Caso de menino aliciado no Facebook reacende debate sobre segurança nas redes sociais
Especialistas apontam cuidados que os pais devem ter para evitar casos como o do garoto Lucas Torres, abordado por traficantes na internet
atualizado
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O caso de Lucas Torres, 13 anos — que desapareceu na Candangolândia, na sexta-feira (30/10), e foi encontrado na madrugada de terça (3/11), em Minas Gerais —, reacendeu o debate sobre o cuidado que os pais devem ter em relação aos conteúdos que os filhos acessam na internet. O menino e outro garoto, da mesma idade, foram vítimas de uma rede de traficantes. O contato entre os adolescentes e os criminosos ocorreu por meio das redes sociais.
Apesar de ter sido fundamental para a localização dos jovens, a popularização dessas páginas criou um ambiente propício para a propagação de diferentes crimes. Para evitar que a história de Lucas se repita, o Metrópoles ouviu especialistas que apontaram alguns cuidados que a família pode adotar.
Para o professor Gilberto Lacerda Santos, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), crianças e jovens devem evitar aceitar pedidos de amizade de estranhos no Facebook. “Normalmente, esse público vê vantagem em ter um grande número de amigos e acaba adicionando desconhecidos, que passam a ter acesso a uma série de informações pessoais”, explica Santos. “Essa rede social [Facebook] é mais visada pelos criminosos porque é a mais utilizada por todos nós.”Já o professor de psicologia clínica da UnB Anderson Costa orienta que os pais naveguem na internet com os filhos. Essa atitude, segundo o especialista, aumenta a confiabilidade entre as gerações e transforma uma atividade que geralmente é solitária em atividade social.
As crianças usam o Facebook para serem vistas, é uma ferramenta de propaganda. Proibir não vale a pena. Isso só vai instigar a curiosidade
Anderson Costa, professor de psicologia clínica da UnB
O especialista em internet e educação da UnB Marcello Cavalcanti Barra reforça o conselho de Costa. É necessário que os pais dialoguem com os filhos sobre a internet desde cedo. Por representar um universo de infintas informações, alertá-los sobre os limites e as possibilidades dessa tecnologia torna-se imprescindível.
Segundo Barra, “o mundo virtual não está desconectado do mundo físico. Assim como existem crimes na ruas, também haverá na internet. Quanto mais gente acessa as redes, maior a possibilidade de pessoas as utilizarem para meios ilícitos”.
Divulgar, nas redes sociais, o desaparecimento de familiares e amigos tem se tornado comum. Com certa frequência, há relatos de pessoas preocupadas com a localização e o estado de saúde de um parente. Mas também é fundamental que se faça um boletim de ocorrência na delegacia.
Desaparecidos
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, entre janeiro e setembro de 2015, a Polícia Civil recebeu 189 denúncias de crianças de até 12 anos que sumiram no DF. Ainda de acordo com a pasta, o número representa 8% do total de desaparecidos neste ano. Na faixa etária de Lucas, entre 13 e 17 anos, foram registrados 883 casos — 38% do total.
A família pode ainda fazer o cadastro da pessoa desaparecida na página www.desaparecidos.gov.br. Criado em 2010, o site possui um banco de dados de crianças e adolescentes que sumiram em todo o país. As informações ficam disponíveis na rede de delegacias da Polícia Civil integradas ao cadastro para apoio às ações de busca, localização e identificação de desaparecidos.