Celina sobre segundo caso de feminicídio em 2024 no DF: “É revoltante”
Celina esteve no Museu Nacional da República Honestino Guimarães na tarde desta segunda-feira e comentou sobre o feminicídio em Ceilândia
atualizado
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A governadora em exercício Celina Leão comentou, na tarde desta segunda-feira (15/1), sobre o segundo caso de feminicídio no Distrito Federal no ano de 2024. Segundo ela, o Governo do Distrito Federal (GDF) tem trabalhado diariamente em ações de prevenção contra casos de agressões contra as mulheres.
A governadora afirmou que apesar dos programas criados, os cidadãos precisam colaborar denunciando os agressores. “O que me deixou estarrecida hoje foi que os vizinhos escutaram os barulhos e não fizeram nada. Para que isso não ocorra mais, a gente precisa de um trabalho de todos. O judiciário também precisa ser mais firme nas suas decisões” declarou Celina.
Ela se referiu à morte de Diana Faria Lima, 37 anos, executada a facadas pelo próprio companheiro, que fugiu após cometer o crime.
“É uma tristeza, e causa uma revolta para nós que estamos no governo trabalhando todos os dias e vendo que o número de feminicídios está sendo ampliado. Mas o governo tem trabalhado todos os dias, seja alterando programas ou treinando e capacitando a polícia”, declarou.
“O rapaz já tinha passagem, tinha condenações, e estava solto. Nós podemos trabalhar na prevenção e depois na detenção naquele momento. A prisão com sentença só o Judiciário pode fazer”, completou.
A fala da governadora em exercício do DF ocorreu no Museu Nacional da República Honestino Guimarães. Na ocasião, ela celebrou o programa Projeto Jovens Candangos, que ajuda mais de 800 adolescentes a se prepararem para o mercado de trabalho.
Esmagada
Diana Faria tornou-se mais uma vítima da violência que só cresce no DF. Na manhã desta segunda, a mulher foi morta após ter a traqueia esmagada pelo próprio companheiro.
O suspeito de cometer o crime, identificado como Kelsen Oliveira Macedo, 42 anos, está foragido e é procurado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
O Metrópoles apurou que o homem possui diversas passagens pela polícia. Diana registrou 11 boletins de ocorrência contra o companheiro pelos crimes de injúria, ameaça e lesão corporal, todos no âmbito da Lei Maria da Penha.
A mulher teve medidas protetivas concedidas pela Justiça do Distrito Federal e chegou a receber abrigo na Casa da Mulher Brasileira.
Ainda, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, equipes de policiamento do Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid) fizeram alguns contatos com ela, por conta dos atendimentos emergenciais, mas a vítima não quis o acompanhamento.
A vítima também teria solicitado a retirada das medidas, fugido do abrigo e voltado a viver em um ciclo de violências. Vizinhos ouvidos pela reportagem relatam que os episódios de agressão eram constantes entre o casal.
“Diana morava aqui nos fundos. Quando saí de casa, vi o corpo. A cabeça toda ensanguentada”, disse Felipe Inácio da Silva, 19 anos, filho do dono da casa onde a vítima morava.
Segundo o jovem, a mulher residia sozinha e há cerca de cinco meses no local. “O agressor não morava aqui, mas vinha direto. Ele a agredia sempre. Pelo menos seis vezes no mês chamávamos a polícia para conter as agressões”, relatou.
Uma segunda vizinha de Diana contou que, frequentemente, ouvia a mulher gritando por socorro. “Chamávamos a polícia, mas nada era feito”, detalhou Letícia Cardoso, 19 anos.
“Ele (agressor) constantemente dopava e agredia a Diana. Sabemos que ela tinha medida protetiva, mas os dois sempre voltavam a ficar juntos. Foi ele, inclusive, que chamou os bombeiros logo após assassiná-la”, disse Letícia.
Conforme relatado pelos moradores, Diana tinha um filho que morava com a mãe dela, no Nordeste.
Feminicídio
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) enviou uma aeronave para atender à ocorrência, registrada inicialmente como caso de suposta queda.
Equipes da corporação tentaram, mas não conseguiram reanimar a vítima – que estava em parada cardiorrespiratória e tinha suspeita de traumatismo cranioencefálico, bem como sangramento nos ouvidos.
Também acionada para o endereço onde estava a vítima, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou que o próprio companheiro da vítima ligou para os bombeiros. Porém, Kelsen alegou que Diana tomava banho, quando teria supostamente usado cocaína e caído, com sangramento pela boca e pelos ouvidos.
Diana também “apresentava lesão no rosto e afundamento da traqueia”, segundo a PMDF. “O solicitante [quem ligou para a polícia], que é companheiro da vítima, informou que ela era dependente química e estava sob efeito de cocaína. Ele fugiu do local”, completou a corporação.
O caso é investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 2, em Ceilândia.