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Cela de 12 metros quadrados na Papuda aguarda Pizzolato

Na ala de vulneráveis, espaço tem vaso sanitário e chuveiro elétrico. Tempo de visita e marmita, entretanto, serão iguais aos dos demais 14.507 presos da penitenciária

atualizado

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Quando o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato colocar os pés em solo brasiliense, será levado para uma cela de 12 metros quadrados, no Complexo Penitenciário da Papuda, em uma ala especial destinada a presos considerados “vulneráveis”. A cela do único homem que conseguiu fugir do país durante o processo do mensalão, e teria dito que preferia morrer a cumprir pena no Brasil, fica no Bloco 5 do Centro de Detenção Provisória (CDP).

Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro no processo do mensalão, Pizzolato tem previsão de desembarcar no Brasil a partir do próximo dia 22.

As nove celas que existem no corredor onde o ex-diretor do BB cumprirá a pena foram pintadas e receberam vasos sanitários e chuveiros elétricos. As benfeitorias ocorreram ainda em 2012, pouco antes da prisão do ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República José Dirceu e do ex-deputado federal José Genuíno, ambos do PT. No entanto, nenhum deles chegou a ficar no CDP. Os dois, também condenados no processo do mensalão, permaneceram no Centro de Internamento e Reeducação (CIR), no complexo da Papuda, até progredirem de regime.

infográfico da papuda
*Infográfico: Cícero Lopes/Metrópoles**

 

Além de ex-policiais condenados por diversos crimes, as alas especiais também abrigam detentos idosos, internos com nível superior e presos que poderiam sofrer extorsão caso tivessem contato com a massa carcerária. Geralmente, os vulneráveis são pessoas públicas e de alto poder aquisitivo, mas que se tornam alvos dentro da cadeia.

Superlotação
Pizzolato cumprirá sua pena em um oásis cercado pela superlotação da Papuda. Enquanto 14.507 presos se espremem para caber em 6.500 vagas, a ala especial do CDP conta com celas com capacidade para até oito pessoas, mas que são divididas por apenas três ou quatro detentos.

Alguns chegam a experimentar a solidão do cárcere, como foi o caso do ex-deputado federal por Rondônia Natan Donadon, preso há dois anos e meio por peculato e formação de quadrilha. Em julho deste ano, Donadon ganhou o direito de trabalhar e passou para o regime semiaberto.

No entanto, Pizzolato terá outros companheiros ilustres para dividir a mesma ala. Um deles é o ex-chefe da Assessoria de Orçamento do Senado José Carlos Alves dos Santos, preso por corrupção passiva. Ele foi condenado a dez anos e um mês de reclusão por envolvimento no escândalo conhecido como dos “Anões do Orçamento”, que veio a público em 1993. Alves está preso na Papuda desde março de 2014.

Segundo o secretário de Justiça e Cidadania, João Carlos Souto, o sistema penitenciário está pronto para receber Pizzolato.

Nosso sistema prisional é tranquilo e temos a estrutura necessária para receber qualquer tipo de interno, desde os mais comuns até os considerados vulneráveis, como é o caso do Pizzolato.

João Carlos Souto, secretário de Justiça e Cidadania

Pátio privativo
Quando chegar ao presídio, Pizzolato não poderá reclamar das instalações. A ala onde ele ficará é arejada e tem um pátio privativo para o banho de sol. “Não existe a menor hipótese de misturá-lo aos outros presos. Ele seria extorquido ou pior”, disse uma fonte ligada ao sistema penitenciário ouvida pela reportagem do Metrópoles.

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Papuda comporta 6.500 presos, mas tem 14.507 detentos*Marcello Casal Jr/Agência Brasil**

 

Quentinha
Apesar de escapar da superlotação e ter direito a usar vaso sanitário – ao contrário da maioria dos detentos, que utiliza um buraco no chão – e chuveiro elétrico, Pizzolato terá o mesmo tempo de visita estipulado para toda a população carcerária. “Ele receberá visitas sempre às sextas-feiras. Todos os presos que estão nesta ala recebem os parentes neste dia da semana por conta de uma determinação da Justiça. Elas ocorrem entre 9h e 15h”, explicou a fonte.

Durante o cumprimento de sua pena no regime fechado, Pizzolato também não terá privilégio quando o assunto for alimentação. Ele terá que se contentar com as marmitas servidas dentro do sistema penitenciário. Como todos os detentos, poderá gastar até R$ 150 nas cantinas do presídio. Os estabelecimentos vendem balas, biscoitos, chocolates e sanduíches.

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