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CNT: 22% das estradas que cortam Brasília têm geometria ruim

Problemas como acúmulo de água na pista e curvas mal projetadas podem contribuir para a ocorrência de acidentes nas rodovias

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Brasília (DF), 22/01/20 Rodovias mal construidas Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
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Motoristas que trafegam por rodovias do Distrito Federal e de Goiás devem redobrar a atenção. Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) aponta que 22,2% das estradas candangas e 55,6% das goianas têm geometria classificadas como ruim ou péssima.

São consideradas pistas com geometria insatisfatória aquelas sem dispositivo de proteção – como guard rail –, com pistas simples de mão dupla, sem faixas adicionais em viadutos e ainda com engenharia malfeita, que costumam acumular água. Tais adversidades colaboram para a ocorrência de acidentes.

Para quem mora no DF e tem o hábito de pegar a estrada, a preocupação com as condições das rodovias de Goiás mostra-se compreensível. Isso por que, em qualquer saída, o condutor, necessariamente, passará por cidades do estado vizinho se quiser ir para outras localidades brasileiras. A exceção é a BR-253, na altura de Cabeceira Grande, em Minas Gerais, único município não goiano que faz divisa com a capital do país.

Em solo brasiliense, a estrada mais mal avaliada no quesito geometria é a BR-250, que fica no Paranoá. Outra vista como ruim pela CNT é a DF-345, que liga Planaltina a São Gabriel (GO). Em um intervalo de menos de dois anos, quatro pessoas morreram e pelo menos seis ficaram feridas em acidentes que ocorreram em trechos próximos. Em outubro de 2017, três pessoas perderam a vida – incluindo pai e filha – após uma colisão frontal entre um Ford Fiesta e um Fiat Toro.

Já em setembro de 2019, quase no mesmo trecho, quatro pessoas ficaram feridas em um grave capotamento na madrugada do dia 25. Uma delas foi conduzida ao Hospital de Base do DF (HBDF) com suspeita de fratura na coluna.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no Km 10 da BR-070, há registro de dezenas de acidentes, pois motoristas adentram repentinamente na rodovia – onde carros costumam trafegar em alta velocidade – e tentam atravessá-la rumo ao retorno mais próximo.

O problema de engenharia poderia ser resolvido com a construção de um acesso mais longe do que o atual. A pequena mudança permitiria que os condutores tivessem mais tempo para mudar de faixa.

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As principais ligações entre Goiás e DF apresentam problemas de geometria, segundo a CNT
Na chuva, o tráfego de veículos pesados em pistas mal projetadas se torna um risco ainda maior
Acidentes em rodovias com geometria ruim são comuns, segundo a PRF
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Governo prevê R$ 7,8 bilhões em investimentos com leilão de rodovias

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As principais ligações entre Goiás e DF apresentam problemas de geometria, segundo a CNT

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Na chuva, o tráfego de veículos pesados em pistas mal projetadas se torna um risco ainda maior

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Acidentes em rodovias com geometria ruim são comuns, segundo a PRF

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Saídas de pista

Mas o perigo de pistas mal projetadas é mais frequente em Goiás, onde 32,3% das rodovias têm geometria péssima e 23,3%, ruim. As examinadas como excelente não passam de 5%.

A GO-118, principal caminho para Campos Belos (GO), tem um longo trecho marcado pela CNT como irregular. A GO-213, via que leva a um dos destinos preferidos dos candangos, Caldas Novas, é outra a apresentar irregularidades no asfalto que podem cooperar para saídas de pistas.

Na BR-020, principal ligação do DF a vários estados do Nordeste, um trecho na altura de Vila Boa, em Goiás, é conhecido pela alta incidência de colisões frontais e derrapagens que fazem carros serem “lançados” para fora do asfalto.

As curvas sinuosas em formato de “S” também impõem perigo maior aos condutores. No Km 84, o afunilamento da pista na entrada de uma ponte força motoristas a redobrarem a atenção para evitar colisão com a estrutura.

Já na BR-060, um longo trecho após Jataí (GO) apresenta geometria defeituosa, assim como na GO-010, acesso entre Luziânia e Vianópolis, ambos em Goiás.

Falta de modernização

Na avaliação do diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, a falta de modernização das estradas brasileiras faz com que se crie condições geométricas desfavoráveis.

“Muitas das nossas rodovias foram construídas nas décadas de 1960, 1970, quando as características do tráfego e dos próprios veículos eram completamente diferentes. Hoje, temos o dobro da frota e veículos muito mais pesados, mas as rodovias são exatamente iguais há 50, 60 anos”, afirma Batista.

Segundo o especialista, os problemas geométricos mais perigosos são as curvas sinuosas e a falta de acostamento em pistas simples de mão dupla. “O acostamento também serve como área de escape em caso de desvios repentinos. A ausência dele é um elemento que eleva o nível de insegurança nas pistas”, explica Batista.

Enquanto tais áreas não passam por revitalização, a recomendação é reduzir a velocidade e redobrar a atenção, como explica o chefe do Núcleo de Gestão Operacional da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no DF, Rubens Bacellar filho.

“Durante o período de chuvas, muitos trechos acumulam água em baixada. O condutor, ao tentar desviar repentinamente, pode invadir a pista contrária e causar uma colisão frontal. Nesses casos, o ideal é andar abaixo da velocidade da via para ter tempo de desviar da poça indicando a correta sinalização”, ensina.

Dnit se queixa de orçamento

Responsável por zelar pelas rodovias, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) diz fazer avaliações mensais das condições das estradas e tomar providências para corrigir as falhas identificadas, mas admite que a redução no orçamento dificulta as ações.

“Em função da situação econômica do país, o orçamento aprovado para manutenção das rodovias em 2019 foi de R$ 3,3 bilhões, metade do necessário à demanda identificada pelo Dnit (cerca de R$ 6,2 bilhões por ano). Em média, a necessidade orçamentária para a manutenção das rodovias federais tem sido atendida em cerca de 50%”, destaca. 

O departamento ainda explicou que, para 2020, o recurso disponibilizado para restauração das rodovias será da ordem de R$ 3 bilhões.

Acidentes no DF

A mesma pesquisa CNT também mostrou que o DF registrou, em 2018, 867 acidentes nas rodovias federais que cortam a capital. Do total de ocorrências, 690 tiveram vítimas e 44 delas perderam a vida.

Em média, ocorreram 333 acidentes com vítimas a cada 100 km de rodovia. O número é quatro vezes maior do que o registrado nacionalmente. Em nível nacional, a média é de 82 ocorrências.

Na capital, segundo a CNT, a rodovia mais perigosa é a BR-020, com 232 registros de acidente no ano passado. No trecho, 15 pessoas perderam a vida. A estrada começa em Brasília e liga a capital a Sobradinho e Planaltina. Passa ainda por Goiás, Bahia e Piauí até chegar ao Ceará.

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