Clima tenso na UnB: estudantes ocupam prédio da reitoria
Contra a crise financeira, centenas de manifestantes entraram na sede do comando da instituição na tarde desta quinta-feira (12/4)
atualizado
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Depois da manifestação que deixou um rastro de destruição nos prédios do Ministério da Educação (MEC) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), na terça-feira (10/4), estudantes ocupam o prédio da reitoria da Universidade de Brasília (UnB) na tarde desta quinta (12). O movimento, aprovado em assembleia, é contra a pior crise financeira da história da instituição.
Os manifestantes se concentraram mais cedo no Instituto Central de Ciências (ICC), mais conhecido como Minhocão, e decidiram pela ocupação, que não foi articulada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE).Enquanto marchavam até a reitoria gritavam frases de efeito : “Para barrar a precarização, ocupação, ocupação, ocupação”; “Ocupa, ocupa, ocupa e resiste”; “A nossa luta unificou, é estudante e trabalhador”; e “Deixa passar, deixa passar, deixa passar a revolta popular”.
O clima é de tensão. Os manifestantes pediram a chave para entrar na sala da reitora, Márcia Abrahão, que está em viagem. Como não foram atendidos, forçaram a entrada e chegaram a quebrar vidros. Logo em seguida, invadiram as dependências da reitoria.
Alguns estão com os rostos cobertos, assim como na Esplanada dos Ministérios na tarde de terça (10), quando picharam, quebraram vidros e câmeras de segurança no FNDE e no MEC. Os manifestantes chegaram a entrar em conflito com a PM.
Nesta quinta, eles pediram uma reunião com representantes do comando da UnB para cobrar explicações sobre a crise financeira que ameaça o funcionamento de uma das instituições de ensino superior mais importantes do país.
Os estudantes querem cobrar explicações sobre os gastos da universidade, após o ministro da Educação, Rossiele Soares, ter dito que a instituição possui dinheiro suficiente para cobrir os gastos até dezembro. O chefe da gabinete da reitoria, Paulo César Marques, conversou com os manifestantes.
A expectativa é de que uma reunião ocorra na próxima segunda-feira (16). Os estudantes dão sinais de que vão ficar na reitoria até lá. Tanto é que já pediram para aqueles que saírem do prédio voltarem com comida e água e também que “ninguém quebre mais nada”.
Segundo a PMDF, 500 pessoas estavam, por volta das 14h30, na ocupação da reitoria. Acionado, o 3º Batalhão encaminhou algumas viaturas para a universidade, porém a corporação diz que a responsabilidade pelo prédio é da Polícia Federal.
Os estudantes fizeram uma barricada na rampa da reitoria usando sofás para impedir o acesso de mais pessoas ao prédio. E ocupam o terceiro andar.
Nota da UnB
A UnB divulgou nota, nesta quinta-feira (12), rebatendo as declarações do ministro da Educação, Rossieli Soares, de que a instituição tem recursos suficientes para fechar o ano. No documento, a universidade informou que, embora, entre 2016 e 2018, tenha aumentado o seu orçamento global, de R$ 1,654 bilhão para R$ 1,731 bilhão, houve redução, no período, da verba destinada à manutenção (limpeza, segurança, luz, água e refeições no restaurante universitário) – de R$ 379 milhões para R$ 229 milhões.
“Somente dos recursos vindos do MEC, houve redução de aproximadamente R$ 80 milhões para essa finalidade”, explica a UnB. A universidade garante que foi autorizada a usar a totalidade dos recursos aprovados pelo Congresso Nacional, mas o montante de recursos aprovado é insuficiente. “O déficit, de R$ 92 milhões, é uma realidade e reflete os cortes e contingenciamentos sofridos pelo setor de educação, exigindo medidas combinadas de redução de gastos e aumento da arrecadação de recursos próprios por parte da universidade”, destacou.
A UnB também alega que houve redução de recursos para investimentos, de R$ 62,151 milhões para R$ 28,211 milhões, sem contabilizar emendas parlamentares. “Somente da fonte
Tesouro, os recursos caíram de R$ 47,151 milhões para R$ 8,211 milhões. Isso significa que o MEC centralizou parte desses recursos em 2018, reduzindo a autonomia das universidades na decisão
sobre investimentos”, assinala.
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