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Caso Naja: investigadores do DF suspeitam de plano para despistar polícia

Diante do passo a passo de pessoas ligadas a Pedro Krambeck, a Polícia Civil do DF acredita que houve tentativa de obstruir as investigações

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Ivan Mattos/ Zoológico de Brasília
Naja no Zoo de Brasília
1 de 1 Naja no Zoo de Brasília - Foto: Ivan Mattos/ Zoológico de Brasília

Desdobramentos da Operação Snake, deflagrada para apurar tráfico de animais exóticos na capital, apontam suposto plano para obstrução de provas, envolvendo amigos e familiares do estudante de medicina veterinária Pedro Krambeck. No início deste mês, o jovem foi picado por uma Naja criada por ele – o que foi a ponta do iceberg de uma investigação comandada pela Polícia Civil do Distrito Federal.

O Metrópoles conseguiu detalhes de fatos já apurados pela PCDF. As diligências apontam para a possível participação de um coronel da Polícia Militar do Distrito Federal. O envolvimento de outros servidores não é descartado.

Nesta quarta-feira (22/7),conforme revelou o Metrópoles, policiais civis da 14ª DP (Gama) deflagraram a terceira fase da Operação Snake e prenderam, em cumprimento a mandado de prisão temporária, o estudante de medicina veterinária Gabriel Ribeiro, amigo de Pedro e considerado suspeito de integrar o esquema de práticas de crimes ambientais.

O mandado de prisão foi expedido após representação da autoridade policial, diante de indícios de que o alvo desta fase da operação estaria tentando, desde o início da investigação, obstruir as diligências realizadas pela PCDF. Gabriel Ribeiro teria, inclusive, ocultado as serpentes que pertenciam ao jovem picado pela cobra da espécie Naja kaouthia.

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Ela costuma viver em regiões da África e da Ásia
A Naja não é uma cobra típica do Brasil
Zoológico de Brasília fez ensaio fotográfico com cobra que picou estudante
Brasil não tem soro para o animal
A serpente não é natural de nenhum habitat brasileiro
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No Brasil, não há Najas, logo, o soro que combate o veneno desse tipo de serpente é raro

Material Cedido ao Metrópoles
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Ela costuma viver em regiões da África e da Ásia

Material Cedido ao Metrópoles
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A Naja não é uma cobra típica do Brasil

Foto: Reprodução
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Zoológico de Brasília fez ensaio fotográfico com cobra que picou estudante

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Brasil não tem soro para o animal

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A serpente não é natural de nenhum habitat brasileiro

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A Naja foi transferida para o Butantan, em SP

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Naja no Zoo

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No Zoo de Brasília, serpente ganhou espaço próprio para sua espécie

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Ivan Mattos/ Zoológico de Brasília
Investigação

Policiais civis da 14ª DP passaram a trabalhar no caso tão logo Pedro Krambeck foi internado, após ser atacado pela Naja. Inicialmente, a suspeita era de que os fatos teriam ocorrido no Gama, mesma região em que fica localizado o hospital Maria Auxiliadora, unidade de saúde para onde o estudante foi levado e chegou a ficar em coma.

Os investigadores se mobilizaram com o objetivo de esclarecer os fatos, bem como de retirar o animal peçonhento de circulação. A PCDF contou com o apoio de uma equipe do Ibama. Quando a polícia descobriu que o episódio ocorreu no Guará, região administrativa na qual a família de Pedro mora, as equipes se dirigiram ao edifício do jovem.

Durante a operação, o padrasto de Pedro, o coronel da Polícia Militar do DF Clovis Eduardo Condi, estava no apartamento, juntamente com a mãe do estudante, Rose Meire dos Santos Lehmkuhl. O militar teria ficado furioso com a presença da PCDF no local.

Ao ver a movimentação na portaria do condomínio, a mãe de Pedro ligou para um delegado da Polícia Civil e informou que, após o incidente, o filho teria entregado o animal, dentro de uma caixa, para o amigo Gabriel Ribeiro de Moura, que também cursa medicina veterinária.

Na ligação, Rose Meire teria dito, ainda, que a família estava decidindo se iria entregar a cobra para a PMDF. Questionada se o animal estava na residência e se a polícia poderia entrar no imóvel, a mulher afirmou que autorizaria, mas não atendeu quando foi uma equipe chegou ao local.

Obstrução de provas

Após algum tempo, Rose saiu do apartamento e disse que, caso os policiais civis a acompanhassem até o hospital Maria Auxiliadora para ver o estado de saúde de Pedro, posteriormente, ela voltaria até sua casa com os policiais e autorizaria a entrada.

Nesse cenário, com fortes indícios de que o animal pudesse estar no imóvel e de que a mulher estivesse tentado afastar os policiais do apartamento, uma equipe da 14ª DP se dirigiu ao Poder Judiciário a fim de conseguir o deferimento de uma medida judicial.

No entanto, antes mesmo que o pedido fosse efetivado pela Justiça, a equipe da PCDF que aguardava à porta do apartamento se deparou com a chegada de uma equipe do Batalhão de Polícia Ambiental da PMDF. Eduardo Condi abriu a porta e liberou a entrada dos policiais civis e militares e dos agentes do Ibama.

A Naja não estava no imóvel. Porém, a equipe do Ibama constatou que havia ali apetrechos para a alimentação de répteis, o que reforçou a suspeita de que a cobra fosse criada naquele local, sendo retirada do recinto após Pedro ter sido picado. Ainda em busca da serpente, os policias foram até a casa de Gabriel, onde foram recebidos pela mãe do rapaz.

O Metrópoles apurou que a mulher permitiu, prontamente, a entrada dos agentes na residência. A suspeita era de que Gabriel estivesse com o animal. Enquanto os policiais conversavam com a mãe do estudante, um agente do Ibama entrou em contato com Gabriel, que não estava em casa.

O fiscal do órgão passou, então, a explicar a importância de entregar o animal, ressaltando o perigo que representava estar com uma Naja em casa. Gabriel foi alertado neste momento que, caso se negasse a entregar a serpente asiática às autoridades, ele poderia responder criminalmente por isso.

A mãe do jovem também foi alertada de que Gabriel estaria cometendo um crime caso estivesse transportando a cobra em via pública ou ocultando a serpente.

Por telefone, após as explicações dos policiais e dos agentes do Ibama, Gabriel disse que retornaria para casa e que entregaria o animal às autoridades.

Após aproximadamente 1 hora de espera, Gabriel entrou em contato novamente por telefone, quando afirmou que, a pedido do padrasto de Pedro, a serpente não seria entregue aos policiais civis e ao Ibama, mas sim à PMDF.

Gabriel foi alertado, mais uma vez que, caso fosse flagrado com a Naja, poderia ser detido em flagrante. Em resposta, o jovem afirmou que já havia entregado a serpente para “um major PM Ambiental”.

Posteriormente, já por intermédio de sua advogada, Gabriel afirmou que os policiais militares não teriam pegado o animal diretamente com ele, mas sim localizado a serpente na rua.

Com as informações contraditórias, a Polícia Civil entrou em contato com a PMDF para confirmar a apreensão do animal, bem como explicar a necessidade de a equipe do BPMA apresentar a Naja na 14ª DP, uma vez que já havia sido instaurado inquérito policial na delegacia.

Momentos depois, os investigadores foram informados de que policiais militares ambientais realizaram buscas e localizaram a cobra próximo ao Pier 21, no Setor de Clubes Sul. Os militares alegaram que não tinham qualquer informação a respeito do paradeiro de Gabriel. Ao final, a equipe do BPMA compareceu à delegacia de polícia e apresentou o animal para apreensão.

Dias depois, outras 16 serpentes exóticas foram localizadas em uma região de Planaltina. Os animais estavam acondicionados em caixas plásticas, em uma baia de cavalo, dentro de uma propriedade rural, quando foi deflagrada a Operação Snake.

A ação mirou amigos de Pedro, entre eles Gabriel, bem como a mãe e o padrasto do rapaz picado pela Naja. À época da ação policial, o Metrópoles revelou que o coronel da Polícia Militar foi visto carregando caixas com diversas cobras no residencial em que a família mora, no Guará. Ele disse não saber o que havia dentro dos recipientes.

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