Com 440 mortes em 2024, DF pode ter nova explosão de casos de dengue?
Em 2024, o DF registrou mais de 283 mil casos prováveis de dengue e mais de 400 mortes pela doença. Especialistas analisam cenário para 2025
atualizado
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Ao longo deste ano, o Distrito Federal enfrentou uma forte explosão dos casos de dengue. A doença infectou ao menos 283.841 pessoas e levou mais de 400 à morte — sendo o total de óbitos 815,40% maior que o notificado em 2023. Para o ano que vem, especialistas alertam para prevenção e vacinação. Já a Secretaria de Saúde (SES-DF) foca em reforçar o combate ao mosquito vetor da doença e espera um ano menos catastrófico.
Em 25 de janeiro, foi declarada situação de emergência no âmbito da saúde pública no Distrito Federal, em razão do risco de epidemia de dengue e outras arboviroses. O boletim epidemiológico mais recente mostra que a incidência da dengue nos moradores da capital federal manteve-se alta de janeiro até o meio de abril. Depois, começou a cair.
O infectologista Dalcy Albuquerque Filho, especialista em medicina tropical, explica que, o ano de 2023, por ter sido quente, favoreceu a reprodução do mosquito transmissor da dengue. “É uma doença endêmica, ou seja, nunca deixamos de ter, mesmo durante as épocas mais secas. Mas, este ano, foram números muito acima de casos. Mesmo com uma seca prolongada, durante o período chuvoso, choveu bastante, o que favoreceu a reprodução dos mosquitos e do vírus”.
Ele acredita que, em 2025, os casos devem diminuir, porém, não acredita que cheguem aos patamares de antes. “O sorotipo circulante não deve mudar e, por isso, quem já teve dengue, não deve pegar de novo. Mas, mesmo assim, o número não deve baixar muito”.
Dalcy ressalta que o número de vidas perdidas por causa da doença em 2024 chamam a atenção tanto quanto o número de casos. As mortes atingiram mais idosos acima de 70 anos. O grupo soma 227 do total de 440 óbitos causados pela doença transmitida pelo aedes aegypti.
“Mais chocante que o número de casos é o número de óbitos. Na imensa maioria dos casos, o óbito por dengue é evitável e depende do atendimento a esse paciente. É uma doença que já conhecemos muito bem, inclusive os sinais de alarme. Então, quando um paciente chega em um unidade de saúde com um dos sinais, esse paciente não pode ir para casa”, alerta.
Nomeações e ações
Ao Metrópoles o Subsecretário de Vigilância à Saúde do DF, Fabiano dos Anjos, afirmou que a pasta trabalha em diversos eixos de combate ao mosquito transmissor da dengue. Entre as ações, está a nomeação de agentes de vigilância ambiental, as visitas técnicas a moradores e a inserção de armadilhas para ovos do aedes.
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O gestor explica que, na passagem de 2023 para 2024, houve a inserção de um novo sorotipo da doença no DF, por isso, impactou tantas pessoas. “O que a gente observou nesse período foi a introdução de um novo sorotipo de dengue que até então não circulava no DF. Então, houve esse aumento expressivo de casos porque a gente não estava acostumado com essa variante”.
“No nosso monitoramento, não observamos nada diferente disso para o próximo ano. Então, esperamos números menores”, completa.
Porém, Fabiano ressalta que é preciso lembrar da sazonalidade da dengue e da importância da prevenção. “O período que combina o verão, a presença de chuvas e altas temperaturas favorece a reprodução do mosquito e a circulação da dengue. É esperado nesse período. Mas não podemos deixar de falar sobre a dengue”.
Vacinação
Em fevereiro, a rede pública de saúde deu início à vacinação contra a dengue no DF. Porém, a adesão foi como o esperado. Segundo os dados da Secretaria de Saúde, nenhuma das faixas etárias que fazem parte da população-alvo da campanha chegou a 90% de adesão.
Dalcy pede para que a população não deixe a imunização de lado. “A forma de evitar ou reduzir essa perspectiva é a prevenção. E hoje temos a eliminação do mosquito – isso todos nós temos que fazer, não é uma tarefa exclusiva do GDF. Outra forma é a vacinação, que, infelizmente, foi pouco procurada. As pessoas estão subvalorizando uma das maiores armas que temos para conter uma epidemia”, lamenta.