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Clima de guerra: bolsonaristas no QG do Exército batem em “infiltrado”

Bolsonaristas criam clima de guerra em QG de Brasília a um dia da posse, agredindo quem chamam de infiltrado e ameaçando Lula de morte

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Marcus Rodrigues/Metrópoles
Bolsonaristas batem boca no QG2
1 de 1 Bolsonaristas batem boca no QG2 - Foto: Marcus Rodrigues/Metrópoles

A manifestação bolsonarista em frente ao Quartel-General do Exército de Brasília tomou ares de clima de guerra neste sábado (31/12). Eles chegaram a partir para a agressão física contra um homem apontado como “infiltrado”.

Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) ostentam pedaços de paus, bandeiras com mastros de ferro e punhos cerrados enquanto andam pela área do QG. No carro de som, discursos de violência. “Se ele [Lula] tentar subir a rampa, eu mato ele! Ele e o ‘Xandão'”, disse uma mulher ao microfone.

As ameaças verbais se transformaram em agressão quando um homem vestido de branco, sem as tradicionais camisas amarelas ou camufladas dos manifestantes, foi apontado como “petista”. Enquanto questionava “o que eu estou fazendo?”, ele era hostilizado para deixar o local.

Um grupo mais exaltado, de cerca de 20 homens, passou pelo cordão de proteção do Exército colocado em frente à pista, onde o rapaz estava, e deu socos na vítima. Militares do Exército tiveram de intervir, o que fizeram sem rapidez.

Um militar chegou a comentar com o colega de farda: “É bom que a hora passa mais rápido”. O apontado como infiltrado na manifestação era o terceiro do dia expulso a tapas e socos, segundo disseram alguns dos bolsonaristas.

“Tem mais, vamos caçar mais”, gritou um dos protestantes que faz parte do grupo mais exaltado. Os 20 homens fazem parte de uma espécie de “tropa de choque” contra qualquer um que aparente estar na manifestação sem que seja bolsonarista.

Agindo de forma organizada, correndo atrás de pessoas que, segundo eles, pareçam petistas, eles ainda impedem outras pessoas de filmar os atos de violência. A reportagem flagrou um desses momentos, mas também foi “orientada” a parar de gravar.

“Agora está ficando emocionante”, afirmou um dos integrantes do grupo. No carro de som, outro manifestante declarou: “Daqui a pouco estão chegando mais heróis para nossa guerra”.

O Exército observa os bolsonaristas caminhando atrás de “petistas” com pedaços de madeira nas mãos. Quando há um conflito, militares correm em escoltam a vítima para deixar a área. Os agressores continuam.

O clima já estava ficando agressivo nos últimos dias. Carros com bandeiras alusivas ao PT e a Lula que passavam pelo QG eram alvos de ataques. Por isso, hoje toda a pista para veículos de frente ao Quartel foi fechada.

Confusão

A busca por infiltrados causa confusões entre os próprios bolsonaristas. Um indígena conservador foi ao palco reclamar de manifestantes que queria agredir a esposa dele. “Tiraram uma foto dela e falaram que ela era petista. Se ‘relar’ a mão nela, eu não vou ter medo de atacar, não. Lá na Esplanada está ‘cheio de PT’. Vão lá”.

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