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Metrópoles promove palestra sobre combate a fake news na Campus Party

Editores de arte, Guilherme Prímola, e de entretenimento, Luiz Prisco, falaram sobre o jornalismo profissional no combate às falsas notícias

atualizado

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Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
Metrópoles na Campus Party
1 de 1 Metrópoles na Campus Party - Foto: Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

As notícias falsas têm o poder de destruir reputações, causar comoção social e até mesmo influenciar em resultados de eleições. Como lidar com o bombardeio de informações que recebemos todos os dias por meio das redes sociais e noticiário? Não há resposta fácil ou única. Mas as possibilidades na ofensiva contra fake news foram debatidas pelos editores de arte e de entretenimento do Metrópoles, Guilherme Prímola e Luiz Prisco, na noite desta sexta-feira (29/6), na Campus Party.

A maior feira de tecnologia do Brasil vai até domingo (1º/7), no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Cerca de 100 participantes do evento participaram da palestra desta sexta, com os dois representantes do Metrópoles, no palco #Coders e Makers. Os editores do site falaram sobre o surgimento do fenômeno das fake news, sua proliferação e os impactos nas eleições gerais deste ano.

Um caso que tem circulado nas redes sociais desde o início da Copa do Mundo da Rússia abriu os debates. O post, já compartilhado mais de 500 mil vezes, conta a história de Marcela Rodriguez, estudante da Universidade de Valinhos (SP) e segunda colocada num concurso de física nuclear. O caso até poderia ser verdade. A tal universidade realmente é referência em física e astronomia. Mas um detalhe passou despercebido por quem compartilhou o post na inocência: a mulher que aparece na imagem na realidade é Mia Khalifa, ex-atriz pornô.

Para Guilherme Prímola, esses boatos virtuais seduzem por trazerem exatamente aquilo que o público alvo desse conteúdo deseja ouvir. “As páginas disseminadoras desse material geralmente tentam remeter os nomes a veículos da grande imprensa, como forma de garantir alguma credibilidade. Quando começa a ser compartilhado, a pessoa recebe de alguém na qual confia, então, ele acredita e divulga”, disse.

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Participantes da Campus Party durante a palestra do Metrópoles
Luiz Prisco, editor de entretenimento, comentou sobre recentes casos que viralizam nas redes, sem, contudo, condizerem com a realidade
Guilherme Prímola, editor de arte do Metrópoles, lembrou que o internauta geralmente recebe a mensagem de quem confia, e acaba compartilhando o conteúdo
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Cerca de 100 campuseiros participaram da palestra sobre fake news nesta sexta

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Participantes da Campus Party durante a palestra do Metrópoles

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Luiz Prisco, editor de entretenimento, comentou sobre recentes casos que viralizam nas redes, sem, contudo, condizerem com a realidade

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Guilherme Prímola, editor de arte do Metrópoles, lembrou que o internauta geralmente recebe a mensagem de quem confia, e acaba compartilhando o conteúdo

Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

 

Internet e redes sociais
Durante a palestra na Campus, o editor de entretenimento do Metrópoles, afirmou que considera o WhatsApp como grande aplicativo da inclusão digital, mas também um dos principais meios de disseminação de fake news, tanto pela velocidade com o qual as informações são distribuídas como pela dificuldade de desmenti-las num meio fechado.

“Todo mundo aqui já recebeu notícia falsa no celular. Recentemente, o deputado federal Alberto Fraga publicou uma fake news sobre a ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, dizendo que ela seria amante do traficante Marcinho VP. Nem a mulher era a Marielle nem o homem era o Marcinho VP”, comentou.

Segundo ele, é aí que entra o papel do jornalismo. “Nós entramos em contato com ele para questionar o porquê de ter reproduzido o boato. A explicação foi aquela mesma, de todo mundo que cai nessa armadilha. Ele disse que recebeu de uma fonte confiável e não checou. Deixando de lado qualquer ideologia, Fraga é um deputado muito popular. O que ele diz, tem um forte efeito no eleitorado”, destacou Prisco.

Se fosse posta em um gráfico, as linhas mostrariam que, quanto mais as eleições se aproximam, mais notícias falsas são jogadas na rede. “Em 2014, quando a gente estava cobrindo as eleições, todo mundo recebeu a informação de que o doleiro Alberto Yussef tinha morrido envenenado, o que seria uma forma de prejudicar o PT às vésperas do dia da votação”, lembrou Prisco. “Mais uma vez, a checagem dos fatos mostrou se tratar de uma mentira. O jornalista Diego Escosteguy publicou uma foto do doleiro mostrando ele bem”, detalhou.

Checar, sempre
fact checking – termo em inglês para checagem dos fatos – é o principal antídoto contra as notícias falsas. Embora não haja uma “vacina” para prevenir a disseminação de mentiras, essa é uma importante ferramenta no combate às fake news. Os comentários do Facebook durante a entrevista concedida ao Metrópoles pelo pré-candidato à presidência da República pelo PSol, Guilherme Boulos, nesta sexta-feira, foi citada como exemplo da força das notícias falsas.

“Enquanto ele estava dando entrevista, muitas pessoas questionaram sobre uma mansão que supostamente pertencia ao pai dele, avaliada em R$ 2,8 milhões. Essa notícia foi postada no perfil do Alexandre Frota, mas nem o imóvel é do pai do Boulos nem custava o valor informado. A casa já foi até vendida, e não foi por R$ 2,8 milhões, mas por R$ 8 milhões”, disse Prisco.

História
O editor de arte do portal trouxe casos de fake news que vêm desde o Império Justiniano, quando o escritor Procópio de Cesarea (500 d.C.) escreveu seis livros contando a versão da realeza sobre esse impérito. Mil anos depois, outros escritos foram descobertos mostrando uma versão oposta à oficial.

A história mostra manipulações para as eleições de papa em 1522, na Revolução Francesa, em cartas difamatórias nas eleições brasileiras de 1922…

Gui Prímola, editor de Arte do Metrópoles

A história também revela o uso de notícias falsas pelo Partido Nazista, que justificou a invasão da Polônia com a divulgação de imagens de corpos vestidos com uniformes de soldados alemães quando, na realidade, eram de presos dos campos de concentração.

“Poderíamos ficar aqui falando só sobre o uso de fake news pelo nazismo, mas a história vai muito além. Foi usada na falsa Revolução Comunista, que deu origem ao segundo período da Era Vargas, nas eleições de 1945, de 1955, no Brasil”, detalhou Prímola. “Em 1989, já depois de um longo período de Ditadura Militar, surgiu um vídeo da mãe de uma das filhas de Lula dizendo que ele tinha pedido para ela abortar, além da manipulação do debate, que recentemente a Globo fez um ‘mea culpa’ e admitiu ter feito”, acrescentou Prisco.

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