Com anestesistas afastados no Hmib, idosa com câncer fica sem cirurgia
Maria Alves de Oliveira, de 73 anos, está com câncer de mama e precisa fazer uma mastectomia. Ela aguarda a cirurgia há dois meses
atualizado
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A família de uma idosa, de 73 anos, denuncia que a aposentada aguarda há dois meses por uma mastectomia na rede pública de saúde do Distrito Federal e não consegue realizar o procedimento pela falta de médicos no Hospital Materno Infantil (Hmib), para o qual foi encaminhada. Segundo a professora Jéssica Alves da Silva, 26, sua avó, Maria Alves de Oliveira (foto em destaque), está com câncer de mama e tem urgência em ser operada, mas faltam anestesistas na unidade – uma vez que cinco deles estão afastados.
Maria Alves, moradora do Riacho Fundo II, recebeu o diagnóstico do câncer em julho do ano passado, em um posto de saúde, após realizar o autoexame e suspeitar de nódulos nas mamas. De acordo com Jéssica, a mastectomia será feita em apenas uma mama da paciente, uma vez que na outra o nódulo é benigno e a cirurgia não é necessária.
A idosa chegou a fazer um empréstimo no banco para realizar exames como biópsia, radiografia e ecografia na rede privada. Porém, com a demora da cirurgia, que está marcada desde novembro, a família teme que a paciente tenha que refazê-los.
“O médico disse que os exames estão perdendo a validade, e para fazê-los foi um sufoco. Estamos preocupados, porque além disso, o câncer está crescendo e há outras quatro pacientes na frente dela ainda”, desabafa a neta.
Segundo Jéssica, profissionais do hospital informaram a família que havia anestesistas afastados no Hmib desde dezembro, com atestado médico. “O cirurgião garantiu que está tudo pronto para realizar o procedimento, depende só do retorno dos anestesistas”, diz.
Ainda conforme a neta de Maria, a família chegou a registrar uma reclamação na ouvidoria da Secretaria de Saúde no final de dezembro, mas ainda não teve retorno. “É muito preocupante precisar dos hospitais públicos e ver a sua avó sofrendo com isso”, lamenta a familiar.
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O que diz a Secretaria de Saúde
Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde do DF declarou que “no momento, 17 anestesistas atuam no Hmib”. “Em função do aumento da demanda, a SES/DF deslocou recentemente 2 profissionais da especialidade para a unidade de saúde. Atualmente, 5 anestesistas estão afastados das atividades. A Secretaria de Saúde esclarece, ainda, que não fornece informações sobre o motivo de afastamentos de servidores”, disse, em nota.
De acordo com a pasta, Maria Alves de Oliveira “foi reinserida na lista de espera da cirurgia para o Hospital Regional de Sobradinho (HRS) e é atualmente a segunda na lista de espera para a realização do procedimento no hospital”.
Falta de anestesistas atrasa cirurgias eletivas no DF
A falta de insumos não é o único problema que resulta no impedimento de cirurgias eletivas na rede pública da capital federal. A carência de médicos anestesistas é também responsável pela grande fila de espera para os procedimentos – aqueles considerados não emergenciais e de urgência – no Distrito Federal.
Atualmente, a demanda reprimida é de pacientes os quais procuram tratamentos definitivos nas áreas de otorrinolaringologia, oftalmologia ou cirurgias gerais, por exemplo.
De acordo com informações obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), há um déficit de pelo menos 86 especialistas da área dentro dos quadros da Secretaria de Saúde, o que inviabiliza a realização de grande parte dos procedimentos aguardados.
Desde 2019, há pelo menos 31.444 pacientes aguardando algum tipo de intervenção eletiva por médicos de todas as unidades públicas do Distrito Federal. O número pode ser ainda maior porque regionais como Samambaia, Paranoá, Santa Maria e Sobradinho não forneceram as informações completas, divididas por especialidade clínica procurada.