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Com 22 contaminados, servidores do IML ameaçam paralisação por vacina

Ao Metrópoles, o presidente do Sindireta-DF, Ibrahim Yousef Mahmud Ali, afirmou que os trabalhadores se sentem “abandonados”

atualizado

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Equipe do IML retira corpos do casal morto, em Águas Claras
1 de 1 Equipe do IML retira corpos do casal morto, em Águas Claras - Foto: Mirelle Pinheiro/Metrópoles

O Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias, Fundações e Tribunal de Contas do Distrito Federal (Sindireta-DF) enviou um ofício à direção do Instituto de Medicina Legal (IML) solicitando a vacinação emergencial dos servidores. Segundo a entidade, os trabalhadores correm alto risco de contaminação e podem parar as atividades caso a reivindicação não seja atendida.

Ao Metrópoles, o presidente do Sindireta-DF, Ibrahim Yousef Mahmud Ali, afirmou que os servidores se sentem “abandonados”. “É uma medida emergencial, pois o perigo é constante. Os trabalhadores se sentem preteridos, abandonados, pois não se enquadram como servidores da Saúde, mas manipulam diariamente corpos, muitas vezes contaminados”, disse.

“Se o governo não tomar providencias efetivas, os trabalhadores falam em tomar uma atitude radical, como paralisar as atividades. Eles estão sempre trabalhando no limite e merecem ser respeitados e incluídos na lista prioritária da imunização”, afirmou o presidente.

De acordo com as entidades que defendem a categoria, desde o inicio da pandemia 22 profissionais foram contaminados. Nove técnicos de anatomia, nove técnicos de enfermagem e quatro técnicos de radiologia testaram positivo para o coronavírus. Um servidor falou à reportagem que os profissionais estão revoltados.

“O Serviço Funerário Social da Sedest, os técnicos dos núcleos de anatomia da Secretaria de Saúde e os técnicos do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) já foram vacinados e o IML, em que o serviço é análogo, até agora nada. A segunda dose do SVO está marcado para dia 23 de fevereiro”, protestou.

Trabalho de risco

Os profissionais têm contato diário com dependências de hospitais e, sobretudo, manejam corpos muitas vezes infectados pelo novo coronavírus. Eles auxiliam diretamente os médicos-legistas nos procedimentos de análise e coleta de amostra dos cadáveres.

Com a pandemia e o alto grau de risco de contágio, o instituto precisou criar um plano de contingência para o enfrentamento à pandemia. Regras foram estabelecidas para a rotina de necropsia, remoção, descarregamento e entrega dos corpos. Os peritos deixaram de lado o bisturi e passaram a adotar a tomografia computadorizada no exame dos corpos.

Segundo o presidente da Associação dos Técnicos em Necropsia do IML (Asten-DF), José Romildo Soares, há uma negociação entre a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e a Secretaria de Saúde, mas ainda não é possível afirmar se os servidores poderão tomar a vacina.

“Já tivemos vários colegas que contraíram o vírus. Além de lidarmos com corpos e suas secreções, estamos também em contato diário com a população nas ruas e no atendimento no próprio IML. Temos cerca de 30 técnicos em anatomia que estão diretamente ligados à função fim, remoções de cadáver e exame necroscópico. Eles precisam ser vacinados. Além disso, temos os técnicos em radiologia que não possuem vínculo com a Secretaria de Saúde e também têm contato direto com cadáveres”, afirmou.

Os profissionais que atuam nos rabecões usam as mesmas roupas dos médicos que trabalham em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). Contam ainda com óculos de proteção e máscaras. Ao chegar no local de remoção, as equipes usam um spray com solução de cloro ativo, que é borrifada no rosto e no tórax da vítima. Uma proteção de plástico também é colocada na cabeça da pessoa, pois, mesmo após a morte, ainda é possível ter ar nos pulmões. Ao ser manipulado, o corpo pode expelir o vírus, caso a vítima esteja contaminada.

O IML confirmou à reportagem, em 30 de janeiro deste ano, que há tratativas  junto à secretaria,  com a intermediação da Policlínica da PCDF, no sentido de incluir os técnicos de necrópsia no calendário prioritário de vacinação. A diretoria do instituto também afirmou ter solicitado a inclusão de outras categorias que atuam no local, como técnicos de radiologia, motoristas de rabecão, pessoal da limpeza, enfermagem e médicos. Apenas os técnicos de necrópsia somam 48 pessoas.

“Alguns servidores dessas categorias, não obstante serem da área de saúde, como enfermagem e médicos, não trabalham em hospitais públicos ou privados, tendo como única área de atuação o IML”, detalhou.

Sobre os testes de Covid-19 feito em cadáveres, o IML detectou, em 2020,  a positividade em 16 corpos. “Ressaltamos que esse número não reflete a real incidência, pois alguns casos já chegaram ao IML provenientes de hospitais, com testes positivos. Informamos ainda que não é feita a testagem em todos os cadáveres, apenas dos considerados suspeitos. No momento, o IML aguarda o parecer da SESDF, via Policlínica”, finalizou o instituto por meio de nota.

Plano de imunização

Questionada sobre a inclusão dos técnicos do IML, a Secretaria de Saúde do DF informou que os grupos ainda não atendidos serão incluídos nas próximas fases da campanha, de acordo com o número de vacinas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde.

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