Com queda de 70% na arrecadação, creches fecham e pais recorrem a babás
Para conseguir trabalhar, responsáveis têm procurado professores para dar aula em casa ou apelado para as chamadas “mães crecheiras”
atualizado
Compartilhar notícia
Com as portas fechadas desde março deste ano devido às ações de combate ao novo coronavírus, as escolas de educação infantil do Distrito Federal estão à beira da falência. As creches e escolinhas que atendem crianças de 6 meses a 5 anos perderam 70% do seu faturamento e tiveram evasão de 30%, segundo dados do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe).
Atualmente, o Distrito Federal tem 570 escolas privadas, sendo que 400 são micro e pequenas empresas e estão classificadas entre educação infantil ou estabelecimentos de ensino fundamental. A faixa etária desta fase não se adaptou ao principal método encontrado pelas instituições no período da pandemia: as aulas virtuais.
Como manter o pagamento de mensalidades de bebês de 6 meses ou crianças de 2 anos apenas com aulas virtuais? A maioria dos pais optou por romper o contrato e manter os pequenos em casa durante a quarentena.
Retorno das atividades
A opção funcionou bem no início da pandemia de Covid-19, quando o isolamento no DF ainda chegava a 60%. Mas, com o retorno de várias atividades comerciais e do serviço público, os pais se viram em um dilema: com quem deixar os filhos para trabalhar? como eles serão educados? como garantir o aprendizado? Muitos têm recorrido a babás ou as chamadas “mães crecheiras”.
Boa parte dos avós, no grupo de risco do coronavírus, não pode ficar com as crianças. Segundo especialistas, os pequenos podem ter a doença, estar assintomáticos e transmitir o vírus para os idosos, o que pode ser fatal. “As escolas estão sofrendo e a evasão só cresce. Se esse isso perdurar, acredito que até setembro 100 instituições de ensino infantil fechem as portas. Pode ser irreversível”, ressaltou o presidente do Sinepe, Álvaro Domingues.
Aula em casa
Segundo o presidente do Sinepe, as regiões mais prejudicadas com a inadimplência e evasão das creches e escolinhas são Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. “As pessoas precisam trabalhar. O que elas estão fazendo? Contratam uma pessoa, ex-estagiária, professora que perdeu emprego, aposentados, se juntam, fazem uma espécie de cota e pagam por mês para ficar com cinco ou seis crianças em uma sala, uma garagem”, disse Domingues.
Para ele, este é mais um fenômeno que inviabiliza o retorno das instituições. “Estão surgindo na ilegalidade. É a ausência do governo, o judiciário complicando, aí a sociedade define o próprio jeito de lidar com as situações e suas necessidades”, completa.
Professora
No caso do bombeiro militar Leandro de Castro Oliveira, 32 anos, a opção foi tirar dois dos três filhos da escola. Com 4,6 e 8 anos, somente o mais velho foi mantido no ensino virtual. “Os outros dois não estavam aprendendo. Além disso, a escola não quis reduzir a mensalidade. Eles são muito pequenos, não se adaptaram ao novo método”, afirmou.
Leandro, então, optou por contratar uma professora particular para os dois menores. Ela dá aula para as crianças, principalmente para o que está sendo alfabetizado, de 6 anos.
Veja a avaliação do pai:
Escolas
O Ministério da Educação autorizou a contabilização das aulas virtuais como horas-aula. O GDF definiu que as escolas públicas retornam o ensino pelo computador ou por teleaulas em 29 de junho. Porém, o retorno das privadas ficou em aberto. Cada uma pode tomar a decisão que preferir.