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Centro e creche espíritas são invadidos em Santa Maria

Crime ocorreu três dias após o GDF anunciar a criação de um comitê para combater o preconceito e as agressões de viés religioso. É o segundo ataque ao local em uma semana

atualizado

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O centro espírita Casa do Caminho e a creche espírita Ponto de Luz, em Santa Maria, se somam aos centros religiosos que têm sido alvo de ações criminosas no Distrito Federal. Na madrugada deste sábado (16/1), o lote foi invadido da mesma forma pela segunda vez no período de uma semana — a última ocorrência havia sido no sábado passado (9). O crime ocorre três dias após o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciar a criação de um comitê de combate à intolerância religiosa.

“É a quarta vez desde o ano passado que isso acontece aqui”, lamenta Dalva Lúcia do Nascimento, 56 anos, assistente social que faz trabalho voluntário na instituição. “E nós desconfiamos que sejam as mesmas pessoas, porque eles entram sempre do mesmo jeito.”

Ela conta que os criminosos já haviam levado itens como televisão, aparelho de DVD e botijão de gás em outras ocasiões. Desta vez, afirma, todas as portas da creche e do centro foram arrombadas, incluindo a cozinha, a sala de televisão das crianças, o consultório odontológico da creche e a biblioteca do centro.

Acionamos a polícia, mas até agora parece que nada tem sido feito. Não temos verba para pagar dois vigilantes e garantir que o local seja vigiado 24 horas por dia. A gente paga um vizinho para tomar conta, mas também não está adiantando

Dalva Lúcia do Nascimento
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A creche estava de recesso e tinha retorno previsto para a próxima terça-feira (19). Diante dos acontecimentos, o regresso fica adiado por tempo indeterminado — até que os reparos sejam concluídos. “As mães não contribuem o suficiente para cobrir prejuízos como esse. Agora, vamos trabalhar para arrecadar o máximo de doações e dar início aos trabalhos novamente”, afirma Dalva.

A Polícia Civil informa que as investigações estão sendo conduzidas pela 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) e que a corporação ainda verifica se algum item foi levado do local.

Medidas do GDF
Na última quinta-feira (14), um decreto publicado no Diário Oficial do DF instituiu a criação do Comitê Distrital de Diversidade Religiosa (CDDR). A principal função do grupo é garantir a liberdade religiosa e instaurar mecanismos de combate à intolerância.

O comitê será composto por 12 pessoas e será vinculado à Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Serão seis representantes do GDF.

Seguindo a mesma linha, o governo local pretende criar uma delegacia especializada nesse tipo de crime. O anúncio foi feito pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) em 28 de novembro, ao visitar o terreiro Ylê Axé Oyá Bagan, incendiado um dia antes no Paranoá.

A medida, no entanto, é considerada inviável pelo Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol). À época, o presidente do sindicato, Rodrigo Franco, afirmou ao Metrópoles que “não há policiais suficientes para a criação de uma delegacia, qualquer que seja ela”. “Nós já trabalhamos no limite dos nossos recursos humanos, com uma defasagem de até 50% no quadro atual”, completou.

Série de ataques
Desde o ano passado, casas de candomblé do Distrito Federal e do Entorno sofreram ataques quase simultâneos. Na madrugada de 12 de setembro foram registradas três agressões. A primeira, na casa de Babazinho de Oxalá, em Santo Antônio do Descoberto (GO). O local ficou totalmente destruído. Foi o segundo ataque no terreiro em pouco tempo.

A casa de Baba Djair de Logun Ede, em Águas Lindas (GO), teve o portão destruído com um carro e foi parcialmente incendiada. O terreiro Pai Adauto, em Valparaíso (GO), foi apedrejado durante a mesma madrugada. O último ataque foi registrado no terreiro Ylê Axé Oyá Bagan, incendiado no Paranoá em 27 de novembro.

Serviço
Caso qualquer pessoa que tenha notícia de um ato de intolerância religiosa ou outras discriminações pode comunicar o fato à Ouvidoria do MPDFT: 127 ou 0800-644-9500, ao Disque 100 e ainda ao Disque Racismo: 156, opção 7.

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