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Chefe de gabinete da senadora Leila do Vôlei e ex-colega de seleção, Ricarda Lima é alvo da PCDF

Medalhista é acusada de irregularidades em convênio entre instituto e o governo local, entre 2011 e 2018, nas gestões Agnelo e Rollemberg

atualizado

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Renato Araújo/Agência Brasília.
Ricarda, ex-jogadora de vôlei
1 de 1 Ricarda, ex-jogadora de vôlei - Foto: Renato Araújo/Agência Brasília.

Ricarda Raquel Barbosa Lima (foto em destaque), chefe de gabinete da senadora Leila Barros, conhecida como Leila do Vôlei (PSB), foi alvo de mandado de busca e apreensão na terça-feira (2/2). Ela teve celular e equipamentos eletrônicos recolhidos pela equipe de Divisão de Repressão à Corrupção, do Departamento de Combate à Corrupção (Decor), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Ricarda, ex-atleta da Seleção Feminina Brasileira de Vôlei e medalhista de bronze nas Olimpíadas de Sydney, em 2000, é investigada pela Operação Tie-Break, que apura irregularidades na contratação do Instituto Amigos do Vôlei (IAV) para prestação de serviços no Centro Olímpico de Santa Maria, por meio de licitação vinculada à Secretaria de Esportes do DF.

O convênio investigado e a respectiva execução tiveram início em 2011, sendo que a fase conclusiva ocorreu a partir de 2017, com a prestação de contas finalizada em novembro de 2018. Nesse mesmo mês do ano passado, o Tribunal de Contas do DF (TCDF) condenou três gestores do antigo Instituto Amigos do Vôlei, atual Brasília Vôlei Esporte Clube, a pagar R$ 21 mil em multas. Entre os condenados está a chefe de gabinete da senadora.

À época, segundo processo do TCDF, Ricarda era a presidente da fundação e teve pena estipulada em R$ 7 mil. O mesmo valor devido pelos então diretores financeiros, André Luis Pedrosa e Francisco Barbosa Pedrosa.

Veja o que diz o processo do TCDF:
Ricarda Raquel Barbosa

Para a condenação, pesaram contra os réus: a fragilidade na apresentação dos resultados dos indicadores, o direcionamento de licitações para empresas ligadas a membros da diretoria do instituto e a combinação de preço nas aquisições realizadas por dispensa de licitação, com evidências de fraude nos procedimentos.

Quando a investigação ainda estava em curso, Ricarda foi contratada pelo gabinete da senadora Leila Barros. Segundo mostrou o Portal do Senado Federal, ela exerce função comissionada desde 2019. O salário bruto atual de Ricarda no gabinete da senadora é R$ 22.943,73. Ela está na função SF02, do Senado Federal.

Confira:

Contracheque Ricarda, chefe de gabinete da senadora Leila do Vôlei

Ricarda e Leila são amigas há décadas. Elas atuaram juntas nas quadras de vôlei defendendo a Seleção Brasileira. Em 2006, começaram a investir no terceiro setor. Enquanto ainda eram atletas, ambas incentivaram jogadores iniciantes que participavam de programas sociais durante os governos de José Roberto Arruda (PL) e Agnelo Queiroz (PT). Foi assim até ocuparem a Secretaria de Esportes e Lazer do DF, na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), antecessor de Ibaneis Rocha (MDB).

A ex-atleta também foi consultora da EVB (Escola de Vôlei Bernardinho) em Brasília e gestora da Vila Olímpica Rei Pelé, em Samambaia. Ricarda atuou ainda como secretária adjunta de Esporte, Turismo e Lazer do Distrito Federal, na gestão da então secretária, Leila Barros, hoje senadora. No Senado, Ricarda é chefe de gabinete de Leila e representa o Conselho Nacional do Esporte na Comissão Técnica da Lei de Incentivo ao Esporte.

Operação Tie-Break

Nesta terça-feira (2/2), a PCDF cumpriu três mandados de busca e apreensão em empresa e residências localizadas em Águas Claras, Taguatinga e Ceilândia, visando obter elementos probatórios a fim de subsidiar as investigações em andamento. Até o momento, os indícios são de crimes previstos na Lei de Licitações e outros delitos contra a administração pública.

Veja fotos da operação:

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Desde o início da pandemia, 570 membros da PCDF tiveram Covid-19
Senadora Leila Barros
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Desde o início da pandemia, 570 membros da PCDF tiveram Covid-19

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Senadora Leila Barros

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Ao longo da investigação, os policiais identificaram diversos indícios de que houve direcionamento na contratação do IAV como também no valor total do contrato (R$ 9.952.055,14). O montante de aproximadamente R$ 3 milhões não tinha comprovação de gasto.

Segundo a PCDF, parte das irregularidades também foi indicada pelo TCDF. Alguns desvios apontados no relatório de auditoria da Corte de Contas são:

  • Contratação acima de 79% em relação aos cursos de informática e inglês;
  • Superfaturamento de 118% na aquisição de bolas de basquetebol, 400% para bolas de tênis, 2.595% na compra de plataforma de piscina;
  • Superfaturamento de 411,70% no valor da contratação do serviço de pesquisa de satisfação.

As investigações contaram com a participação de peritos criminais do Instituto de Criminalística da PCDF, os quais revelaram que o valor devido aos cofres públicos, mesmo após as glosas, seria de R$ 800.463,56.

O termo Tie-Break, que dá nome à operação, faz alusão ao set decisivo do voleibol. As investigações seguem em curso.

Outro lado

O  advogado de Ricarda, Fábio Paganella, afirmou que a ex-atleta recebeu a notícia da investigação com surpresa. “A Ricarda sempre pautou sua conduta de forma ilibada, dentro da ética, praticou todos os atos, buscando sempre a legalidade e ficou muito surpresa com o fato desta terça-feira (2/2). Em princípio, estamos apurando para realizar a defesa da forma mais rápida possível”, disse o defensor da chefe de gabinete da senadora Leila do Vôlei.

Em nota, a senadora Leila Barros afirmou que “acompanha com atenção os desdobramentos da Operação Tie-Break e defende que os fatos sejam esclarecidos o mais rapidamente possível. Sua atuação — tanto na vida pública quanto na pessoal ou nos anos em que se dedicou ao esporte — sempre foi pautada nos princípios da legalidade, moralidade e da ética”.

O Instituto Amigos do Vôlei, também em nota, informou que “está colaborando com as investigações da Operação Tie-Break. O IAV é o maior interessado em comprovar que não há débitos com o Distrito Federal e que não houve má-fé dos gestores, que se dedicaram a promover a inclusão social por meio do esporte”.

Já o Serviço Social da Indústria do Distrito Federal (Sesi-DF) esclareceu que “manteve com o Instituto Amigos do Vôlei uma parceria de mais de 10 anos, na oferta de aulas esportivas gratuitas à comunidade. Não houve transferência de recursos ao Sesi-DF para operacionalização das ações. Todos os custos envolvidos no acordo – pessoal, insumos, preparação e manutenção de espaços – eram de responsabilidade do Sesi-DF, em cumprimento a uma das funções sociais da instituição, que é a inclusão esportiva em atendimento à comunidade”.

No texto encaminhado à reportagem, a entidade disse manter “parceria com o Brasília Vôlei Esporte Clube, por meio de acordo de cooperação técnica, que também ocorre sem transferência de recursos. As equipes masculina e feminina do Brasília Vôlei utilizam os espaços do Sesi Taguatinga para treinamento de atletas e como sede de partidas pela Superliga e, em contrapartida, o clube expõe a marca do Sesi-DF”.

Por fim, o Sesi-DF destacou estar à disposição das autoridades, afirmando que “atua sempre com o objetivo de cumprir com os propósitos do Sesi-DF, de atender aos trabalhadores da indústria e à comunidade com serviços de esporte e lazer de qualidade”.

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