Caso Naja: faculdade de indiciados por tráfico estuda sanções a alunos
Uma professora da instituição foi afastada pelo Conselho de Medicina Veterinária do DF suspeita de participação na organização criminosa
atualizado
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Em nota enviada ao Metrópoles, o Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac) afirmou ter montando uma comissão interna para análise de procedimento administrativo disciplinar (PAD) dos alunos do curso de medicina veterinária da instituição envolvidos no esquema de tráfico de animais no Distrito Federal.
Estudantes da faculdade particular foram indiciados, nesta quinta-feira (13/8), pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) em investigação que apurou uma rede de compra e venda de animais silvestres e exóticos na capital do país. As apurações foram conduzidas pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama).
Uma professora da instituição foi afastada pelo Conselho de Medicina Veterinária do DF (CMV-DF) suspeita ter participação na organização criminosa.
Rede criminosa montada na faculdade
Entre os indiciados que estudam na Uniceplac, está Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl (foto em destaque), 22 anos. Graduando de veterinária, o jovem congelava camundongos para alimentar as cobras que mantinha clandestinamente em casa. “Quem tem esses animais em casa geralmente os mantêm no congelador e depois descongela em banho maria. Na residência desse rapaz (no Guará), tinha uma série de camundongos congelados no freezer”, disse o delegado Willian Ricardo, da 14ª DP.
Ainda segundo o delegado responsável pelo caso, a associação criminosa foi montada dentro do curso de veterinária por Pedro e outros integrantes, entre eles, o amigo Gabriel Ribeiro, também aluno do Uniceplac. A PCDF encontrou inclusive uma rifa de um Geko (lagartinho) entre os estudantes.
Além dos dois universitários, o padrasto e a mãe de Pedro Krambeck também foram indiciados pela Polícia Civil. De acordo com os policiais que trabalharam no caso, o estudante de veterinária, que traficava animais desde 2017, chegou a ter 22 serpentes, entre elas, a Naja que o picou. O local em que ele criava ficou pequeno e Pedro passou a contar com ajuda de amigos, segundo a PCDF. Assim, uma organização criminosa se formou, ainda de acordo com as investigações.
Após o Caso Naja, os policiais civis deflagraram uma operação nesta quinta-feira (13/8) e apreenderam uma anaconda em Águas Lindas (GO), no Entorno do DF, conforme o Metrópoles revelou.
Acusados
Ao todo, 11 pessoas foram indiciadas no esquema descoberto após o acidente com a Naja. Pedro Krambeck vai responder por tráfico animais silvestres, maus-tratos e associação criminosa. A mãe dele, Rose Meire dos Santos Lehmkuhl, por tráfico de animais, associação criminosa e maus-tratos. O padrasto de Pedro, o coronel da Polícia Militar do DF Eduardo Condi, também foi indiciado por tráfico de animais silvestres, maus-tratos, fraude processual, associação criminosa, corrupção de menores e ainda pelo fato de dificultar ação fiscalizatória do Ibama, multiplicado por 22, uma para cada animal apreendido.
“Ele (coronel da PM) permitiu que a residência virasse cativeiro. A atividade era liderada é capitaneada pelo rapaz (Pedro) com o suporte da mãe e do padrasto. A criação de camundongos ficava na área de serviço da casa”, ressaltou o delegado Willian Ricardo. O policial disse ainda que todos tinham ciência do crime e fizeram registros, vídeos e fotos, no WhatsApp.
“Têm fotos e vídeos da mãe alimentando os animais e cuidando dos camundongos (que serviam de alimento para as serpentes). O material colhido é extenso no sentido de que ela aderiu ao tráfico de animais. Forneceu o cativeiro e ajudou nos cuidados dessas cobras”, assinalou o delegado, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (13/8).
Vejam quem foi indiciado:
- Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl: tráfico de animais, associação criminosa e exercício ilegal da medicina.
- Rose Meire dos Santos Lehmkuhl: fraude processual, corrupção de menores, tráfico de animais, maus-tratos e associação criminosa.
- Clovis Eduardo Condi: tráfico de animais, fraude processual, maus-tratos e associação criminosa.
- Gabriel Ribeiro: posse ilegal de animal silvestre, maus-tratos, fraude processual e corrupção de menores
- Julia Vieira: posse ilegal de animal silvestre e corrupção de menores
- Fabiana Sperb Volkweis: fraude processual
- Raynner Leyf: posse ilegal, fraude processual e associação criminosa
- Major Joaquim Elias: prevaricação, fraude processual, associação criminosa, coação no curso do processo.
- Silvia Queiroz: fraude processual
- Luiz Gabriel: favorecimento real
- Gabriel Moraes: associação criminosa e maus-tratos