Cesta básica a R$ 631 consome 62% do salário mínimo em Brasília
Segundo o Dieese, as famílias precisam trabalhar 126 horas e 23 minutos para pagar pelo conjunto básico de alimentos
atualizado
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Para comprar a cesta básica, uma família precisa desembolsar R$ 631,95 em Brasília. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor consome 62,11% do salário mínimo líquido. Para juntar o dinheiro, são necessárias 126 horas e 23 minutos de trabalho.
O Dieese divulgou o valor da cesta básica referente a novembro de 2021 nessa terça-feira (07/12). Na comparação com outubro, quando o conjunto de alimentos custava R$ 644,09, o preço sofreu redução de 1,88%. Em relação aos últimos 12 meses, aumentou 10,36%.
Os produtos com altas em relação a outubro de 2021 são açúcar (+3,98%), café (+2,83%), manteiga (+2,70%), óleo (+2,34%), batata (+2,14%), farinha (+1,53%). Por outro lado, os itens com redução de preço, no mesmo período são tomate (-9,59%), arroz (-2,79%), leite (-2,01%), pão (-1,75%), carne (-1,68%), banana (-1,50%) e feijão (-0,40%).
Na variação anual, o café e açúcar tiveram aumentos de 73,5% e 50,62%. Em valores absolutos, os produtos mais caros são a carne (6 kg – R$ 238,98), pão (6 kg – R$ 84,18), tomate (9 kg – R$ 69,57). O Dieese calculou o preço em 17 capitais brasileiras. E a cesta básica brasiliense é a oitava mais cara.
Salário mínimo necessário
Os capitais com os preços mais caros da cesta básica são Florianópolis (R$ 710,53), São Paulo (R$ 692,27), Porto Alegre (R$ 685,32), Vitória (R$ 668,17) e Rio de Janeiro (R$ 665,60). Na outra ponta da balança, as mais baratas ficam em Aracaju (R$ 473,26), Salvador (R$ 505,94) e João Pessoa (R$ 508,91).
De acordo com o Dieese, na comparação com outubro, o custo médio da cesta básica aumentou em nove cidades. As maiores altas foram registradas no Recife (8,13%), Salvador (3,76%), João Pessoa (3,62%), Natal (3,25%), Fortaleza (2,91%), Belém (2,27%) e Aracaju (1,96%).
A partir do cálculo da cesta mais cara, registrada em novembro em Florianópolis, o Dieese aponta que o salário mínimo necessário no Brasil deveria ser equivalente a R$ 5.969,17, 5,42 vezes o piso salarial nacional em vigor de R$ 1,1 mil.
Leitura dos números
Para a economista e supervisora técnica do Dieese no DF, Mariel Angeli Lopes, as mudanças estão relacionadas às variações climáticas. O aumento significativo do preço do café é consequência dos problemas na safra de 2021.
Em compensação, houve uma ligeira redução do preço da carne (- 1,68%). Principalmente por causa da diminuição das exportações para China em outubro e novembro. No entanto, as reduções ainda não reverteram a pressão gerada por aumentos consecutivos. “Apesar de que foi um mês de novembro com queda de preço médio da cesta básica, foi uma queda muito pequena ainda”, pontuou.
Insegurança alimentar
De acordo com a especialista, a pandemia de Covid-19 acelerou o problema da insegurança alimentar no Brasil que vinha crescendo. Uma parte significativa da população brasileira depende de um salário mínimo para sobreviver.
“A gente tem quase 20 milhões passando algum tipo de insegurança alimentar. Ou seja, não estão conseguindo se alimentar com todos os nutrientes necessários ou com todas as refeições como recomendado. Isso tem relação direta com a remuneração”, afirmou,
“A renda média do trabalho não é suficiente para prover as necessidades básicas das famílias”, destacou. No Brasil, a renda média do trabalho é inferior a três salários mínimos. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), a renda média é de R$ 2,5 mil.