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Ciúmes e emboscada: morte de garoto a mando de deputado faz 20 anos

O ex-distrital Adão Xavier foi condenado por mandar matar um adolescente de 16 anos. Ele suspeitava que o jovem era amante da esposa

atualizado

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Reprodução/TV Globo
Foto colorida de homem com cabelo curto e de terno dando entrevista
1 de 1 Foto colorida de homem com cabelo curto e de terno dando entrevista - Foto: Reprodução/TV Globo

Este ano, o crime envolvendo o ciúme de um ex-deputado distrital e a morte encomendada de um adolescente de 16 anos completam 20 anos. Em 2004, o então deputado distrital Carlos Xavier, também conhecido como Adão Xavier, 62 anos (foto em destaque), mandou matar Ewerton da Rocha Ferreira, 16.

O crime ocorreu no Recanto das Emas. O corpo de Ewerton foi encontrado atrás de uma parada de ônibus. Segundo a acusação, Xavier contratou o capoeirista Eduardo Gomes da Silva, conhecido como Risadinha, Leandro Dias Duarte e um adolescente para executarem a vítima.

De acordo com o inquérito policial da 27ª DP apresentado à Justiça do DF em 2008, Adão era casado há 14 anos na época do crime. Ainda de acordo com o processo, o relacionamento do casal, no início, era bom, mas nos últimos anos foi se desgastando porque a mulher dele “passou a manter, rotineiramente, múltiplos relacionamentos extraconjugais com adolescentes, dentre os quais a vítima, de 16 anos”.

Ainda de acordo com o documento, para “seduzir” os amantes, a mulher “oferecia dinheiro em espécie, além de presentes caros, como celulares, roupas e calçados de marca”, além de outro presentes.

Descontente com essa situação, Adão resolveu “tomar providências para por fim à questão”. A mulher e o amante se separaram após o adolescente ser alvo de ameaças. Mesmo assim, de acordo com o inquérito da época, Adão teria contratado o capoeirista e bicheiro Eduardo Gomes da Silva, 52, apelidado Risadinha, para matar Ewerton por R$ 15 mil.

O dia do crime

O documento de 2008 relata que, em 8 de março de 2004, perto da meia-noite, enquanto a vítima seguia da escola onde estudava rumo à casa onde morava, Leandro e um outro adolescente abordaram Ewerton com uma arma. ELes o levaram até uma parada de ônibus nas imediações de um viaduto no Recanto das Emas “para o abate.”

No local, depois de ordenarem que Ewerton descesse do carro, o adolescente efetuou dois disparos de revólver — um na testa e outra na nunca.  Ewerton morreu na hora e o corpo foi encontrado atrás da parada de ônibus na manhã do dia 9 de março de 2004.

Após diligências e denúncias anônimas, a Polícia Civil do DF (PCDF) ouviu todos os homens até então apontados como suspeitos. Em depoimento em setembro e novembro de 2004, Leandro confessou o esquema. Segundo ele, no dia 8 pela manhã, Eduardo, o Risadinha, o contou sobre o crime e o pagou R$ 2 mil pela participação. Ele relatou, inclusive, que teriam dito a Ewerton que “ele iria morrer para deixar de ser safado porque estava se envolvendo com a mulher do deputado Adão Xavier”.

Julgamento e perda de mandato

Em 2014, Adão foi condenado a 15 anos de prisão, porém, não chegou a ser preso. Em 2016, teve a determinação de sua prisão expedida e passou a ser considerado oficialmente foragido. Nos anos seguintes, o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a conceder-lhe a possibilidade de responder pelo crime em todas as instâncias em liberdade.

Em 2022, foi expedido um mandado de prisão pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.

O ex-deputado só foi preso em 2023, quando foi encontrado pela Polícia Militar do DF (PMDF) em Brazlândia, em um carro Toyota Hilux. Ele tinha consigo R$ 1,3 mil em espécie.

Adão era filiado ao PMDB na época. A Câmara Legislativa (CLDF) cassou o mandato do distrital após a denúncia do crime. Foi o primeiro caso de perda de mandato na Casa.

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