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Com reforma da Previdência, aposentadorias concedidas no DF aumentam 30%

Servidores públicos do GDF começaram corrida pela aposentadoria com medo dos impactos da reformulação. Risco de déficit de pessoal cresce

atualizado

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Casal de médicos
1 de 1 Casal de médicos - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Para fugir da reforma da Previdência em discussão no Distrito Federal, servidores públicos apertaram o passo pela aposentadoria. Na comparação entre 1 janeiro e 13 de maio de 2019, com o mesmo período de 2020, houve aumento de 30% no total de novos aposentados.

Segundo o Instituto de Previdência dos Servidores do DF (Iprev-DF), foram concedidas 958 aposentadorias, durante o período analisado em 2019. Este número disparou para 1.253 no mesmo recorte em 2020.

Confira os dados

 

A médica ginecologista e obstetra Lucila Nagata trabalhou mais de 30 anos na rede pública do DF. Entre 2013 e 2018, ocupou a chefia da ginecologia e obstetrícia do Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib). Em 1 abril de 2020, teve a aposentadoria concedida.

Veja o relato da doutora Lucila Nagata:

“Nunca tinha pensado em me aposentar. Eu poderia ter me aposentado muito antes. Mas decidi justamente por conta dessa mudança nas regras da aposentadoria e a dificuldade no serviço público, não pelo trabalho”, assinalou.

“Jogam as pessoas contra a gente. Sofremos pela dificuldade de não ter material e as condições para trabalhar. Tudo isso vai chateando e cansando”, desabafou.

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Doutora Nagata trabalhava na equipe de gestação de alto risco do Hmib
No último dia de trabalho, doutora Nagata recebeu os abraços da equipe do centro cirúrgico do Hmib
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A médica Lucila Nagata nunca pensou em se aposentar, mas devido à reforma da Previdência mudou de ideia

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Doutora Nagata trabalhava na equipe de gestação de alto risco do Hmib

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No último dia de trabalho, doutora Nagata recebeu os abraços da equipe do centro cirúrgico do Hmib

 

O marido da doutora Nagata, o urologista José Carlos de Almeida, também pediu aposentadoria na rede pública do DF. Mas ainda trabalha no Hospital das Forças Armadas (HFA), justamente por contar com material e apoio para seguir trabalhando.

Do ponto de vista do presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico), Gutemberg Fialho, a reforma da Previdência intensificou a corrida pela aposentadoria.

“As pessoas também desistem pelas péssimas condições de trabalho e assédio moral no trabalho”, denunciou. Fialho aguarda a forma final da proposta de reforma, que ainda está em discussão entre o GDF e a Câmara Legislativa (CLDF).

“Estamos esperando a proposta para debater. Também solicitamos informações ao Iprev. Mas não vamos aceitar as alíquotas da primeira versão apresentada pelo GDF. Aquilo não tinha a mínima noção”, criticou o presidente do SindMédico.

Déficit de pessoal

Pela perspectiva do diretor do Sindicato dos Professores d0 DF (Sinpro), Samuel Fernandes, o aumento das aposentadorias agrava o problema da falta de servidores no serviço público, especialmente no caso dos déficit de docentes em sala de aula.

“Temos visto o aumento das aposentadorias sem substituição. Temos 1,4 mil aprovados pelo concurso de 2016. Neste ano 821 seriam nomeados, mas aí veio o coronavírus e a posse foi suspensa. Enquanto isso, temos 10 mil professores temporários”, pontuou.

Reforma imposta

O GDF é obrigado a fazer reforma da Previdência por determinação do governo federal. O Palácio do Planalto reformulou as regras para aposentadorias e pensões dos servidores federais em 2019.

Total de pensionistas:

GDF apresenta a seguinte distribuição mensal de gastos (dados em R$):

 

Segundo o professor da Universidade de Brasília (UnB) Marilson Dantas, especializado em administração pública, a reforma é necessária para equilibrar os gastos previdenciários, especialmente na conjuntura atual de crise gerada pela Covid-19.

“Ajustes são necessários. Porque o desafio econômico será gigantesco”, alertou. Por outro lado, a reforma não apresenta contrapartida para a permanência de servidores, principalmente no caso de quadros qualificados e com conhecimento da cultural organizacional do GDF.

“O desafio do GDF é ter um sistema de governança perene. Precisa de um processo acompanhamento, que permita identificar de maneira clara, justa e impessoal os profissionais que têm interesse de reter. Estes servidores poderiam ser convidados a receber algum tipo de incentivo para ficar”, sugeriu.

O GDF tentou colocar em marcha a reforma no DF sem passar pela CLDF. Mas a ação foi suspensa pelo Tribunal de Contas do DF (TCDF) e pela Justiça local.

Outro lado

Segundo o secretário de Relações Parlamentares, Bispo Renato, conforme negociado, o GDF aguarda a sugestão da oposição para dar andamento à reforma local.

Antes da crise do novo do coronavírus, as contas previdenciárias do DF buscavam o equilíbrio. Para o secretário, os impactos econômicos aumentaram a necessidade de ações para garantir o pagamento de aposentadorias no futuro.

O Metrópoles perguntou ao Palácio do Buriti se o governo estuda medidas de contrapartida e compensação para os servidores após a reforma e quais ações seriam feitas para repor os servidores aposentados. Estas perguntas não tiveram respostas – o espaço segue aberto a manifestações.

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