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Com risco de AVC e crises, pacientes com anemia falciforme cobram reforma no Hran

O Distrito Federal é a quarta unidade federativa do Brasil com mais mortes pela doença a cada 100 mil habitantes

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Hran
1 de 1 Hran - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A Associação Brasiliense de Pessoas com Doença Falciforme (Abradfal) enviou um ofício ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran) em que solicita melhores condições no Núcleo de Hematologia e Hemoterapia (NHH), que atende pacientes com anemia falciforme. O documento, protocolado em 30 de janeiro, cobra uma reforma no setor.

Entre os problemas apresentados, estão:

  • Falta de espaço para transfusões;
  • Poucas macas;
  • Banheiro sem acessibilidade para cadeirantes;
  • Déficit de técnicos e enfermeiros.

O coordenador-geral da Abradfal, Elvis Silva Magalhães, 55, explica que, mesmo em crise, os pacientes recebem pulseira laranja, classificada como “muito urgente”, e são obrigados a esperar muitas horas por um atendimento no pronto-socorro.

“A promessa é que o Núcleo de Hematologia e Hemoterapia do Hran seria um centro de referência no atendimento da doença falciforme, mas nada foi providenciado. Os pacientes têm prioridade porque sofrem de crises de dor muito forte, risco de AVC, mas não são acolhidos quando chegam ao hospital”, disse.

Em nota, a Secretaria de Saúde do DF afirma que o Hospital Regional da Asa Norte “possui uma agência transfusional, onde são realizadas hemotransfusões e exosanguíneotransfusão”.

Em julho de 2022, Adriana da Silva, 36 anos, morreu enquanto esperava por atendimento de emergência no Hran. A mulher sofria de anemia falciforme e chegou ao hospital com crise de dor aguda.

Segundo o marido de Adriana, William de Jesus Lima, 35, a mulher chegou a desmaiar na cadeira de rodas enquanto estava na fila para atendimento. Após cinco horas de espera, William chegou a acionar a Polícia Militar do DF (PMDF) para que ela pudesse ser avaliada.

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Adriana chegou ao hospital em 10 de julho e morreu três dias depois
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Mulher era técnica de enfermagem

Imagens cedidas ao Metrópoles
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Adriana chegou ao hospital em 10 de julho e morreu três dias depois

Imagens cedidas ao Metrópoles

Com a demora, Adriana ficou com o estado de saúde gravíssimo e precisou ser levada para a unidade de terapia intensiva (UTI). William acionou o Ministério Publico do DF (MPDFT) para que a mulher conseguisse um leito de UTI, mas ela não resistiu.

“Foi uma luta de três dias. Ela estava em uma das crises fortes da falciforme, mas não foi tratada com a urgência que deveria. Quando eu consegui que ela fosse transferida para UTI, ela não resistiu mais. Informaram que ela estava com dengue, mas eles não suspenderam o remédio hidroxiuréia e ela não podia continuar tomando se estivesse com dengue”, diz William.

Adriana era técnica de enfermagem, morava no Valparaíso (GO) e deixou um filho de 7 anos. Ela não é a única a perder a vida pela anemia falciforme no DF. Segundo o Ministério de Saúde, o Distrito Federal é a quarta unidade federativa do Brasil com mais mortes pela doença a cada 100 mil habitantes.

Programa de atenção

Em 2018, o Governo do Distrito Federal (GDF) transferiu o programa de atenção à doença falciforme para o Hran. A expectativa era que o novo Núcleo de Hematologia e Hemoterapia fosse uma referência no atendimento da doença. Após cinco anos, o centro de assistência sofre com inúmeras deficiências, segundo a Abradfal.

“Precisamos mobilizar a política de atenção em Brasília, senão vamos chegar em primeiro lugar de morte por doença falciforme no país. Não vamos ficar calados, porque a situação é atroz e malvada”, disse o coordenador-geral da associação.

Em nota, a Secretaria de Saúde diz que o Hran “conta com médicos hematologistas de plantão 12h/dia”. “O que garante a assistência aos pacientes portadores de anemia falciforme”, completa.

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