Ceilândia reflete o desafio nacional de levar a população à escola. Na maior cidade do DF, só 6% têm ensino superior
Pesquisa da Codeplan aponta que 35,96% dos moradores não concluíram o ensino fundamental e 3,58% ainda são analfabetos
atualizado
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O acesso à educação no Brasil é um desafio do tamanho do país, de proporções continentais. E a capital da República reflete a situação nacional, especialmente quando os olhos se voltam à realidade da periferia. Nesse contexto, Ceilândia, a maior cidade do Distrito Federal, é um exemplo de como a nação ainda está longe de praticar o slogan cunhado pela presidente Dilma Rousseff no início deste segundo mandato: “Brasil, Pátria Educadora”.
Em Ceilândia, somente 6,02% dos moradores concluíram um curso de nível superior — incluindo especialização, mestrado e doutorado. Entre os 489.351 residentes da cidade, 35,96% têm ensino fundamental incompleto e 9,07% não terminaram o ensino médio (nos dois casos, incluindo a modalidade Educação para Jovens e Adultos). Na capital brasileira, considerada território livre do analfabetismo pelo Ministério da Educação, 3,58% da população ceilandense acima dos 15 anos ainda não sabe ler ou escrever.
E, em tempos de interação cibernética e conectividade, 45,35% acessam a internet em casa pelo computador. Outros 18,35% dos moradores usam o celular para navegar. Em contrapartida, 34,73% não entram na rede.
Os dados são da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios, divulgada nesta terça-feira (19/1) pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
Confira outros dados apontados no levantamento.
Uma cidade jovem
O estudo apontou que os moradores de Ceilândia são jovens. Hoje, 46% dos residentes têm idade entre 25 a 59 anos. Idosos acima de 60 anos representam 16,90%. Crianças e adolescentes até 14 anos, são 20,80%.
Amor regional
Quem mora em Ceilândia mantém vínculos com a região. De acordo com a pesquisa, 64% dos moradores estão por lá há mais de 15 anos. Eles trabalham perto de casa, com 37,33% da população exercendo atividade em Ceilândia. Somente 28,13% vão ao Plano Piloto para trabalhar.
Renda
A renda domiciliar média é de R$ 3.076, sendo que 42,65% recebem de dois a cinco salários mínimos. Menos de 1% dos ceilandenses ganha mais de 20 salários mínimos, e 12,87%, até um.
A força do catolicismo
A religião evangélica cresceu no Distrito Federal e chegou a 30% de seguidores, contra 59,6% de adeptos da religião católica. Ceilândia segue esse perfil, com 57,94% dos moradores declarando-se seguidores da religião do papa Francisco. Somando evangélicos tradicionais e pentecostais, a cidade tem 36,05% de seguidores da crença. Somente 0,7% são espíritas, e 4,85% declararam não ter religião.
Quando se traça o perfil de praticantes e não praticantes, os moradores de Ceilândia são assíduos quando se trata de respeitar a filosofia escolhida a seguir: 84,35% dos residentes na região declararam ir regularmente a missas e a cultos religiosos.
Perfil
Criada em 1971, Ceilândia está a 26km do Plano Piloto. Ocupa uma área de 29,10km² e abriga 489.351 pessoas. Hoje, 60,09% dos trabalhadores têm carteira assinada. Dos residentes na região administrativa, 57,95% declararam-se pardo,s e 36,64% brancos. A cor preta é representada por 5,32% dos residentes
Haja buraco
A maior reclamação dos residentes são as ruas esburacadas. Os problemas no asfalto foram relatados no estudo por 48,14% dos ceilandenses; 22,63% reclama ainda do entulho pelas ruas.
Vendedores natos
Em Ceilândia, 32,6% dos moradores exercem alguma atividade no comércio e 21,69% trabalham na área de serviços gerais. A renda per capita é de R$ 915,81 e de R$ 622,30 no Pôr do Sol e no Sol Nascente. Existem, no entanto, poucos empregadores na cidade. Eles representam 1,14% da população.
Cidade dos solteiros
Para quem quer um namorado ou namorada, 39,54% dos moradores de Ceilândia se declararam solteiros. Outros 32,47% são casados e 17,57% têm união estável.
Acesse a íntegra da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios 2015 de Ceilândia.
Com informações da Agência Brasília