Caso raríssimo: homem com câncer de mama luta por auxílio-doença no DF
André Abrantes, 42 anos, descobriu a doença em janeiro deste ano. Para custear as despesas, ele criou uma vaquinha on-line
atualizado
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“É um baque. O susto e a preocupação foram as primeiras reações que tive”. É assim que o motorista de ônibus André Abrantes de Melo, de 42 anos, descreve o momento em que descobriu um raro câncer de mama, em janeiro deste ano.
Em 2021, a esposa identificou um caroço no peito direito dele por meio do toque. Preocupado com o que poderia ser, ele procurou um médico que solicitou um exame de imagem. “A primeira ultrassonografia não indicou nada alarmante. Passaram-se alguns meses, o meu peito retraiu e eu fui em busca de um mastologista que, por meio, de biópsia e outros exames, constatou o tumor maligno em estágio 2”, detalha André.
Na época, ele trabalhava como motorista e estudava para concursos públicos. Por conta do tratamento, precisou dar uma pausa na carreira para cuidar da saúde. Até o momento, o homem já realizou quatro sessões de quimioterapia e prepara-se para a cirurgia de retirada de uma parte do peito e esvaziamento axilar. “Se você quiser viver, tem que enfrentar o câncer. Deus sabe de todas as coisas, e Ele me dá forças”, afirma.
André mora no Riacho Fundo 2 com a esposa e o casal de filhos, de 11 e 14 anos. Ele está afastado do emprego desde fevereiro e, até hoje, não conseguiu passar pela perícia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para ter acesso ao auxílio-doença, por conta da greve dos servidores.
A situação preocupa o motorista, pois a cobertura do plano de saúde oferecido aos rodoviários afastados acaba daqui a dois meses e ele terá que arcar com uma cooperação mensal em torno de R$ 250.
“Estamos passando por dificuldades, desamparados. As contas não param de chegar e eu ainda tenho em torno de 10 meses de tratamento. A gente paga os impostos, mas quando precisamos do auxílio, não conseguimos. A perícia já foi desmarcada duas vezes”, ressalta. Para tentar solucionar o problema, André procurou a Defensoria Pública da União (DPU), mas o órgão informou que não poderia intervir no caso.
Durante o tratamento, o paciente também descobriu que o câncer espalhou-se para a região dos linfonodos axilares. Porém, ele está otimista quanto à cirurgia e conta que o nódulo na mama já diminuiu consideravelmente com a quimioterapia.
Conscientização
Quando descobriu o câncer, André iniciou o acompanhamento no Hospital Santa Marta, em Taguatinga, e, agora, trata-se em uma clínica na 903 sul, após mudanças no plano de saúde. “Grande parte do sucesso no meu tratamento deve-se ao acolhimento do oncologista Marcos Vinicius da Silva e do mastologista Hudson Hiroshi, que foram muito atenciosos ao meu caso e me deram apoio nesse momento difícil”, elogia.
Antes do diagnóstico, o motorista não sabia que homens poderiam ter câncer de mama. Ele acredita que isso deve-se à falta de divulgação de informações. “É uma doença silenciosa. Antes da pandemia, eu fazia natação e não notava nada de anormal no meu corpo. Você não tem percepção, por não sentir dor ou outro sintoma. Por isso a importância do autoexame das mamas”, pondera.
Apoio financeiro
André e a família tem passado por dificuldades financeiras. Sem conseguir acesso ao benefício que deveria ser pago pelo INSS, ele decidiu buscar outras formas de obter dinheiro. Para isso, criou uma vaquinha on-line com o intuito de custear as despesas em casa e com o tratamento. A meta é arrecadar R$ 6 mil. Até o momento, foram doados R$ 1,1 mil. Para ajudar André, clique aqui.
“Preciso de recursos para comprar remédios e pagar idas e voltas ao hospital para exames e sessões de quimioterapia. Conto com a colaboração de todos os irmãos, em Jesus Cristo”, menciona ele na plataforma de arrecadação.
Para ajudar André, clique aqui.
Câncer de mama masculino
Alessandra Leite, oncologista do Hospital Santa Lúcia, explica que o câncer de mama masculino é considerado raro devido à menor quantidade de glândulas mamárias e a diferença na produção hormonal entre homens e mulheres. Contudo, o diagnóstico pode ser feito com maior facilidade, uma vez que o nódulo é mais visível.
“Pelo fato da mama e do tecido serem menores, a nodulação fica mais evidente nos homens e é palpável. Além disso, pode ser perceptível inflamação no local, sensibilidade, dor ou inchaço”, explica a médica.
A especialista detalha que, nos homens, a doença está ligada a mutações genéticas e é hereditária. Nesses casos, o câncer tende a ser mais agressivo e desenvolve-se mais rapidamente. “Por ser raro, não há indicação para exames de rastreio. Mas o autoexame das mamas é essencial, e qualquer alteração na região deve ser observada”, orienta.
“Também fica o alerta de que a mamografia não é um exame exclusivo para mulheres, muitas pessoas não sabem disso. Caso o diagnóstico seja confirmado, o homem deve procurar sempre, além do oncologista, um geneticista, para investigar o câncer na família”, completa a oncologista.
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