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Catadores que deixaram o Lixão denunciam atraso no pagamento de bolsa

Cooperativas de trabalhadores reclamam que parcelas de R$ 360,75 costumam ser depositadas com atraso

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Lixão da Estrutural
1 de 1 Lixão da Estrutural - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os catadores que deixaram o Lixão da Estrutural anseiam pelo pagamento da compensação financeira concedida pelo Governo do Distrito Federal (GDF). São repassados R$ 360,75 mensais para trabalhadores dependentes da atividade. Enquanto alguns reclamam da demora para receber a parcela de dezembro, outros contam ainda não terem sido contemplados.

O presidente da Coopere, José Salustiano Filho, protesta contra a lentidão para a liberação do dinheiro. De acordo com ele, desde que o benefício foi concedido, a partir de outubro de 2017, os atrasos são comuns. A gente cobra, mas fica no empurra-empurra. Vão empurrando com a barriga e não conseguem dar uma posição”, denuncia

Já o presidente da Cooperativa de Reciclagem, Trabalho e Produção (Coortrap), Janilson Santana, revela que os associados ainda não receberam nenhuma quantia, apesar de baterem o ponto “certinho”. “Eles disseram que era para a gente assinar o contrato para receber. Eu já assinei três contratos – e, até agora, nada”, relata. De acordo com ele, a renda dos trabalhadores “caiu muito” após trocarem o Lixão pelo centro de triagem.

O valor é dado aos catadores como forma de neutralizar o prejuízo causado pela diminuição da demanda de resíduos, por causa do fechamento gradual do maior lixão da América do Sul. As atividades no local devem ser encerradas no próximo dia 20. Atualmente, quem recebe a compensação está lotado em galpões de separação de lixo na capital federal. 

O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) explicou, em nota, que a frequência de trabalho dos catadores é feita manualmente, na entrada e saída dos galpões, por isso a verificação demanda tempo. Nessa segunda-feira (8/1), a autarquia informou: a confirmação foi enviada para a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh). Não comentou, no entanto, sobre a denúncia feita pelo gestor da Coortrap. 

A Sedestmidh sustentou que o pagamento não está atrasado: a pasta recebeu o documento do SLU – agora, ele está em fase de conferência, um “procedimento padrão”. “A previsão é que em uma semana o benefício seja pago aos catadores”, garantiu.

Benefício
A medida é amparada pelo Projeto de Lei nº 1.459, de 2017, proposto pelo Executivo e aprovado em maio pela Câmara Legislativa. Todos que forem trabalhar na triagem receberão até seis parcelas, contando a partir do mês de início de efetiva presença na unidade, esclareceu a Sedestmidh. Quem começou a trabalhar em dezembro, por exemplo, deve receber a quantia, mês a mês, até maio.

Entre os pré-requisitos necessários para receber a ajuda financeira, estão a inscrição no cadastro único para programas sociais do governo federal (CadÚnico) e a participação no processo de capacitação oferecido pelo GDF.

O fim do Lixão
Um outro assunto tem deixado os catadores preocupados: o encerramento das atividades no Aterro Controlado do Jóquei, mais conhecido como Lixão da Estrutural. O local era fonte de renda de 2 mil pessoas, segundo as cooperativas.

Como alternativa, o Governo do Distrito Federal contratou oito cooperativas para fazer a triagem em galpões e, portanto, oferecer trabalho aos catadores – a Coopere e a Coortrap são duas delas. O preço por tonelada comercializada nesses locais é de R$ 304,14, de acordo com o SLU. José Salustiano Filho, porém, conta que não cabe todo mundo nos galpões.

Para o presidente da Coopere, a incerteza gera revolta: “Se fechar esse lixão e não sair essa compensação, as pessoas vão meter fogo nos pneus. Vai ser uma confusão. Quero nem estar perto.”

O Aterro Sanitário Oeste receberá o que sobrar do lixo colhido na capital, após o processo de triagem. Desde 17 de janeiro de 2017, a unidade, localizada entre Ceilândia e Samambaia, abriga uma parte dos resíduos recolhidos. O local foi projetado para comportar 8,13 milhões de toneladas de lixo durante a vida útil. 

Ambientalmente correto, o aterro tem o solo impermeabilizado, sistema de drenagem e compactação diária, “que reduzem o volume do lixo e evitam a contaminação de áreas vizinhas e a proliferação de animais, como roedores e urubus”, segundo o SLU.

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