metropoles.com

Cirurgia intrauterina é feita em bebê de 20 semanas pela 1ª vez no DF

Para evitar problemas futuros, a correção precisa ser feita o mais precoce possível, mas, no DF, a cirurgia só era feita após o nascimento

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Getty Images
Imagem colorida: médicos fazer cirurgia em gestante - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida: médicos fazer cirurgia em gestante - Metrópoles - Foto: Getty Images

Um procedimento inédito foi realizado na sexta-feira (27/10), por neurocirurgiões do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Uma mãe, com 20 semanas de gestação, passou pela operação no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). A cirurgia intrauterina, realizada pela primeira vez em Brasília, contou com ambos hospitais da rede pública do Distrito Federal atuando em conjunto, tornando a cirurgia de mielomeningocele um completo sucesso.

O neurocirurgião do HCB que participou da operação, Flávio Leão, explica as dificuldades da mielomeningocele, ou disrafismo espinhal, também conhecida como espinha bífida. “Nesses casos, a coluna não fechou; a medula está exposta, as membranas estão abertas”, disse. Para evitar problemas de saúde futuros, a correção precisa ser feita o mais precoce possível, mas, no DF, a cirurgia só era feita após o nascimento do bebê.

“Trabalhos anteriores mostraram que o fechamento da coluna na fase fetal, entre 10 e 26 semanas de gestação, diminui os ricos de hidrocefalia e melhora o prognóstico para o desenvolvimento motor”, afirma Flávio.

O neurocirurgião explica como a equipe atuou durante o procedimento: “O obstetra faz a abertura uterina e nós  – o neurocirurgião do HCB Márcio Marcelino também participou da cirurgia – fazemos o fechamento da coluna, tal qual nos procedimentos na fase pós-fetal; o obstetra fecha todas as camadas e continua acompanhando a mãe. Já o acompanhamento da criança com a equipe da neurocirurgia é para o resto da vida, para monitorar se ainda há algum risco de hidrocefalia”.

O que é mielomeningocele

A doença ocorre quando há malformação na coluna do bebê, que fica exposta, fora do corpo. A enfermidade gera limitações motoras e problemas neurológicos desde o útero, com consequências até o fim da vida. Com a cirurgia intrauterina, contudo, as chances de recuperação plena são maiores que nos casos em que o procedimento ocorre só depois do nascimento.

A correção de mielomeningocele foi realizada, ainda em gestação, pela primeira vez no Distrito Federal e essa condição altera o rumo das cirurgias na capital. “Esse diagnóstico já deixa as famílias em um estado de fragilidade e elas ainda precisavam buscar atendimento em outro estado; caso acontecesse alguma intercorrência e o parto precisasse ser feito, isso acontecia longe de casa”, conta o neurocirurgião.

A mãe, Raiane da Rocha, 36, recebeu alta nessa quarta-feira (01/11) e está realizando o sonho de ver o filho nascer e crescer saudável cada vez mais próximo. O parto está previsto para fevereiro de 2024 e será realizado um acompanhamento durante todo o processo.

“Para qualquer mãe, é um alívio”, celebra Raiane, que chegou a ficar dois dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não apresentou complicações. A moradora de Águas Lindas de Goiás (GO) diz ter ficado feliz pela oportunidade de realizar o procedimento perto de sua família. Caso não desse certo da operação ser no DF, a outra opção era passar pela cirurgia em São Paulo.

Alta de paciente após cirurgia intrauterina
Alta de paciente, Raiane da Rocha, após cirurgia intrauterina

Lucilene Florêncio, secretária de saúde, acompanhou a alta hospitalar e agradeceu à mãe pela confiança. Também informou que, agora, a secretaria de saúde do Distrito Federal (SES-DF) estará preparada para realizar procedimentos do tipo. “Desejamos que não sejam muitos os casos, mas teremos. Está em construção uma rede de cuidados para o atendimento”, afirma.

A diretora do Hmib, Marina Araújo, destacou que o início dessas cirurgias na unidade exigiu um esforço administrativo. “Foi necessário fazer compras de insumos que não eram adquiridos. Agora estamos prontos para realizar novas cirurgias”, disse.

Para a cirurgia inédita, a SES-DF fortaleceu equipes, adquiriu materiais necessários e a disponibilizou equipamentos para o centro cirúrgico, além de fornecer leitos da UTI. O Hmib também já conta com experiência de outros procedimentos intrauterinos, incluindo transfusão de sangue para fetos e laser em gestações gemelares (presença simultânea de dois ou mais fetos na cavidade uterina).

Embora se trate do primeiro procedimento fetal para correção da espinha bífida, esse não é o primeiro caso de trabalho conjunto entre o HCB e o HMIB. Como ambos atendem crianças, ainda que em diferentes idades, os dois hospitais públicos mantêm contato para disponibilizar o melhor atendimento possível aos pacientes.

“A equipe do HMIB que acompanha gestações de alto risco fez a ecografia e nós fomos avisados na hora; a mesma coisa aconteceu, por exemplo, quando foi necessário fazer a separação da Lis e da Mel”, conta o neurocirurgião do HCB Benício Oton de Lima, que conduziu a separação das gêmeas siamesas craniópagas em 2019. Tanto Lima quanto o neurocirurgião do HCB Paulo Leão acompanharam o procedimento realizado na sexta-feira, que também contou com a presença do obstetra e cirurgião fetal de São Paulo Fábio Peralta.

(Com informações da Secretaria de Saúde)

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?