Circular proibia dispensa de PMs até 9/1; coronel diz que foi exceção
Coronel Jorge Naime disse à PF que o atual comandante-geral da PMDF, Klepter Rosa, abriu uma exceção para ele receber dispensa em 3/1
atualizado
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O ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime tirou dispensa-recompensa no dia 3 de janeiro, mesmo com uma determinação do subcomando-geral da corporação proibindo afastamentos antes do dia 9.
Em depoimento à Polícia Federal, Naime argumentou que conseguiu sair antes porque o então subcomandante Klepter Rosa — atual comandante-geral — abriu uma exceção a ele em conversa informal.
De acordo com o coronel Naime, uma circular assinada por Rosa proibia afastamentos como abono, férias e dispensa-recompensa até 8 de janeiro. No entanto, ele afirma que recebeu autorização do próprio subcomandante-geral, pois havia trabalhado nove fins de semana seguidos.
Jorge Naime assinalou que, após o sucesso da operação na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1° de janeiro, combinou informalmente com Klepter que tiraria a dispensa. A folga seria para cuidar da saúde, descansar e fazer exames.
O ex-comandante de Operações ainda informou não ter participado de qualquer reunião de organização dos atos de 8 de janeiro porque já estava gozando do período de descanso.
Entretanto, segundo ele, no dia dos atos antidemocráticos, estava em um restaurante com a mulher e os filhos, em Sobradinho, região localizada a 28 km do Congresso Nacional. Ao ver a situação na Esplanada se complicando, por volta das 15h40, foi para casa, vestiu a farda e se ofereceu para ajudar.
Naime chegou à Praça dos Três Poderes por volta das 17h40.
Lesa Pátria
O coronel está entre os alvos dos quatro mandados de prisão cumpridos na terça-feira (7/2) no âmbito da quinta fase da Operação Lesa Pátria, que visa identificar participantes, financiadores e fomentadores dos atos terroristas de 8 de janeiro. Equipes da Polícia Federal (PF) detiveram o coronel na casa dele, em Vicente Pires.
Todos são investigados pela atuação no dia dos atentados terroristas contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, e estão detidos no 19º Batalhão de Polícia Militar (BPM), conhecido como “Papudinha”.
Jorge Eduardo Naime havia sido exonerado em 10 de janeiro pelo então interventor federal na segurança pública do DF, Ricardo Cappelli. A saída dele ocorreu na mesma data que a de outros 12 servidores vinculados à secretaria responsável pela área.