Catadores fecham a Estrutural em protesto por direitos trabalhistas
Segundo cooperativas, cada trabalhador recebe apenas R$ 250 por mês e o setor está mergulhado em dívidas após o fechamento do Lixão
atualizado
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Em protesto por direitos trabalhistas, catadores de recicláveis queimaram pneus fecharam uma faixa da Estrutural (DF), na tarde desta quinta-feira (6/7). Segundo as cooperativas, cada trabalhador recebe R$ 250 por mês. Além disso, dívidas e os custos de manutenção dos galpões ficaram “impagáveis”.
Veja o protesto:
De acordo com os catadores, pelo contrato com o GDF e o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), cada tonelada é remunerada com R$ 304. Os trabalhadores querem a revisão da contratação para o pagamento de R$ 600 para cada mil quilos. O aumento possibilitaria o pagamento de um salário mínimo para cada trabalhador.
Pedindo para ter a identidade preservada, uma trabalhadora desabafou. “Ninguém vive só com R$ 250 por mês. É trabalho escravo. É desumano”, afirmou. Atualmente, as cooperativas pagam pelo complexo de triagem, o custo mensal é de R$ 290 mil. Mas, segundo os catadores, o GDF teria prometido no fechamento do Lixão da Estrutural que arcaria com a despesa. Pelas contas dos trabalhadores, a categoria amarga uma dívida de R$ 800 mil.
A Estrutural tem aproximadamente mil catadores, divididos em 22 cooperativas. Cerca de 300 integrantes de 15 instituições participaram do protesto. A principal reinvindicação é a revisão dos contratos. A Polícia Militar (PMDF) foi acionada para desobstruir a via. Os líderes da manifestações foram convidados para uma reunião com a direção do SLU.
Reunião
O deputado distrital Gabriel Magno (PT) conversou com a vice-governadora Celina Leão (PP) sobre a questão. O parlamentar pediu a alteração dos contratos. Para o parlamentar, os valores são baixos e, por isso, não cobrem devidamente as despesas e resultam em baixa remuneração para os catadores.
“Não é possível que na Capital do País se coloquem trabalhadores numa situação de tanta vulnerabilidade”, afirmou o deputado. Segundo o distrital, Celina se comprometeu a agendar, para a próxima semana, uma reunião com a presidente da CEntcoop e outras secretarias, para tratar do assunto.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com o GDF e o SLU sobre a questão. Por nota, o governo afirmou que abriu uma mesa de negociações com os trabalhadores.
Leia a nota completa:
O SLU informa que, na tarde de hoje, recebeu a informação de que algumas cooperativas obstruíram a Via Estrutural, reivindicando direitos trabalhistas.
Ao analisar as imagens, o órgão constatou que, dos 41 contratos ( 19 para serviço de triagem e 22 para serviço de coleta seletiva), duas cooperativas participaram do movimento: Recicla Brasília e Coopernoes.
O SLU informa que paga para as cooperativas todos os valores devidos e previstos em contrato.
De acordo com balanço financeiro e notas fiscais apresentadas pelas cooperativas, o SLU, só no mês passado, pagou R$ 1.883.097,86 às entidades.
O SLU informa, também, que o repasse dos valores aos catadores é de total responsabilidade das cooperativas.
A autarquia respeita e reconhece a importância do trabalho dos catadores, inclusive incentivando a regularização de todos, o que possibilita trabalho mais seguro e estável.
Com base nisso, ao saber da paralisação, a autarquia chamou os presidentes das cooperativas para entender as reivindicação dos catadores e se colocar como mediador entre cooperativas e catadores.
A reunião começou às 17h na sede do SLU, na Asa Sul.