB) decidiu adiar oficialmente o debate sobre calendário de volta às aulas presenciais para janeiro de 2021. A decisão foi tomada na reunião remota do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), nesta quinta-feira (3/12). A votação teve 49 votos favoráveis ao adiamento e duas abstenções.
A UnB planejava votar o calendário de regresso das aulas presenciais em 19 de novembro. Mas a ameaça de aumento das infecções e de uma segunda onda da pandemia do novo coronavírus levou à suspensão da votação no Cepe. Por outro lado, existe uma possibilidade de melhora do cenário de combate à pandemia a partir do 2º semestre de 2021, o que justificaria a retomada das discussões em janeiro do próximo ano.
Segundo o vice-reitor da UnB e presidente do Cepe, Enrique Huelva, o cenário aponta uma curva ascendente da pandemia. Huelva destacou o debate e a revogação de portaria publicada pelo Ministério da Educação (MEC), que determinava o retorno das aulas presenciais nas instituições federais de ensino superior.
“Nós precisamos ter firmeza, baseada em racionalidade, dados e avaliação interna, sempre pensando na saúde dos membros da nossa comunidade”, destacou. Ao mesmo tempo, o vice-reitor ressaltou a importância do equilíbrio para preservar a continuidade da formação acadêmica dos alunos.
Nesta linha, Huelva defendeu uma progressão gradual e paulatina, em busca da volta às aulas presenciais. A proposta é debater o regresso entre 10 e 16 de janeiro de 2021. A ideia da UnB é preparar medidas administrativas e de biossegurança para o retorno presencial dos alunos, professores e funcionários da instituição.
De acordo com Huelva, caso existam condições de segurança e controle da pandemia, é possível o retorno de algumas disciplinas presenciais ainda no primeiro semestre de 2021. Inicialmente, a avaliação dos regressos pontuais seria em 14 de janeiro.
“A universidade está se preparando para a Etapa 2 (a volta das aulas presenciais), independentemente de quando ela vai acontecer”, afirmou o vice-reitor. Diante de um cenário epidemiológico instável, a UnB estuda adotar calendários por semestre e não por ano letivo.
Preparação e matrículas
Neste sentido, o Cepe solicitou que as faculdades interessadas na volta da presencialidade em determinadas disciplinas preparem estudos para o eventual regresso. Assim, os departamentos estariam preparados, caso a instituição autorize o retorno.
Os alunos farão matrículas para as aulas, inicialmente remotas, entre os dias 4 e 12 de janeiro.
Caso o Cepe decida reabrir turmas presenciais, será lançado um período de inscrição – provavelmente, entre os dias 16 e 18 de janeiro.
Os resultados das inscrições remotas e práticas sai até 24 de janeiro. Ou seja, antes da volta do semestre de forma on-line, em 1º de fevereiro.
Durante a reunião do Cepe, representantes do movimento estudantil destacaram a importância da inclusão da etapa da vacinação, antes do eventual retorno das aulas presenciais.
Cenário da pandemia
Segundo o Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde da Covid-19 (Coes) da UnB e o professor de epidemiologia Wildo Navegantes, a situação da pandemia é de agravamento, inclusive com o aumento dos casos graves. Na avaliação da comunidade acadêmica, a população relaxou nos cuidados de prevenção da doença, a exemplo da volta das aglomerações.
Na análise do especialista, o DF ainda não vive um grande crescimento de casos, como outras unidades da federação, mas a tendência é de alta das infecções, em breve.
Além disso, a rede pública do DF desmobilizou leitos de Covid-19, complicando ainda mais o cenário, do ponto de vista do epidemiologista. E, mesmo com o início de uma eventual vacinação no mundo, os resultados não chegarão de forma imediata ao DF. As campanhas de vacinação vão focar nos grupos de risco e, por isso, a cobertura não atingirá os jovens e toda a população, pondera o professor da universidade.
“Do ponto de vista de nós termos vacinas disponíveis no percentual que nos projeta no 1º semestre do próximo ano, do nosso próximo semestre letivo, para 2021, eu acredito que a cobertura ainda será bem baixa. Então, não deveremos contar com essa cobertura vacinal alta para gerar proteção coletiva, porque não vai ter vacina na magnitude necessária para ofertar tão rapidamente”, alertou Wildo Navegantes.
Além disso, o parque de salas da rede nacional de saúde não tem geladeiras e equipamentos com a capacidade necessária para acomodar, nas temperaturas adequadas, as vacinas em estágio mais avançado. Ou seja, existe uma barreira técnica para a estocagem.
Aulas
Independente do debate sobre as aulas presenciais, a UnB mantém, com classes remotas, o atual semestre letivo, que terminará em 18 de dezembro. O regresso está previsto para 1º de fevereiro de 2021, quando terá início o 2º semestre de 2020, remotamente. O calendário foi atrasado em decorrência da pandemia.
Ainda neste mês, a universidade planeja lançar o edital do Programa de Avaliação Seriada (PAS), etapas 1, 2 e 3, para o 1º semestre de 2021. A ideia é iniciar o processo de inscrição para as provas em janeiro de 2021. Não há datas ainda para a seleção.