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CLDF: petista chama juíza de criminosa e torturadora; presidente reage

Em audiência na Câmara Legislativa do DF, petista chamou juíza da Vara Penal de criminosa e torturadora, provocando desagravo de presidente

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Gláucio Dettmar/Agência CNJ
Juíza Leila Cury, da vara de execuções penais do tjdft
1 de 1 Juíza Leila Cury, da vara de execuções penais do tjdft - Foto: Gláucio Dettmar/Agência CNJ

Um militante petista usou a tribuna da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para chamar uma juíza de “criminosa” e “torturadora”. A fala ocorreu durante sessão que debateu o enfrentamento a tortura e mortes no sistema prisional do DF. Rodrigo Cademartori, conhecido como Rodrigo Pilha, pediu a fala na sessão, “na qualidade de ex-preso”, como ressaltou, e fez duras acusações contra a juíza Leila Cury.

“Eu não acuso o Estado de ser torturador, eu afirmo: o GDF, a Seap [Secretaria de Administração Penitenciária] e a Leila Cury são torturadores e criminosos e precisam urgentemente sair do sistema prisional”, disparou o petista, durante a audiência realizada no início do mês. Cury é juíza de direito titular da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT).

O petista ainda comentou que “ela gosta de hiperlotar” as cadeias e dar “canseira” nos presos. Rodrigo Pilha foi detido 2021 após estender, com mais quatro manifestantes, uma faixa com a frase “Bolsonaro genocida” na Praça dos Três Poderes. Na ocasião, os militantes, com base na Lei de Segurança Nacional, foram levados à Polícia Federal. Três deles foram liberados no mesmo dia, mas Pilha continuou detido por causa de em um processo de 2014 por desacato.

 

Ele havia sido condenado a sete meses de prisão, mas não tinha sido notificado da decisão porque mudou de endereço. Detido, denunciou ter sofrido tortura. Ainda em 2021, a Justiça do DF aceitou denúncia contra três policiais penais pela prática de tortura contra o ativista. “A senhora Leila Cury, ela é criminosa. […] Eu vivi a tortura”, disse Pilha, recentemente, na CLDF.

Outro ativista que citou a juíza na audiência da Câmara do DF foi Michel Platini. Ele chegou a postar o vídeo da fala no Instagram, mas cortou a parte em que cita Cury.

“Quem é mais criminoso, o Estado ou as pessoas que estão sob sua custódia? São nove mortes em cinco meses. Isso é passível de uma CPI. […] Por que a gente naturalizou que a juíza da Vara de Execução diz que não vai receber familiar de preso? Ela está estendendo o crime que essas pessoas praticam para suas famílias. É preconceito contra os familiares, Leila Cury. Você precisa responder isso para a sociedade inteira.”

 

O presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz (MDB), reagiu emitindo uma Nota de Desagravo na Casa. O texto diz que Rodrigo atribuiu “a prática de atos criminosos” à juíza de maneira “deseducada a acintosa”, e que Michel atribuiu a Cury “prática de atos desidiosos, omissos e preconceituosos no desempenho da judicatura”, ambos de agindo de forma “reprovável”.

“A liberdade de expressão não é um direito absoluto, porque pode vir a configurar crime contra a honra e, considerando que tais atos foram praticados dentro desta Casa Legislativa, expede-se esta Nota de Desagravo para o restabelecimento do respeito recíproco que deve haver entre os Poderes do Estado”, finaliza a nota do presidente da CLDF.

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