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Cinco depoimentos em 5 minutos: veja como foi o 1º mês da CPI dos atos antidemocráticos

Depoentes apontaram ações do Exército de proteção a golpistas, baixo efetivo da PM no 8/1 e planejamento que subestimou tentativa de golpe

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Ex-comandante de Operações da PMDF e atualmente preso, coronel Jorge Eduardo Naime presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos do dia 8 de Janeiro 3
1 de 1 Ex-comandante de Operações da PMDF e atualmente preso, coronel Jorge Eduardo Naime presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos do dia 8 de Janeiro 3 - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal concluiu o primeiro mês de oitivas que investigam os atentados contra a democracia em Brasília. Foram cinco depoimentos colhidos pelos deputados distritais ao longo de março. Figuras da Segurança Pública detalharam falhas que facilitaram a tentativa de instaurar um golpe militar no país. Nesse primeiro ciclo de apuração, importantes descobertas e apontamentos indicaram um caminho do relatório final.

A CPI ouviu três pessoas que faziam parte da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) e dois policiais militares entre 2 e 30 de março. O Metrópoles produziu um conteúdo especial em vídeo com principais trechos de revelações desses cinco depoimentos, em cinco minutos.

Entre as revelações da Comissão Parlamentar de Inquérito, investigados apontaram denúncias como: interferência do Exército contra ações de desmobilização e prisões no acampamento golpista no Quartel-General em Brasília, existência de crimes e máfias naquela manifestação do Setor Militar Urbano, falta de orientações de Anderson Torres sobre o 8 de janeiro antes de viajar e deixar o posto, planejamentos que subestimaram a convocação para os atos contra a democracia e erros em campo da Polícia Militar.

Veja alguns trechos dos depoimentos:

O primeiro ouvido nas investigações da CPI foi Fernando de Sousa, que era secretário em exercício da Secretaria de Segurança Pública do DF no dia da tentativa de golpe, já que o então secretário, Anderson Torres, estava em viagem aos Estados Unidos. Sousa afirmou que Torres saiu de férias sem deixar “nenhuma orientação específica” sobre os atos de 8 de janeiro.

“Ele me apresentou o protocolo de ação integrada, que reúne as ações das forças policiais, e disse que deixaria o protocolo de ação assinado, mas não me deixou nenhuma orientação específica. Ele disse: ‘Vou assinar e se precisar do senhor, irei demandá-lo’”, declarou Fernando.

O depoente ainda disse que havia um Protocolo de Ações Integradas estruturado, com o planejamento de cada órgão para o 8 de janeiro, mas que a Polícia Militar não cumpriu o que foi acordado. Fernando chegou a dizer que houve erro da PM e que as imagens das invasões em Brasília deixam isso claro. Criticado por ter avisado ao governador Ibaneis Rocha (MDB) que o clima era “tranquilo” naquele domingo pela manhã, o ex-secretário afirmou que essa avaliação era passada para ele por quem estava in loco na Esplanada.

A segunda pessoa ouvida pela CPI foi Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da SSP-DF. Ressaltando que alertou aos integrantes da pasta, incluindo superiores, sobre os “ânimos exaltados” dos bolsonaristas antes da tentativa de golpe, ela defendeu que não houve falha do setor de monitoramento.

“O que se tinha [de informações] foi recebido e repassado. A ideia de invasão [dos prédios públicos] foi informada. A gente informou. Não foi só a subsecretaria. Várias agências. Acho que a Inteligência da PM trabalhou muito bem, inclusive”, avaliou.

Depoimento de coronel preso

Um dos depoimentos mais longos foi do ex-comandante de Operações da Polícia Militar do DF Jorge Eduardo Naime, preso em fevereiro devido à atuação no dia dos atentados terroristas contra as sedes dos Três Poderes. Naime é investigado por denúncias de que teria retardado a tropa intencionalmente para permitir a fuga de manifestantes e que ainda havia tentado fugir de Brasília por medo de ser preso.

Em depoimento, ele detalhou a existência de diversos crimes no acampamento do QG, como a “máfia do Pix”, tráfico de drogas e roubos, disse que o Exército cancelou por duas vezes ações da PMDF de desmobilização daquele ato bolsonarista e relatou “estranheza” com a informação do número do efetivo da Polícia Militar no 8 de janeiro.

Segundo documentos recebidos pela CPI, citados pelo presidente da Comissão, Chico Vigilante (PT), apenas 200 policiais, alunos do curso de formação, participaram da contenção inicial aos atos de 8/1. “Não participei do planejamento, não estive próximo. Me causa estranheza ter usado somente alunos, isso foge do que é o nosso padrão. Usar alunos é normal, mas sempre acompanhados. Somente os alunos, isso nunca aconteceu”, avaliou Naime.

Ex-secretário e ex-coordenador de inteligência

Os dois últimos ouvidos pela CPI nesta primeira etapa de investigações foram Júlio Danilo, ex-secretário da SSP, antes de Anderson Torres assumir o posto, e o coronel Jorge Henrique da Silva, ex-coordenador da Subsecretaria de Inteligência da pasta. Júlio respondeu mais sobre os questionamentos voltados ao dia 12 de dezembro, quando bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal e depredaram o centro de Brasília, e sobre o acampamento no QG.

O depoimento dele apontou para a existência de grandes financiadores dos atos, já que Júlio citou que muitos manifestantes estavam hospedados em hotéis e não eram de Brasília, apontando um possível patrocínio para que eles estivessem na capital federal. Já o coronel defendeu as ações de inteligência da PMDF antes do 8/1.

Segundo Jorge Henrique, todas as informações colhidas pela corporação a respeito dos atos foram repassadas para a SSP. Ele admitiu, porém, que a PM avaliou a manifestação como “nível de risco baixo”.

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