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CLDF pede apuração da PCDF em caso de suposto racismo em avião da Gol

Comissão de Direitos Humanos enviou pedido de instauração de inquérito para a Secretaria de Segurança Pública do DF

atualizado

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Arquivo pessoal
Bruno Gomes, vítima de racismo em avião
1 de 1 Bruno Gomes, vítima de racismo em avião - Foto: Arquivo pessoal

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) cobrou a investigação oficial do suposto caso de racismo em um voo da Gol. O episódio foi revelado pelo Metrópoles.

O presidente da CDH, deputado distrital Fábio Felix (PSol) encaminhou ofício para a Secretaria de Segurança Pública do DF solicitando a instauração de inquérito para apuração do caso de racismo.

“Não é tolerável que o cabelo das pessoas negras seja associado a algo ruim, de aspecto sujo e sem cuidado. Seja no BBB, nos campos de futebol ou numa viagem aérea, racismo é crime e não pode ser minimizado ou tratado como uma brincadeira ou algo menor”, afirmou o parlamentar.

O documento defende uma investigação na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).

Veja o pedido para instauração de investigação:

Ofício – Racismo by Metropoles on Scribd

“Estamos acionando a Secretaria de Segurança Publica para que este caso seja apurado com o rigor necessário. Todo apoio e solidariedade ao Bruno, que foi vítima de racismo e de humilhação. Teu crespo é tua coroa”, pontuou Felix.

O caso

Em junho deste ano, o biólogo Bruno Henrique Dias Gomes (foto em destaque), 25 anos, viajava em voo de Marabá (PA) para Brasília. O homem negro, morador de Vicente Pires, denunciou ter sido alvo de racismo no avião da Gol.

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Voo era da Gol
Bruno relata que havia pelo menos três carrapatos
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Passageiros encontraram carrapatos em avião

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Bruno relata que havia pelo menos três carrapatos

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Voo era de Marabá (PA) para Brasília (DF)

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Durante o voo, caíram carrapatos em cima de Bruno e da passageira ao lado. Ao acionar o comissário de bordo, Bruno declarou ter sido constrangido, ouvindo que os animais poderiam ter caído do seu cabelo.

“Eu estava sentado na poltrona ao lado do corredor. Do nada, caiu uma coisa em cima do celular. Eu e a passageira ao lado ficamos observando e, depois, ele caiu no chão. Passou uns três, quatro minutos e caiu outro, no ombro dela. Eu tirei, com a mão mesmo, coloquei sobre a bancada e chamei o comissário. Falei que já era o segundo que caía, aí ele: ‘Você tem certeza?’ Eu mostrei o que estava na minha mão, aí ele saiu e voltou”, contou Bruno.

“Mais uns cinco minutos e caiu outro na minha mesa. Fui tentar pegar e ele caiu no chão. Chamei o comissário de novo e começou um burburinho na aeronave, porque na minha poltrona e na da frente todo mundo levantou para ver se tinha caído sobre os bancos. Quando chegaram esses dois comissários, eles trocaram um pessoal [de assento] e eu continuei na minha poltrona. Aí, nesse momento, um deles falou assim: ‘Pode ter caído de qualquer lugar, até do seu cabelo’. Meu cabelo é afro”, relatou o biólogo.

“Isso é racismo”

Bruno diz que após desembarcar procurou um guichê da companhia aérea, mas não conseguiu registrar reclamação. “Eu estava meio atordoado com os carrapatos caindo e não guardei a fisionomia do comissário”, diz.

“A moça falou: ‘Isso não dá nada, não, pode acontecer porque [o carrapato] pode vir em bagagem de cliente’. Aí eu falei: ‘Mas eu fui constrangido’. E ela disse: ‘infelizmente, não temos o que fazer’. Aí, voltei para casa, mas como eu estava atordoado com essa questão do concurso, nem pensei em registrar ocorrência. Depois, eu estava conversando com a minha tia e ela alertou: ‘isso é racismo’”, conta.

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Bruno também divulgou a história no Reclame Aqui

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Por meio do consumidor.gov.br, Bruno recebeu contato da Gol, oferecendo bônus de R$ 500 para compra de outra passagem. Contudo, ele não conseguiu usar, uma vez que o prazo de validade era até 31 de julho.

“Eles mandaram essa mensagem falando que dariam o bônus. Mas isso não repara. Eu falei para eles que não queria dinheiro, queria um pedido de desculpas pelo constrangimento que passei”, assinalou.

Bruno também avalia denunciar o caso para a Polícia Federal.

Outro lado

Por nota, a Gol assumiu o compromisso de investigar internamente o caso. A empresa também destacou que não compactua com qualquer tipo de discriminação.

Leia o posicionamento na íntegra:

“A GOL recebeu relatos de carrapatos durante o voo G3 1884, no dia 7 de junho na rota Marabá-Brasília, e acredita que os insetos possam ter sido transportados acidentalmente em alguma mala de mão.

Todas as aeronaves da Companhia passam por procedimentos diários e rigorosos de sanitização, e a dedetização das aeronaves é realizada periodicamente, em curtos intervalos de tempo, como parte da rotina mandatória de manutenção.

Como forma de compensação ao Cliente e para que ele tenha uma nova oportunidade e experiência em voar com a GOL, foi lhe oferecido crédito disponível para uso até 31/07/2022, conforme também consta no site Consumidor.gov.

A GOL também reitera que não compactua com quaisquer atitudes discriminatórias, preza pelo respeito e pela valorização das pessoas, e vai apurar o ocorrido”.

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