Com desenho de suástica, aluno ameaça fazer massacre em escola do DF
Recado estava em quadro branco de um colégio público. Outras quatro ameaças foram registradas após ataque em Suzano e são investigadas
atualizado
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Dois dias depois do atentado em Suzano (SP), no qual cinco estudantes, duas funcionárias da Escola Estadual Professor Raul Brasil e um comerciante foram mortos por dois atiradores, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) passou a investigar cinco ameaças a colégios públicos do DF. Os casos, contudo, seguem em segredo de Justiça por envolver nomes de adolescentes.
Uma das ameaças mais preocupantes foi a aparição do desenho de uma suástica no quadro de uma sala de aula. Abaixo do símbolo nazista, a frase “massacre em 20/3” (foto em destaque). Para não atrapalhar as apurações, o nome da escola não divulgado pelos investigadores da PCDF.
A área de inteligência da Segurança Pública também passou a monitorar as redes sociais, em especial Facebook, Twitter e Instagram, por causa de publicações que incitam violência ou veneram a atitude dos autores da chacina na escola de Suzano. Especialistas em crimes virtuais acompanham e pedem autorização judicial para tomar medidas preventivas.
Ao Metrópoles, o secretário de Educação, Rafael Parente, confirmou a informação dos cinco registros, mas disse que não pode detalhar os casos por envolver estudantes da rede pública. “De ontem [quinta] para hoje [sexta], fomos realmente informados sobre cinco ameaças. Por isso, decidimos aumentar a segurança no prédio [da secretaria] e nas escolas, com mais vigilantes e maior presença da PM”, afirmou.
Invasão na Secretaria de Educação
Os casos vieram à tona no mesmo dia em que um professor de violino da Escola de Música de Brasília (EMB) invadiu a sede da Secretaria de Educação, no Setor Bancário Norte. Ele estava armado com uma faca e uma besta (espécie de arco e flecha), mesmo equipamento utilizado pelos atiradores do massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP). O alvo, segundo a Polícia Militar, seria o próprio secretário, que tuitou sobre o caso.
Mensagem a todos que estão preocupados comigo: estou bem. Mexido, mas estou bem. Sou muito abençoado por Deus e grato a ele, sempre. Estou preocupado com o Professor e com a família dele. Estamos fazendo e faremos todo o possível para que recebam todos os tratamentos necessários.
— Rafael Parente (@Rafael_Parente) 15 de março de 2019
Após ser preso e levado para a 5ª Delegacia de Polícia (área central), o professor foi encaminhado ao Hospital de Base em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Na maca, gritou: “Me trouxeram para cá como um cachorro“.
O major da Polícia Militar Cláudio Peres informou que o alvo do professor seria o secretário de Educação, Rafael Parente. “Ele dizia que queria encontrá-lo para denunciar a forma como os professores são tratados. Reclamou de maus-tratos cometidos contra eles”, disse o policial.
De acordo com o major, o homem foi apreendido com uma faca rara da marca Imbel. Aos policiais, o professor disse que os docentes estariam passando fome com o fechamento das cantinas nas escolas. Ele ressaltou também que a arma não seria para atingir o secretário, “mas para tirar a própria vida”.
Sem dificuldades, o homem subiu até o 12º andar do prédio, localizado no Bloco C da Quadra 2 do Setor Bancário Norte. No pavimento, funciona o gabinete do secretário Rafael Parente. O chefe da pasta não estava no momento, pois tinha ido ao Palácio do Buriti para se reunir com o vice-governador do DF, Paco Britto.
Funcionários que trabalham na Sede 1 perceberam o cabo da besta para fora da mochila e acionaram a Polícia Militar. Segundo fontes da Secretaria de Educação, o homem tem histórico de distúrbio psiquiátrico, estava de licença médica e em tratamento.
O professor foi rendido por dois policiais militares e levado para a 5ª DP. Ele ofereceu resistência durante a ação e ficará internado no Hospital Base. O docente responderá por porte de arma branca. Ele não estava em condições de prestar depoimento nem de assinar o termo circunstanciado nesta sexta (15).
Nota oficial da ASCOM pic.twitter.com/BOWLCEdGPA
— Rafael Parente (@Rafael_Parente) 15 de março de 2019
Em meio a invasão e ameaças, o GDF estuda medidas para garantir mais segurança a alunos e servidores nos colégios públicos. Entre elas, a expansão do número de câmeras de monitoramento, botão do pânico para acionar a polícia em caso de situações de perigo, aulas de meditação e mediação de conflitos, catracas que exigem identidade estudantil para entrar nas escolas e até nota de comportamento compondo a média final dos alunos, com o objetivo de estimular a disciplina dentro dos colégios.
Confira imagens da tragédia em Suzano (SP):