Com gasolina a R$ 6,70, brasilienses fazem corrida por instalação de GNV
Consumo de gás natural aumentou 36% em seis meses, apesar de problemas de logística
atualizado
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Com os sucessivos aumentos no preço da gasolina no Distrito Federal, rodar com gás natural veicular (GNV) passou a ser uma opção cada vez mais atraente para o brasiliense. Donos de oficinas que fazem a instalação do equipamento afirmam perceber um incremento expressivo na demanda nos últimos meses.
A capital do país tem três oficinas autorizadas pelo Inmetro a instalar o kit gás, uma delas é de Carlos Alexandre Pereira e fica em Águas Claras. Segundo o empresário, nos últimos meses, ele tem convertido uma média de três carros por dia para rodar com GNV. “Tendo material, fazemos uma média de três a quatro carros por dia. Ano passado, demorava um mês para fazer um”, lembra Carlos.
“O gás hoje é mais procurado pelo consumidor. Um carro que faz 10 km por litro com gasolina, vai fazer de 10 a 15 km por m³ com GNV. Você ganha na autonomia e no preço”, explica o dono de oficina. Com os postos do DF vendendo o litro de gasolina acima de R$ 6,70, o valor é o principal atrativo para os motoristas migrarem.
O aumento do consumo de GNV acontece à revelia dos problemas de logística. O DF não conta com gasodutos para trazer o produto de forma barata à capital, que vem em caminhões de outros estados, o que encarece o preço, segundo a Associação Brasileira de Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
Além disso, um único posto, que fica na Candangolândia, fornece o combustível aos motoristas. Ainda assim, o consumo do gás em Brasília cresceu 36% nos últimos seis meses. Em janeiro de 2021, a média no DF foi de 4,3 mil m³ por dia, em junho, subiu para 6,7 mil m³ por dia, segundo dados da Abegás.
De acordo com o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran), há, no DF, 2.890 carros rodando com GNV. Um deles é o Sentra do motorista de aplicativo Alexandre Mello, 43 anos. O morador de Taguatinga instalou o kit gás em maio e está seguro de que fez uma excelente escolha.
“Não dava pra rodar com a gasolina neste preço. Meu tio e meu primo já tinham colocado [o kit gás] e eles estavam gastando R$ 0,20 por quilômetro, eu gastava quase R$ 1. Para mim ficou inviável continuar na gasolina”, explica Alexandre.
No cotidiano como motorista de aplicativo, Alexandre sai de casa, em Taguatinga, e abastece com GNV na Candangolândia, roda durante toda a manhã e volta ao único posto de GNV no DF pela tarde, para, então, retornar ao serviço no fim do expediente do serviço público.
“Recomendo às pessoas que façam a transição, mas também peço às autoridades que escalem mais postos [de GNV] em Brasília. Só tem um e há duas semanas ele ficou quebrado, dava fila de oito horas para abastecer”, conta o trabalhador. Apesar dos problemas, Alexandre reafirma a praticidade do gás natural veicular.
“Se estou rodando com gás e quero trocar para álcool, que é o que roda meu carro, só preciso apertar um botão no meu painel. Ele faz a troca automática e você nem percebe enquanto dirige”, explica. Em maio, Alexandre desembolsou R$ 2,6 mil para instalar o kit gás. Atualmente os preços giram em torno de R$ 3,8 mil.