Metrópoles faz palestra na Campus Party sobre jornalismo comunitário
Lilian Tahan, diretora de Redação do portal, falou sobre como a população mais conectada transformou a produção de notícias
atualizado
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Em 22 de novembro de 1963, o então presidente dos Estados Unidos era assassinado diante de uma multidão, em Dallas, no Texas, enquanto participava de uma carreata política. O momento exato em que dois dos três tiros desferidos contra Kennedy o atingiram ficou imortalizado nas imagens captadas pelo comerciante Abraham Zapruder, à época com 58 anos.
Essa filmagem só foi descoberta 15 anos depois do atentado e motivou a reabertura das investigações sobre o caso. Mais de cinco décadas após aquele dia, as cenas registradas pela câmera de um cidadão comum ainda alimentam a cobertura jornalística sobre o assunto. O episódio é um exemplo de como a participação popular pode ser fundamental na cobertura jornalística.
Hoje, em plena era digital, quando metade da população mundial tem acesso à internet e um quarto das pessoas usa smartphones, os cidadãos se tornam cada vez mais capazes de captar conteúdos de valor jornalístico e transformá-los em notícia.
“Acabou o tempo em que o vetor da notícia se dava apenas no sentido do veículo de comunicação ou do repórter profissional para a comunidade”, pontuou Lilian. “Cada vez mais é a comunidade quem abastece as redações com informações, e isso é muito bom porque elevamos à potência, multiplicamos milhares de vezes a quantidade de pessoas que nos ajudam a vigiar e fazer o controle social”, destacou.
Com duração de 40 minutos, a apresentação foi iniciada ao som eletrizante de “Misirlou”, composição de Michalis Patrinos, trilha do clássico “Pulp Fiction” de Quentin Tarantino. No vídeo inicial, há um pot-pourri com cenas de fatos históricos como a queda das Torres Gêmeas, o tsunami na Indonésia, o atentado na maratona de Boston, o acidente ambiental em Mariana (MG). Mas não só as grandes tragédias fazem parte da coletânea. Em comum, todos os episódios foram flagrados pelas lentes de pessoas da comunidade e não por jornalistas profissionais. Uma prova de que, cada vez mais, as redações tradicionais se alimentam do que chega pelas redes, a partir das lentes de cidadãos comuns.
Confira a palestra “Jornalismo comunitário na era digital: você é o veículo de comunicação” no vídeo abaixo a partir de 2h05min:
Linha direta
Na plateia, jornalistas, curiosos e muitos estudantes. “Por conta do curso que eu faço, sempre me interesso em saber como o comportamento das pessoas podem influenciar o mundo e esse tema me chamou a atenção”, destacou o estudante de psicologia Emanuel Ribeiro, 19 anos.
Lilian explicou que muitas das matérias publicadas pelo Metrópoles nascem de denúncias e sugestões da população. Por telefone, e-mail, redes sociais e, principalmente, WhatsApp, o cidadão pauta o portal. Os jornalistas checam as informações e aprofundam o tema. “A gente se complementa. Vocês nos ajudam a enxergar e a gente devolve isso para vocês, com matérias robustas, aprofundadas e investigativas”, afirmou.
De forma dinâmica e descontraída, a diretora de jornalismo deu exemplos de reportagens que surgiram assim e também apresentou grandes coberturas, fotografias, infográficos e vídeos, entre outros recursos tecnológicos adotados pelo portal para qualificar cada vez mais, e melhor, o material produzido.
Bate-papo
Depois da palestra, muitos campuseiros quiseram conversar com a equipe do Metrópoles e compartilhar ideias e impressões. O analista de sistemas Celio Paiva, 43 anos, disse pretender aplicar o que ouviu na organização não governamental que comanda.
“Eu sou presidente de uma organização e pretendo fazer um jornal das nossas atividades. Quando vi o tema da palestra pensei que poderia me ajudar e agora sei que, de fato, o cidadão tem papel importante na formação da notícia”, ressaltou Celio. “É do casamento entre o cidadão e o repórter que nasce um super jornalismo”, concluiu Lilian Tahan.