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Chacina: testemunha diz que assassinos tentaram atraí-la em emboscada

Wandrezito Moura desconfiou quando recebeu mensagem escrita por amigo, que só enviava áudios. Testemunha acredita que seria alvo de chacina

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arte de vítimas da chacina do DF em fundo vermelho
1 de 1 arte de vítimas da chacina do DF em fundo vermelho - Foto: Arte/Metrópoles

Amigo pessoal das vítimas da maior chacina do Distrito Federal,  Wandrezito Moura Ferreira acredita que também seria morto pelos acusados. Ele foi a 10ª testemunha a ser ouvida pela Justiça nesta quarta-feira (13/9) em audiência. Em depoimento, ele acredita que apenas vingança explicaria a barbaridade da chacina.

Diferente de outras testemunhas, o homem não apresentou medo ao depor em frente aos réus. Ele contou que recebeu uma mensagem, supostamente enviada por um dos acusados, atraindo Wandrezito para a chácara. No texto, a pessoa que mandava a mensagem se passava pelo mecânico Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos.

A desconfiança de Wandrezito veio exatamente pelo fato de a mensagem ser escrita, uma vez que Marcos não escrevia mensagens, apenas mandava áudio. Sem a certeza de que se tratava do amigo, Wandrezito não foi ao local.

Em depoimento, a testemunha disse, ainda, que desejava saber dos réus o motivo de terem tentado atraí-lo para a emboscada, e também comentou que viu um dos réus, Horácio Carlos, em frente à porta da casa dele, anotando algo. A cena ocorreu no período em que os 10 integrantes da família haviam sumido.

Justiça do DF reservou três dias para ouvir os acusados de cometerem o crime, familiares e advogados. O crime, que chocou o país, vitimou 10 pessoas da mesma família entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, em Planaltina, e resultou em cinco pessoas presas por suspeita de envolvimento no caso.

Veja quem são as vítimas e os acusados:

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Mais cedo, a ex-namorada de Gideon Batista de Menezes, 55, acusado de participar da chacina, disse que o réu sofreu diversas queimaduras um dia antes de ser preso

Em uma videoconferência, a mulher contou que se envolveu com o réu após conhecê-lo em um aplicativo de relacionamento. Ela narrou que não tinha conhecimento de que se envolveu com um criminoso até policiais chegaeam na casa dela para prendê-lo.

Durante o depoimento, a mulher disse que Gideon justificou as queimaduras dizendo que sofreu um acidente ao queimar lixo na chácara onde morava.

A ex-namorada do autuado disse, ainda, que no dia em que apareceu queimado, Gideon estaria dirigindo o carro de Cláudia. Ela contou que a informação foi dita pelo réu, que também declarou ter pego o veículo “emprestado com a vítima” por causa de um imprevisto.

Dinheiro em espécie

Terceira testemunha ouvida nesta manhã, a ex-namorada de Gideon contou que cerca de uma semana antes de aparecer queimado na casa dela, o réu chegou com R$ 5 mil em espécie pedindo para ela guardar.

À mulher Gideon teria dito que o dinheiro fazia parte do pagamento de um serviço de mudança que fez de Brasília a Formosa. Sem desconfiar do que se tratava, a vítima depositou o montante na conta dela por uma questão de segurança, segundo relatou.

Em 16 de janeiro, após ter cometido a barbárie, Gideon apareceu, por outra vez, com dinheiro em espécie. Dessa vez, a quantia era duas vezes maior que a primeira. A mulher, então, disse que não guardaria, pois já havia depositado uma quantia alta pertencente a ele.

Ainda durante o depoimento, a testemunha também contou que, certa vez, Gideon contou que ele, Marcos e Horácio fizeram uma sociedade para ficar com a chácara. Segundo ela, o réu disse que o trio invadiu a chácara “porque os verdadeiros donos estavam mortos” e que eles tentariam usucapião.

Papel de Gideon no crime

Gideon foi o primeiro a ser detido, em 17 de janeiro, no Recanto das Emas, no Distrito Federal. Ele teria dito à polícia que trabalhava com Marcos Antônio e era próximo dos integrantes da família do suposto chefe.

Ele chegou à delegacia com os braços e as mãos queimados. Ao ser indagado sobre o papel no crime, optou por ficar calado.

Contudo, de acordo com Horácio Carlos Ferreira Barbosa, o segundo suspeito preso, Gideon teria participado ativamente das mortes de Renata, Gabriela, Elizamar e dos três filhos dela. Além disso, ele seria o responsável por ter atraído a mãe das crianças à chácara dos sogros, por enforcar os pequenos e por comprar gasolina.

Quanto ao envolvimento na morte de Renata e Gabriela, Gideon teria “pego” as duas na chácara onde elas moravam e as levado ao cativeiro. No local, teria exigido que elas passassem informações pessoais, tais como números de documentos, senhas e agências bancárias.

Após manter as duas sob cárcere por aproximadamente duas semanas, teria informado que as soltariam, na madrugada de 14 de janeiro, o que não aconteceu. Ainda segundo depoimento de Horácio, Gideon teria dirigido com elas até Unaí e asfixiado as mulheres com cintos de segurança.

As marcas encontradas nas mãos do suspeito seriam resultado de uma “falha”. Horácio teria jogado gasolina no carro e ateado fogo, mas Gideon ainda estava posicionando os corpos das vítimas no momento em que o incêndio começou.

Júri após audiências

Apenas após a audiência de instrução poderá ter início o Tribunal do Júri, caso o magistrado responsável pelo caso entenda que seja necessário.

A audiência chegou a ser iniciada em junho deste ano, porém, após pedido dos advogados de um dos suspeitos, foi adiada.

Dez mortos na mesma família: a maior chacina da história do DF

Relembre o caso

O crime terminou com 10 pessoas da mesma família assassinadas, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, em Planaltina. A chácara em que parte das vítimas morava, no Itapoã, avaliada em R$ 2 milhões, seria a motivação dos criminosos para matá-las.

A execução dos 10 assassinatos levou 18 dias. Para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os executores da chacina formaram uma associação criminosa armada.

Quatro dos acusados — Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos, Fabrício Silva Canhedo e Carloman dos Santos Nogueira — respondem por uma série de crimes, cujas penas somadas podem chegar a 340 anos de prisão para cada um. Contudo, no Brasil, o tempo máximo de permanência na cadeia não pode passar de 40 anos.

O quinto réu, Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como “Galego”, responde pelo homicídio de Thiago Gabriel.

De todos os acusados, somente Fabrício não será ouvido nesta semana. A defesa dele pediu para que o caso dele fosse desmembrado, o que foi aceito pelo juiz.

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