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DF: com até 6 anos de espera, 4,6 mil crianças aguardam por cirurgias

A Defensoria Pública ingressou com uma Ação Civil Pública (ACP) contra a Secretaria de Saúde cobrando a solução para a fila para tratamento

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1 de 1 Menino brincando - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano / Metrópoles

O pequeno Pedro*, de 4 anos, aguarda há três anos e meio por uma operação no testículo na rede pública do Distrito Federal. Caso não consiga realizar o procedimento, o menino corre o risco de não conseguir ter filhos quando for adulto.  Segundo a Defensoria Pública, o garoto é uma das 4.681 crianças que aguardam a angustiante espera por cirurgias pediátricas. O tempo médio de espera das famílias varia entre dois e seis anos.

A lentidão da fila faz a mãe de Pedro ficar com o coração apertado. “O que mais me dói é o risco do meu filho não poder ser pai no futuro”, desabafou. A pedido da família, a reportagem vai preservar os nomes dos citados.

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Pedro (*) tem 4 anos e meio de vida. Espera por uma cirurgia há três anos e    meio. Sem o procedimento, corre o risco de não poder ser pai
Médicos destacaram o risco do menino não poder ter filhos, se não passar pelo procedimento
Segundo a família, o menino deveria ter passado pelo procedimento quando tinha 2 anos
De acordo com a mãe do garoto, a falta de anestesistas seria um do fatores para a demanda reprimida de cirurgias
A Defensoria Pública entrou com a ACP contra a Secretaria de Saúde cobrando o fim da fila de espera
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Com até 6 anos de espera, 4,6 mil crianças esperam por cirurgias pediátricas no Distrito Federal

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Pedro (*) tem 4 anos e meio de vida. Espera por uma cirurgia há três anos e meio. Sem o procedimento, corre o risco de não poder ser pai

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Médicos destacaram o risco do menino não poder ter filhos, se não passar pelo procedimento

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Segundo a família, o menino deveria ter passado pelo procedimento quando tinha 2 anos

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De acordo com a mãe do garoto, a falta de anestesistas seria um do fatores para a demanda reprimida de cirurgias

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A Defensoria Pública entrou com a ACP contra a Secretaria de Saúde cobrando o fim da fila de espera

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Pedro nasceu sem um testículo e o segundo não desceu. Quando ele completou 1 ano, os médicos recomendaram a cirurgia. A família chegou a ser chamada ao Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), mas o procedimento foi adiado. O motivo alegado foi um surto de bactérias na unidade.

Um médico informou que o prazo recomendado para o procedimento, tecnicamente chamado de orquidopexia unilateral, foi ultrapassado. O limite seria até os dois anos pela idade de Pedro. Conforme o diagnóstico médico, Pedro recebeu classificação vermelha em abril de 2022. “Mas recebemos a informação que existem aproximadamente 800 crianças à espera da mesma cirurgia”, desabafou a mãe.

Falta de anestesistas

Segundo a Defensoria, a rede pública enfrenta a demanda reprimida de 3.590 consultas para cirurgia pediátrica geral e 1.091 solicitações de procedimentos para crianças. Nos casos com classificação vermelha, a solicitação de consulta mais antiga é de 10 de fevereiro de 2022 e, para cirurgia, data de 15 de junho de 2021.

Um paciente com classificação amarela pode ter de esperar quase dois anos pela primeira consulta e, depois, mais dois anos pela cirurgia. Ou seja, o tempo de espera é de quatro 4 anos. Um paciente na prioridade azul pode esperar até quase 6 anos pelo tratamento.

Na rede pública, crianças precisam prioritariamente de cirurgias oncológicas, urológicas e pediátricas. De acordo com a Defensoria, mesmo com agendamento, os pequenos não estão sendo atendidos. Entre janeiro e fevereiro de 2022, somente 8% dos procedimentos cirúrgicos gerais agendados para as crianças foram realizados.

“A legislação assegura absoluta prioridade às crianças e isso não ocorre à toa. Todo prejuízo por elas sofrido repercute de forma muito mais grave e intensa. A espera infindável por tratamentos cirúrgicos impõe dor e sofrimento psicológico, mas também impede o adequado desenvolvimento físico. Temos crianças que, em razão dessa espera, já carregarão consigo sequelas pelo resto da vida. Isso afetará sua vida adulta e sobrecarregará futuramente o sistema de saúde”, assinalou o defensor Ramiro Sant’Ana.

Para a Defensoria, a rede pública não está prestando adequadamente os serviços. Por isso, a instituição ingressou com uma Ação Civil Pública (ACP) cobrando a solução do problema e atendimento célere.

Mutirões

Segundo o 1º Secretário do Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF), Farid Buitrago Sánchez, a fila é consequência de uma série de fatores, a exemplo da falta de profissionais e de disponibilidade de centros cirúrgicos para os procedimentos.

“A demora no tratamento pode prejudicar alguns pacientes, dependendo da patologia. Tem patologias com risco de vida, portanto, devem ser priorizadas, oferecendo a cirurgia o mais rápido possível”, resumiu.

O CRM destacou a importância da montagem de equipes completas para as cirurgias, incluindo cirurgiões, anestesistas e profissionais de enfermagem. Mas a solução definitiva depende da contratação de profissionais e ampliação dos centros cirúrgicos.

Outro lado

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria Saúde. Segundo a pasta, a pandemia do novo coronavírus impactou muito no dia a dia das cirurgias dentro da rede de saúde do DF. Os hospitais precisaram suspender as cirurgias eletivas, a partir de 2020. Por isso, as filas aumentaram.

Segundo a pasta, até sexta-feira (23/7), no caso da cirurgia pediátrica, havia 869 pacientes aguardando atendimento (93 prioridade vermelha; 455 prioridade amarela; 266 prioridade verde; e 55 prioridade azul).

Para acabar com a fila, a pasta promete mutirões cirúrgicos. Além disso, está com edital na praça para realizar as cirurgias por meio de contratos diretos com a rede privada. Neste caso, serão 3.233 procedimentos.

Oficialmente, a média de atendimento é de 200 consultas com cirurgiões pediátricos por mês. “Sobre o paciente citado, a Secretaria de Saúde informa que ele foi inserido no sistema de regulação em maio deste ano com prioridade vermelha”, declarou a pasta, sem mencionar quando ele deverá ser atendido.

“Consultas e cirurgias são autorizadas pelo Sistema de Regulação, que funciona 24 horas por dia e sete dias por semana, seguindo critérios específicos que variam de forma individual para cada paciente”, justificou a pasta.

(*) Nome fictício a pedido da família.

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