metropoles.com

Projeto de wi-fi grátis é ineficaz e não atende a população, diz TCDF

Corte encontrou diversas falhas, dificuldade de acesso e risco de desperdício de recursos públicos investidos no programa. Também foram detectadas ineficácia no monitoramento e falta de divulgação do serviço à população

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Álvaro Ibáñez / Flickr
WhatsApp
1 de 1 WhatsApp - Foto: Álvaro Ibáñez / Flickr

O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) reprovou o Projeto Rede Metropolitana Sem Fio (wi-fi), conhecido como Sinal Livre. Em inspeção, o corpo técnico do Tribunal encontrou diversas falhas, dificuldade de acesso e o risco de desperdício de recursos públicos investidos no projeto. Também foram detectadas a ineficácia no monitoramento e falta de divulgação do serviço à população.

Com base no que foi detectado, a Corte acredita que o programa pode não atingir o objetivo de promover a inclusão digital e social por meio do acesso à internet gratuita em áreas públicas de grande circulação de pessoas e fez recomendações à Casa Civil do Distrito Federal para a correção das falhas.

Entre os defeitos apontados estão a interrupção ou prestação intermitente do serviço de conexão à internet, pontos de acesso prometidos e ainda não instalados e baixa utilização do Sinal Livre pela população, uma vez que o projeto não é conhecido. Também foi detectada a contratação de um pacote de velocidade acima do necessário, sem justificativa técnica relevante, pela então Secretaria de Ciência e Tecnologia da Inovação do DF.

O Governo do Distrito Federal (GDF) investiu R$ 26,7 milhões no programa em 2013. Com o valor, o governo contratou uma solução integrada de rede sem fio, composta por fornecimento de infraestrutura, equipamentos e softwares com instalação, configuração, suporte, manutenção, monitoramento e garantia para cobertura de áreas determinadas pela secretaria.

O projeto prometia oferecer conexão wi-fi na região central de Brasília e, posteriormente, em pontos predeterminados nas outras regiões administrativas. No centro da capital, o Sinal Livre deveria funcionar em sete pontos: Rodoviária do Plano Piloto, Centro de Convenções Ulysses Guimarães, Planetário de Brasília, Torre de TV, área externa do Estádio Nacional Mané Garrincha, Parque da Cidade – próximo ao Nicolândia – e nas quadras 1, 2 e 3 dos setores hoteleiros Norte e Sul.

Sem conexão
Em 2014, foi divulgado que a rede wi-fi pública do DF atingiu a marca de 50 mil acessos e 23 mil usuários cadastrados. No entanto, testes operacionais realizados pelo TCDF revelaram que o sinal estava indisponível em diversos locais. Uma equipe de auditores do Tribunal fez diversas análises entre 23 de junho e 1º de outubro de 2014 – durante e após a Copa do Mundo.

Para a Corte, as falhas revelam monitoramento e fiscalização ineficazes, por parte do GDF, sobre a prestação do serviço. No entanto, o governo local fez pagamentos mensais de R$ 47 mil a uma empresa, pelo fornecimento do sinal de internet, e emitiu uma ordem bancária de R$ 416,7 mil a uma outra, referente aos serviços de projeto executivo e solução integrada de energia elétrica.

Sobre a dificuldade de conexão à internet, o GDF explicou que enfrentou problemas relacionados ao portal de autenticação do sistema, o que levou à desativação desse portal em abril de 2015. Entretanto, o governo admite que alguns pontos de acesso no Parque da Cidade e nos Setores Hoteleiros Sul e Norte ainda estão pendentes de energização, o que, para o TCDF, pode caracterizar desperdício de recursos públicos sem geração de benefício à sociedade.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Estadio Nacional Mané Garrincha é um dos pontos que deveria oferecer wi-fi gratuito

Baixa utilização
Em relação à utilização das cotas de links de dados adquiridas pelo GDF, o Tribunal também encontrou problemas. O Termo de Referência para aquisição do serviço estabeleceu velocidade de 512 Kbps por usuário como requisito mínimo de acesso à rede sem fio. Mas em testes realizados na Rodoviária do Plano Piloto, Torre de TV, Planetário e Parque da Cidade, constatou-se velocidade de até 7,50 Mbps para download de conteúdo, o que excede em até 15 vezes o estabelecido no Termo de Referência. De acordo com a inspeção, essa diferença se explica pelo baixo volume de utilização da largura de banda, o que significa que a velocidade adquirida pode caracterizar prestação de serviços sem a efetiva utilização.

A explicação oferecida pelo governo foi de que a alternativa da contratação inicial de uma capacidade menor, seguida de aporte de novas cotas após o esgotamento de capacidade de banda instalada, foi considerada “arriscada” em função da natureza complexa do projeto. “Decidiu-se que não se deveria correr o risco de interrupção do serviço prestado por um possível colapso resultante de tal esgotamento”, justificou o GDF em ofício enviado ao TCDF.

No entendimento da Corte, entretanto, essa não é uma justificativa relevante para contratar inicialmente essa taxa de transmissão e o GDF também não apresentou evidência que pudesse amparar tecnicamente tal necessidade.

Falta divulgação
Outro problema encontrado na inspeção foi a falta de conhecimento dos usuários sobre o serviço de wi-fi gratuito, devido à falta de divulgação pelo GDF. Por meio de entrevista com comerciantes e cidadãos na Rodoviária do Plano Piloto, foi possível constatar a existência de pessoas que utilizam a rede sem fio pública do DF e que avaliaram os serviços de forma satisfatória. No entanto, várias pessoas abordadas não tinham conhecimento do projeto.

Em consulta ao site da então Secretaria de Ciência e Tecnologia da Informação, constatou-se a falta de informações atualizadas sobre o projeto da rede sem fio pública do DF. A última informação se referia aos testes iniciais realizados maio de 2014. Sobre esse assunto, o GDF limitou-se a comunicar existência de informações no site da pasta e que elas estariam atualizadas. No entanto, em consulta realizada em 5 de fevereiro de 2016, o TCDF encontrou texto noticiando sobre a necessidade de autenticação do usuário, fato que deixou de ocorrer a partir de abril de 2015, com a desativação do portal de autenticação.

Não se tem notícia de divulgação do projeto em mídias sociais ou televisivas, como os informativos do GDF, o que gera risco de que o projeto não alcance seus objetivos por falta de utilização pela população.

Relatório de inspeção do TCDF

Recomendações
Além do alerta, o TCDF recomendou à Casa Civil do Distrito Federal que adote providências para melhorar o monitoramento da utilização da banda de internet, de forma a não contratar quantitativos além do necessário para manutenção do serviço. O Tribunal estabeleceu ainda que seja promovida a divulgação adequada do projeto nas áreas de cobertura para que ele beneficie efetivamente a população. Com informações do TCDF.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?