Casas de jogos de tabuleiro conquistam espaço em Brasília

Lance os dados, avance algumas casas e, logo, você alcançará três destinos dos amantes de jogos de tabuleiro no Distrito Federal. Com a fórmula certa – boa comida e uma grande variedade de caixas de papelão com cartões, peões e tábulas coloridas –, Carcassonne, Taverna Games Store e Moebius Café vêm se consolidando como os endereços cativos do universo geek da capital.

Após passar longas horas no laboratório de produtos naturais da Universidade de Brasília (UnB), os alunos do mestrado e do doutorado em farmácia e ciências da saúde Marcela Medeiros, 28 anos, Paula Souza, 31, Amanda de Asssis, 23, e Diegue Martin, 25, encontraram no Carcassone o ambiente ideal para relaxar a cabeça e dar muitas risadas. Acompanhados de mais quatro amigos, o grupo brincava de Imagem e Ação numa das concorridas mesas do local.

“Sempre busquei os lançamentos de jogos de tabuleiro. É um programa tradicional da minha família. Desde criança, eu e meus pais nos reuníamos para brincar em volta de uma mesa”, comenta Amanda. No dia da vista da reportagem do Metrópoles, ela era desafiada pelos colegas. “Vamos vencê-la hoje. Nosso objetivo não é ganhar. É derrotar a Amanda”, brinca Martin. Na primeira vez em que os pesquisadores estiveram nesse endereço, Amanda saiu vitoriosa do desafio.

Proprietários do Carcassone, Fábio Almeida e Salimar Morais decidiram transformar, há três anos, o hobby de fim de semana em negócio. Com o lema de nunca conhecer os locais indicados pelos guias turísticos, o casal descobriu em uma viagem pela Europa casas cheias da personalidade dos donos. “Voltamos para Brasília e a pulguinha de criar na cidade um endereço que disponibilizasse jogos de tabuleiros começou a pipocar em nossas cabeças”, explica Salimar.

A dupla, então, começou a pesquisar locais no país com a proposta que tanto idealizavam. Encontraram em São Paulo um estabelecimento promissor. E de lá, com o apoio da dona do endereço, trouxeram ideias para o Carcassonne. A casa batizada com o nome do popular jogo, que tem como objetivo a construção de cidades medievais, carrega também em sua decoração motivos de mesma natureza. Além de uma grande estante com os jogos, o pub oferece ainda cervejas especiais e pratos veganos.

Quem chega ao subsolo da casa e quer experimentar uma opção de um jogo diferente poderá confiar na indicação e explicação dos atendentes. Os funcionários também prestam consultoria, como os sommeliers fazem no universo dos vinhos, mostrando aos clientes algumas regras.

Em Águas Claras, no Taverna Games Store, não é diferente. Inaugurado há três meses, o local também possui uma extensa carta de jogos e funcionários que sabem na ponta da língua as instruções dos quase 180 títulos.

No endereço recheado de quadros e referências do mundo nerd, o público pode ainda comprar os jogos. Fruto da paixão dos amigos Juliano Batalha, Bruno Fenrir e Luís Rocha, o Taverna carrega a identidade dos donos. Eles se conheceram por meio de um jogo de cartas chamado Jyhad e desde lá cultivaram uma amizade de quase 12 anos.

Com muito orgulho de pertencer ao universo geek, os sócios têm o desejo de tornar essa cultura acessível a qualquer pessoa. E parece que a proposta vem surtindo efeito. Pessoas que só brincaram de Banco Imobiliário na infância aparecem no pub interessadas em conhecer novos board games (como também são conhecidos os jogos de tabuleiro).

Nossa proposta inicial era trabalhar somente com a venda dos jogos. Mas, agora, queremos ampliar a nossa cozinha e o atendimento. O público de Águas Claras abraçou a nossa ideia

Juliano Batalha

Na comercial da 114 Norte, o Moebius Café (foto ao lado) dispõe de um menu de bebidas e comidas e uma carta com 300 exemplares de jogos importados e nacionais para todos os públicos.

Os títulos são classificados dentro dos temas: tradicionais, cartas, estratégia, para turmas dispostas a se divertir e solitários, do tipo Resta Um. Junto à lista, consta um guia com grau de dificuldade, número de jogadores, tempo médio de partida e o idioma vigente nas regras.

“Somos todos nerds e geeks, mas a nossa ideia é que o ambiente seja para todas as pessoas. Queremos que uma pessoa chegue aqui querendo jogar War e acabe conhecendo um jogo de zumbis completamente diferente”, aponta um dos proprietários do Moebius Café, Diogo Chaves Coelho, 35 anos.