Chacina: Gideon disse ter prazer em ver alguém “implorando pela vida”
Núbia Cristina Belchior, irmã de Renata Belchior e tia de Gabriela e Tiago, foi uma das testemunhas que depôs nesta 4ª
atualizado
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A irmã de uma das vítimas da maior chacina do Distrito Federal foi a 11ª testemunha a depor no Júri de Planaltina nesta quarta-feira (13/9). Núbia Cristina Belchior, irmã de Renata Belchior, e tia de Gabriela e de Tiago, contou como foi o último contato que teve com a irmã.
Núbia explicou que tomou conhecimento das mortes pela mídia. Ao ficar sabendo que o carro de Elizamar foi encontrado com corpos carbonizados, procurou a polícia para relatar o sumiço da irmã e dos sobrinhos.
Disse, ainda, que nunca desconfiou dos suspeitos, que eram tratados como amigos por parte das vítimas.
Uma fala de Núbia, porém, chamou atenção. Segundo ela, Gideon Batista de Menezes, um dos acusados pelo crime, teria comentado em outra ocasião que sentiria “prazer em olhar nos olhos de uma pessoa implorando pela vida”.
Núbia contou à Justiça que, em 13 de janeiro, recebeu um áudio de Renata falando que “colocaria ordem nos bolsonaristas”. A mulher, no entanto, explicou que o teor da mensagem era cômico, mas percebeu tensão na voz da irmã.
Durante o depoimento, Núbia narrou que Renata chegou a vender um terreno localizado no condomínio Porto Rico, em setembro de 2022. A propriedade teria sido vendida por R$ 68 mil. O dinheiro, conforme relatou a mulher, foi emprestado pela irmã a Marcos, que investiria em um ônibus para vaquejada.
A Justiça do DF reservou três dias para ouvir os acusados de cometerem a chacina, familiares e advogados. O crime, que chocou o país, vitimou 10 pessoas da mesma família entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, em Planaltina, e resultou em cinco pessoas presas por suspeita de envolvimento no caso. O primeiro dia da audiência encerrou por volta das 16h. Nesta quinta-feira (13/9), prováveis outras 8 testemunhas devem ser ouvidas.
Apenas após a audiência de instrução poderá ter início, de fato, o Tribunal do Júri, caso o magistrado responsável pelo caso entenda que seja necessário.
A audiência chegou a ser iniciada em junho deste ano, porém, após pedido dos advogados de um dos suspeitos, foi adiada.
Dez mortos na mesma família: a maior chacina da história do DF
Relembre o caso
O crime terminou com 10 pessoas da mesma família assassinadas, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, em Planaltina. A chácara em que parte das vítimas morava, no Itapoã, avaliada em R$ 2 milhões, seria a motivação dos criminosos para matá-las.
A execução dos 10 assassinatos levou 18 dias. Para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os executores da chacina formaram uma associação criminosa armada.
Quatro dos acusados — Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos, Fabrício Silva Canhedo e Carloman dos Santos Nogueira — respondem por uma série de crimes, cujas penas somadas podem chegar a 340 anos de prisão para cada um. Contudo, no Brasil, o tempo máximo de permanência na cadeia não pode passar de 40 anos.
O quinto réu, Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como “Galego”, responde pelo homicídio de Thiago Gabriel.
De todos os acusados, somente Fabrício não será ouvido nesta semana. A defesa dele pediu para que o caso dele fosse desmembrado, o que foi aceito pelo juiz.