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Com a pandemia, registros de pessoas desaparecidas no DF caem 25% em 2020

Apesar disso, a capital tem 1.190 desaparecidos neste ano. Dado reflete a quantidade de famílias angustiadas em busca de parentes

atualizado

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Arte/Metrópoles
Arte desaparecidos
1 de 1 Arte desaparecidos - Foto: Arte/Metrópoles

Com o isolamento domiciliar provocado pela pandemia do novo coronavírus, o Distrito Federal registrou uma queda de 25% nos casos de pessoas desaparecidas nos primeiros sete meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2019. Apesar disso, os números ainda permanecem altos e refletem a quantidade de histórias de famílias angustiadas em busca de seus parentes.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), foram registradas 1.587 pessoas desaparecidas entre janeiro e julho de 2019 no DF. No mesmo período deste ano, foram 1.190 casos, ou seja, 397 notificações a menos.

No entanto, os números ainda permanecem elevados, uma vez que significam que as delegacias do DF registraram uma média de cinco pessoas desaparecidas por dia. Entre janeiro e julho de 2020, portanto, a cada cinco horas uma pessoa foi dada como desaparecida no DF.

Reflexo da pandemia

Conforme avalia o delegado Leandro Ritt, da Delegacia de Repressão a Sequestros (DRS), a queda no número de desaparecidos em 2020 no DF está fortemente relacionada ao isolamento domiciliar ocorrido em tempos de Covid-19. “Isso é total reflexo da pandemia, pois as pessoas saíram menos de casa”, diz.

“Temos alguns problemas que levam ao desaparecimento de uma pessoa: problemas familiares, abuso de álcool e drogas, além de problemas mentais”, pontua.

Segundo Ritt, uma vez que em 2020 a população da capital passou mais tempo dentro de casa, tais situações se tornaram menos frequentes. “As pessoas estão convivendo mais com os familiares e percebem problemas que não viam antes, ficando alerta com mais coisas que poderiam levar a um problema em outra ocasião”, afirma.

“Há casos em que a pessoa sai para a balada, faz uso de álcool e drogas e depois some por alguns dias. E como muitas coisas estavam restritas durante esses meses, as pessoas ficaram mais contidas em casa e essa linha de problema não se desencadeou como antes”, exemplifica o delegado.

Arte desaparecidos

 

Um mês sem respostas

Um entre as centenas de desaparecidos no Distrito Federal em 2020 é José Rodrigues. Há mais de um mês, o sumiço do comerciante de 63 anos tem trazido angústia para a família que segue sem respostas sobre o paradeiro do morador de Sobradinho.

José foi visto pela última vez em 26 de julho. Ele deixou a residência onde mora, no Condomínio Rio Negro, por volta das 17h daquele dia para caminhar, seguindo o costume que tinha de sair de casa para passear a pé pela região durante a tarde.

“Quando ele ficava sem nada para fazer em casa, saía para conversar, ir na padaria, mas não passava mais de uma hora e meia fora”, conta a filha Elizabete Rodrigues.

Quando chegou a noite e José não retornou, parentes e conhecidos começaram a se preocupar. “O pessoal o chama de tio da pamonha. Sobradinho todo conhece ele”, diz. “Nesse dia, ele saiu sem documento e sem celular. É estranho, porque ele nunca saía sem documento”, completa.

José é casado há 32 anos e tem quatro filhos. Com mais de 30 dias após o sumiço do comerciante, a família corre contra o tempo para obter quaisquer informações que possam levar à localização dele.

“Pessoas já nos ligaram dizendo que ele foi visto em alguns lugares, mas quando nós vamos ao local, geralmente é alguém muito parecido e não descobrimos nada diferente.”

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O homem foi preso pela 35ª DP
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O comerciante José Rodrigues, 63 anos, está desaparecido há mais de um mês

Arquivo pessoal
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O homem foi preso pela 35ª DP

Google Street View/Reprodução

José usava calça social preta, camisa social branca de manga curta com risca de giz e uma sandália quando foi visto pela última vez. Embora a situação seja dramática, a filha ressalta que os familiares não irão desistir de encontrá-lo.

“Nós mantemos viva a esperança de achar meu pai. As buscas não pararam, ainda divulgamos cartazes, divulgamos nas redes sociais, deixamos panfletos em paradas de ônibus. Está difícil, mas seguimos acreditando que não aconteceu nada de pior com ele”, enfatiza Elizabete.

O motivo do desaparecimento segue sendo um mistério. O caso é investigado pela equipe da 35° Delegacia de Polícia (Sobradinho II). Caso alguém tenha informação sobre José Rodrigues, os parentes pedem que entrem em contato pelos telefones(61) 98139-7468 / (61) 98275-4021 / (61) 98257-5540.

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