Metrópoles faz palestra na Campus Party sobre jornalismo comunitário
Lilian Tahan, diretora de Redação do portal, falou sobre como a população mais conectada transformou a produção de notícias
atualizado
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Em 22 de novembro de 1963, o então presidente dos Estados Unidos era assassinado diante de uma multidão, em Dallas, no Texas, enquanto participava de uma carreata política. O momento exato em que dois dos três tiros desferidos contra Kennedy o atingiram ficou imortalizado nas imagens captadas pelo comerciante Abraham Zapruder, à época com 58 anos.
Essa filmagem só foi descoberta 15 anos depois do atentado e motivou a reabertura das investigações sobre o caso. Mais de cinco décadas após aquele dia, as cenas registradas pela câmera de um cidadão comum ainda alimentam a cobertura jornalística sobre o assunto. O episódio é um exemplo de como a participação popular pode ser fundamental na cobertura jornalística.
“Há cinco décadas, estar com um equipamento adequado diante de um fato histórico sem precedentes pode ser considerado um golpe de sorte”, disse Lilian Tahan, diretora do portal Metrópoles e autora da palestra “Jornalismo comunitário na era digital: você é o veículo de comunicação”, que ocorreu na Campus Party no início da tarde desta sexta-feira (16/6).Hoje, em plena era digital, quando metade da população mundial tem acesso à internet e um quarto das pessoas usa smartphones, os cidadãos se tornam cada vez mais capazes de captar conteúdos de valor jornalístico e transformá-los em notícia.
“Acabou o tempo em que o vetor da notícia se dava apenas no sentido do veículo de comunicação ou do repórter profissional para a comunidade”, pontuou Lilian. “Cada vez mais é a comunidade quem abastece as redações com informações, e isso é muito bom porque elevamos à potência, multiplicamos milhares de vezes a quantidade de pessoas que nos ajudam a vigiar e fazer o controle social”, destacou.
Com duração de 40 minutos, a apresentação foi iniciada ao som eletrizante de “Misirlou”, composição de Michalis Patrinos, trilha do clássico “Pulp Fiction” de Quentin Tarantino. No vídeo inicial, há um pot-pourri com cenas de fatos históricos como a queda das Torres Gêmeas, o tsunami na Indonésia, o atentado na maratona de Boston, o acidente ambiental em Mariana (MG). Mas não só as grandes tragédias fazem parte da coletânea. Em comum, todos os episódios foram flagrados pelas lentes de pessoas da comunidade e não por jornalistas profissionais. Uma prova de que, cada vez mais, as redações tradicionais se alimentam do que chega pelas redes, a partir das lentes de cidadãos comuns.
Confira a palestra “Jornalismo comunitário na era digital: você é o veículo de comunicação” no vídeo abaixo a partir de 2h05min:
Linha direta
Na plateia, jornalistas, curiosos e muitos estudantes. “Por conta do curso que eu faço, sempre me interesso em saber como o comportamento das pessoas podem influenciar o mundo e esse tema me chamou a atenção”, destacou o estudante de psicologia Emanuel Ribeiro, 19 anos.
Lilian explicou que muitas das matérias publicadas pelo Metrópoles nascem de denúncias e sugestões da população. Por telefone, e-mail, redes sociais e, principalmente, WhatsApp, o cidadão pauta o portal. Os jornalistas checam as informações e aprofundam o tema. “A gente se complementa. Vocês nos ajudam a enxergar e a gente devolve isso para vocês, com matérias robustas, aprofundadas e investigativas”, afirmou.
De forma dinâmica e descontraída, a diretora de jornalismo deu exemplos de reportagens que surgiram assim e também apresentou grandes coberturas, fotografias, infográficos e vídeos, entre outros recursos tecnológicos adotados pelo portal para qualificar cada vez mais, e melhor, o material produzido.
Bate-papo
Depois da palestra, muitos campuseiros quiseram conversar com a equipe do Metrópoles e compartilhar ideias e impressões. O analista de sistemas Celio Paiva, 43 anos, disse pretender aplicar o que ouviu na organização não governamental que comanda.
“Eu sou presidente de uma organização e pretendo fazer um jornal das nossas atividades. Quando vi o tema da palestra pensei que poderia me ajudar e agora sei que, de fato, o cidadão tem papel importante na formação da notícia”, ressaltou Celio. “É do casamento entre o cidadão e o repórter que nasce um super jornalismo”, concluiu Lilian Tahan.