“Chorei a madrugada inteira”, diz moradora de prédio que desabou no DF
Edifício ruiu parcialmente nessa quinta-feira e ninguém está autorizado a entrar na edificação
atualizado
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Desolada, uma das moradoras do prédio que desabou nessa quinta-feira (6/1), na QSE Área Especial 20, em Taguatinga, disse ter chorado a noite inteira. Juliane Oliveira, 32 anos, se abrigou na casa de uma parente na Candangolândia, com os três filhos. Na manhã desta sexta-feira (7/1), ela voltou ao local da tragédia, na esperança de poder entrar no antigo apartamento e buscar os pertences. Porém, foi barrada.
Veja como era e como ficou o prédio que desabou parcialmente no DF
Nessa quinta, Juliane só conseguiu pegar umas poucas mudas de roupa, antes de o edifício ruir. “No momento do desespero, eu não sabia nem o que levar. Vi meus sonhos desabarem junto com esse prédio. Chorei a madrugada inteira. É tão difícil conquistar as coisas, perder tudo de uma vez é dolorido demais”, lamenta Juliane.
Veja como está o local na manhã desta sexta-feira:
O prédio segue isolado e, segundo a Defesa Civil do DF, deve permanecer assim até domingo, no mínimo. Equipes trabalham analisando a estrutura física do local. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), até lá, nenhum morador será autorizado a entrar para buscar pertences ou animais de estimação, presos no prédio.
Segundo os moradores, todos os 26 apartamentos estavam ocupados. Inicialmente, estimava-se que cerca de 50 pessoas habitavam o local. Porém, nessa sexta, as autoridades confirmaram que 100 pessoas moravam no prédio.
Luana Magalhães, 28, também teve de evacuar o apartamento às pressas e acabou deixando os 10 gatos para trás. “Deixei tudo. Salvei apenas o cachorro. Não consegui pegar os gatos, não deu tempo. Estou desesperada, sem chão e sem rumo”, contou chorando. “Acho que não tem chance. Eu morava no primeiro andar, que foi totalmente destruído, então perdi as esperanças. Só se eles se esconderam em algum local, mas não tenho expectativa disso”, lamenta.
Luana morava no prédio há 1 ano e 3 meses e também vinha percebendo piora nas infiltrações e rachaduras do apartamento. Abrigada na casa de parentes, a mulher levou apenas a roupa do corpo.
Sem alvará
O prédio não tinha alvará de construção ou carta de Habite-se, ou seja, era irregular. A informação foi confirmada ao Metrópoles pelo Governo do Distrito Federal. Ainda segundo o GDF, a obra não foi autorizada pela Central de Aprovação de Projetos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) e sequer houve solicitação de licenciamento para o projeto.
“Morreu a esperança da gente”, afirma moradora de prédio que desabou
Já a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) informou que o único registro encontrado de ações fiscais no local trata-se de uma notificação por descarte irregular de resíduos.
Rachaduras
A Defesa Civil, responsável pela prevenção de desastres no DF, informou que após acionada na manhã dessa quinta-feira constatou rachaduras e deformação de pilares na edificação que veio a desabar. Durante a tarde, o órgão, em conjunto com o CBMDF, diminuiu o peso do prédio, esvaziando caixas d’água, o que diminuiu 15 toneladas.
No entanto, segundo a Defesa Civil, essa é uma medida paliativa e a pasta vai continuar monitorando o local. Os prédios vizinhos também foram esvaziados. A subsecretaria vai aguardar a acomodação da estrutura por 72 horas e, após esse prazo, solicitar o escoramento da estrutura remanescente.
Veja o prédio antes de desabar:
Veja o prédio após o desabamento:
Desabamento
O pedido de socorro foi motivado pelo aumento nas rachaduras do prédio. Durante a evacuação, os inquilinos conseguiram retirar apenas bens menores dos apartamentos. Segundo o CBMDF, três dos cinco pavimentos se mantêm íntegros, mas a situação “é crítica” e “pode acontecer qualquer outro desabamento nos próximos minutos ou horas”. Não há confirmação de vítimas.
Veja o momento em que o prédio desaba: