Com oito infectados, bombeiros temem disseminação da Covid-19 em curso de formação
Cada uma das 10 turmas do curso tem 30 alunos. Na última semana, oito da mesma sala foram contaminados pelo novo coronavírus
atualizado
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Os alunos do Curso de Formação de Praças (CFP), promovido pelo Centro de Formação de Praças (Cefab) do Corpo de Bombeiros do DF (CBMDF), estão com medo de contaminação em massa pela Covid-19. O curso com 312 matriculados começou em 21 de dezembro de 2020 e está dividido em turmas presenciais de 30 alunos cada. Segundo relatos recebidos pelo Metrópoles, somente em uma das classes, 15 pessoas foram contaminadas, ou seja metade dela.
“Não vai demorar para todos pegarem. Pais, mães, filhos e avós estão com a doença devido ao curso de formação presencial. Estamos com medo de denunciar e perder os empregos. Além disso, eles escodem o número de infectados. Há subnotificação e pressão para não denunciarmos”, afirmou um dos alunos em formação.
Segundo ele, espaços comuns, como alojamentos, vestiários e banheiros, são compartilhados, o que tem aumentado o temor dos bombeiros em formação. “Não temos o que fazer. Nosso medo é com a doença e o que ela pode provocar. Mesmo com fortes sintomas, bombeiros só são liberados para ficar em casa após o teste de PCR”, informou outro aluno matriculado no curso de formação de praças.
Contaminações e dispensa
Embora a denúncia de uma das 10 turmas seja de 15 infectados simultâneos, o Corpo de Bombeiros respondeu ao Metrópoles e confirmou oito infectados com a Covid-19, recentemente. Segundo a corporação, esse grupo contaminado “promove regime de transporte compartilhado – carona”, informou, em nota, os bombeiros.
O CBMDF acrescentou que adota protocolos para que não haja disseminação da doença. “Os militares infectados estão com dispensa médica, em suas casas, e sendo acompanhados tanto por equipe médica quanto pela coordenação do curso”, detalhou.
Além disso, os outros militares que tiveram contato com os infectados foram submetidos a testes para verificar possível contaminação. Assim, o Cefap ressaltou aguardar o resultado desses testes para, assim, tomar novas decisões com base em dados concretos.
“O Cefap utiliza todos os protocolos para minimizar a contaminação pela Covid-19, mesmo considerando ser possível o contato com o vírus em cursos presenciais. Cabe salientar que os militares pernoitam fora do Cefap e permanecem fora dele por todo o fim de semana, não sendo possível controlar contaminação externa”, detalhou, em nota, o Centro de Formação de Praças.
Ainda sem a informação se as pessoas que tiveram contato com os colegas infectados testaram positivo, os bombeiros informaram que, dos oito confirmados por eles, cinco retornam às aulas em 5 de fevereiro, ou seja, nesta sexta-feira.
Vídeo de abusos
Em 28 de janeiro, um vídeo gravado no mesmo curso de formação de praças do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), com a denúncia de infecções da Covid-19, causou polêmica nas redes sociais. As imagens mostram os alunos enfileirados, em posição de sentido e rolando em uma vala com lama. Enquanto a turma executa os movimentos, em obediência ao instrutor, outros militares fazem piada da situação.
Em nota, a corporação informou que apura o caso, mas ressaltou que “a passagem da vida civil para a vida militar, fatalmente, gera uma quebra de paradigma muito forte”.
A gravação tem 49 segundos. Um dos responsáveis pelo treinamento chega a questionar um dos alunos: “E aí, continua divertido?”. “Tá vendo, guarnição, a gente se diverte com vocês também, senhores”, diz outro bombeiro.
Em nota, o CBMDF confirmou que as imagens são de alguns alunos do Curso de Formação de Praças (CFP), Turma 17, durante a instrução inicial de “adaptação à atividade de salvamento em ambiente adverso”.