Caso Lázaro faz 1ª vítima de maníaco reviver noite de terror na Bahia
Criminoso teria tentado estuprar moradora em Barra do Mendes (BA), em 2008. Na mesma noite, Lázaro matou duas pessoas
atualizado
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Enviados especiais a Barra do Mendes, Bahia — Uma moradora de 39 anos de Barra do Mendes, na Bahia, nunca vai esquecer o que aconteceu na madrugada de 17 de novembro de 2008. Nesse dia, por volta das 4h, Lázaro Barbosa tentou invadir a casa dela para violentá-la. Atualmente, o criminoso é perseguido por 270 homens em Girassol, distrito de Cocalzinho de Goiás. A mulher, que terá a identidade resguardada, afirma que até hoje tem sequelas do ataque sofrido e que as notícias sobre a caçada ao seu agressor têm feito ressurgir dentro dela o sentimento de terror vivido naquela data.
“É traumático. É uma coisa pro resto da vida”, resume. E continua: “Nunca pensei que estaria vivendo do jeito que eu tô agora”, lamenta. Com 25 anos à época, ela morava com o filho, que tinha 5 anos, quando acordou no meio da noite e notou que alguém forçava a porta dos fundos da casa em que residia, na zona rural de Melancia.
Tão logo percebeu que alguém tentava entrar, a mulher clamou por ajuda. Foi quando Lázaro tentou arrombar a porta a chutes. “Comecei a chamar socorro, a gritar, e ele passou a meter porrada na porta. A sorte é que era porta resistente”, narra. Segundo conta a moradora, o psicopata estava na porta dos fundos da casa, mas ela aproveitou a movimentação de vizinhos na parte da frente da propriedade e fugiu.
A mulher se protegeu na casa do irmão, na mesma vila. Até aquele momento, os moradores não sabiam que o invasor era Lázaro, que cresceu na comunidade. “De repente, a gente escuta um tiro. Os filhos do Carlito saíram desesperados e gritando. ‘Estão te procurando, estão te procurando!’. Aí eu perguntei: ‘Quem é que está me procurando?’. Aí um de lá gritou: ‘O Lázaro!’”, relata a moradora.
O tiro ouvido aconteceu durante o primeiro homicídio creditado a Lázaro. Na mesma madrugada, o homem que atualmente é definido como psicopata tirou a vida de José Carlos Benício de Oliveira, conhecido como Carlito, que era tido por todos como amigo do assassino. Ainda antes do amanhecer, Lázaro mataria outra pessoa: Manoel Desidério da Silva.
Medo
“Tenho certeza de que ele queria entrar na minha casa para abusar de mim e matar eu e o meu filho. Ele foi para a casa do finado Carlito atrás de mim, como um caçador à procura de um bicho. Estava na intenção de fazer algo”, analisa. Para os moradores da vila, Lázaro teria uma paixão não correspondida pela mulher, mas ela desconfia.
“Surgiram várias conversas, de que ele era apaixonado por mim e tudo, mas essa paixão que ele sentia por mim, ele falava para os outros, mas pra mim nunca chegou, nunca tive contato, nunca namorei”, assinala. Apesar de passados 13 anos do crime, ela diz ter medo. “A gente sabe o indivíduo que ele se transformou. A gente está vendo que ele se tornou um bicho. Um bicho que está aí pra amedrontar, tirar vidas. Ninguém sabe o que ele carrega no coração”, destaca.
“Na época que aconteceu isso, fiquei com problema de estômago. Era uma dor infeliz. Só fui ter paz quando tudo ficou calmo. Nesta semana, comecei a sentir a dor novamente. Aí eu falei: ‘Eu já sei o que é. É por causa desse infeliz, que está solto lá’. É traumatizante. A gente só vai ter um pouco de paz quando [a polícia] pegar ele”, afirma. A tentativa de abuso de Lázaro também deixou marcas no filho da mulher, que durante muito tempo não conseguiu dormir com a porta aberta.
Entenda o caso
Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, completa nesta segunda-feira (21/6) 13 dias foragido das forças de segurança do Distrito Federal e de Goiás, após cometer uma série de crimes – entre os quais, a chacina de uma família, no Incra 9, em Ceilândia, em 9 de junho último. Na ocasião, foram mortos o pai Cláudio Vidal de Oliveira, 48, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15.
A mãe, Cleonice Marques, 43, ficou desaparecida por três dias. Uma força-tarefa de moradores do Incra 9, onde aconteceu o crime, encontrou o corpo da mulher no dia 12 de junho. O cadáver estava em uma zona de mata, próximo a um córrego.