“Colocou vidas em risco”, diz juiz sobre bombeiro que furtou viatura
Fabrício Marcos de Araújo teve prisão em flagrante convertida em preventiva. Segundo colegas, a intenção do militar era “explodir” Congresso
atualizado
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O segundo-sargento do Corpo de Bombeiros (CBMDF) Fabrício Marcos de Araújo, 44 anos, que furtou uma viatura da corporação e pretendia atingir e explodir o Congresso Nacional, teve a prisão em flagrante convertida para preventiva no domingo (3/11). Segundo o juiz Alessandro Marchió Bezerra Gerais, da Auditoria Militar do DF, a medida se fez necessária pelo fato de o réu ter colocado “vidas em risco” e pela iminência de causar “danos de grandes proporções ao local”.
A defesa do bombeiro apresentou relatório psicológico alegando que o militar não teria condições de responder por suas ações. O documento, entretanto, não foi suficiente para soltá-lo. O juiz destaca que o incidente é de excepcional gravidade: “Verifica-se, assim, que ele estava obstinado em atingir o seu intento, não sendo possível precisar quantas vidas inocentes ele poderia ceifar para fazê-lo”.
Em outro áudio, uma colega demonstra compaixão. “Foi a maneira de ele se expressar. Precisava de ajuda e ninguém percebeu. Chegou o momento de estafa mental. Poderia acontecer com qualquer um de nós da Secretaria de Segurança Pública, que estamos nessa dificuldade”, ponderou uma colega.
Ele (Fabrício) disse que nosso país é hipócrita, que não aguenta mais, por isso, ia jogar o carro no Congresso. Disse que ia explodir sozinho, queria morrer só. Cara sangue bom, gente boa, mas que deve estar com algum problema.
Trecho de áudio de militar colega de Fabricio Marcos
Outros áudios obtidos pela reportagem revelaram a negociação durante a perseguição. Em certo momento, o bombeiro, nervoso, chega a falar que se a polícia atirar, “vai atropelar todo mundo”.
Ouça o diálogo:
Crimes militares
O bombeiro, que tem mais de 10 anos de serviço, deve responder por quatro crimes previstos no Código Penal Militar: furto qualificado, desobediência, danos ao material da administração militar e tentativa de dano. Somadas, as penas chagam a 20 anos de prisão.
Na viatura furtada, um caminhão utilizado para apagar incêndios com capacidade para 3,5 mil litros de água, foram encontradas duas latas de cerveja.
Apesar de descartar terrorismo, por enquanto, a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social do DF (SSP-DF) informou que a motivação do segundo-sargento e as circunstâncias da ocorrência “ainda estão sendo apuradas”. A Diretoria de Saúde e o Centro de Assistência da corporação também acompanham o caso.
O incidente ocorreu às 1h30 de domingo (3/11). O militar entrou no 8º Grupamento de Bombeiros Militar (Ceilândia), onde é lotado, e furtou a viatura. Depois, seguiu em direção ao Congresso Nacional em alta velocidade. Colegas do quartel disseram que ele chegou para trabalhar brincando e ficaram surpresos quando ele saiu com a viatura. Outro amigo de farda contou ao Metrópoles que o bombeiro era tranquilo e “sempre acalmava a equipe”.
Na altura da via Estrutural, o motorista foi avistado por equipes da Polícia Militar, que deram diversas ordens de parada, todas desobedecidas pelo bombeiro. A viatura só parou por volta das 1h50, na via S1, altura da Catedral de Brasília, depois que PMs conseguiram atingir os pneus do veículo, que derrapou e parou na pista.
Assista aos vídeos: