Clínica que oferece “cura gay” divulga nova nota e cita “mal-entendido”
Em texto publicado no site nesta segunda (9/11), empresa do DF Hipnoticus disse que “nunca foi intenção ofender minoria qualquer que seja”
atualizado
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A clínica de hipnose de Brasília que oferece “tratamento” para homossexualidade divulgou uma nova nota nesta segunda-feira (9/11), desta vez, no site da empresa. O caso, revelado pelo Metrópoles no último sábado (7/11), chamou a atenção da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF) e do Conselho Regional de Psicologia (CRP-DF), que pedirão investigação ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
No texto, a empresa Hipnoticus informa que o endereço eletrônico estava “desatualizado por motivos de força maior” e que “boa parte dos termos que causam dúvida, confusão e mal-entendido” foram removidos ou alterados.
O empreendimento acrescenta que “as expressões doença, cura, livrar-se de algo, única maneira, solução, homossexualidade, homossexualismo e, até o uso do sufixo ‘ismo’, eram maneiras de falar com os termos usados por quem nos procura”.
“Nunca foi intenção ofender um grupo de indivíduos ou minoria qualquer que seja, ou tratar condições médicas, visto que, na terapia holística, o que é tratado é o indivíduo como um todo (mente, corpo e espírito). Vale lembrar também que o site encontra-se ainda em processo de atualização”, diz a nota.
Confira aqui a íntegra do texto publicado no site da clínica Hipnoticus.
Cadastro suspenso no CRT
A empresa Hipnoticus, localizada na Asa Sul, explica que o serviço para “tratar” a homossexualidade, que custa R$ 29.990, gera resultados em seis meses. Segundo consta no site do estabelecimento, a hipnose é feita por meio do método “Psicoterapia Sem Falhas”, usado pelo hipnoterapeuta Gabriel Henrique de Azevêdo Veloso. São oferecidas três opções de serviços: sessões com duração de quatro, seis e oito meses.
O dono da empresa explica ser cadastrado no Conselho de Auto Regulamentação da Terapia Holística (CRT), uma sociedade civil sem vínculos com o governo federal. Ele oferece a cura de doenças, como depressão e ansiedade, em até seis meses, mesmo não tendo formação em psicologia, medicina ou terapia ocupacional.
No entanto, o CRT nega que ele esteja filiado à entidade. Em nota enviada ao Metrópoles, o conselho informou que o hipnoterapeuta teve o cadastro suspenso em agosto de 2018 por “pendências estatutárias e falta ética e profissional”. “Justamente por não cumprir as normas previstas no código de ética profissional, ele foi alertado a cessar a utilização do número da CRT de forma indevida”, destacou.
“Convém esclarecer ainda que a terapia holística propõe maximizar a qualidade de vida de seus clientes, paradigma este absolutamente distinto e independente do binômio “saúde-doença”, que é a postura adotada por outra profissão, a medicina. Terapeuta holístico não é médico, não fala de doenças, nem pede exames médicos, pois o cliente é avaliado por outro paradigma. Sem contar que nossa organização não compactua com nenhum tipo de discriminação ou preconceito”, enfatizou a entidade.
“Solução para mudar orientação sexual”
Ao Metrópoles, Gabriel Henrique confirmou que a clínica existe desde 2010. Sobre o “tratamento” para homossexualidade, ele afirmou que “há pessoas que não ficam satisfeitas com esse tipo de vida. Então, o tratamento é oferecido nessa perspectiva”.
Em uma parte do endereço eletrônico, sobre “como funciona a hipnose”, a empresa explica que “a cura de doenças é realizada através da objetividade do diagnóstico e do tratamento holístico, oferecendo resultados ainda antes da 1ª sessão”. A clínica ainda afirma que “a hipnose também é a única solução para mudar sua orientação sexual e te livrar da atração indesejada pelo mesmo sexo”.
Após a publicação da primeira reportagem do Metrópoles sobre o caso, o empreendimento retirou a palavra “homossexualismo” da parte de serviços oferecidos no site, bem como a frase citada acima. Veja: