Casal morto em Águas Claras marcou psiquiatra para dia seguinte ao crime
Profissional chegou a ligar para o casal a fim de confirmar a consulta, sem saber do caso
atualizado
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Encontrado morto na madrugada dessa quinta-feira (30/7), o cirurgião dentista Fabrício David Jorge, 42 anos, tinha marcado uma sessão dupla com um psiquiatra para esta sexta-feira (31/7). Ele iniciaria o tratamento com a companheira, a enfermeira Pollyanna Pereira de Moura, 35, também encontrada sem vida no apartamento do casal, em Águas Claras.
A psiquiatra chegou a ligar para o casal no dia do crime para confirmar a consulta, sem saber do caso. Uma amiga dos dois falou ao Metrópoles que Fabrício, suspeito de cometer feminicídio e, em seguida, suicídio, era uma pessoa “do bem”.
“Era um cara do bem. Não tinha histórico de violência doméstica. A Polly ligou para a terapeuta que eu indiquei, ela pediu porque sentiu que ele estava precisando de um acompanhamento. Fabrício era um cara alegre, simpático e gostava muito dela. Para mim, ele não era uma pessoa assim, sabe? O que eu sei era o que ela contava, que era um bom pai e supertrabalhador”, narrou a amiga, que pediu para não ser identificada.
“Meu amado”
Pollyanna chegou a fazer um post em rede social comemorando a recuperação do dentista, que contraiu Covid-19. Na publicação, ela chama o marido de “meu amado“. Os dois foram encontrados mortos dentro do apartamento onde moravam, em Águas Claras, nessa quinta-feira (30/7).
De acordo com a postagem de Pollyanna, foram 10 dias de internação no Hospital Alvorada de Brasília. “Saturação oscilando, febre não cedia, tosse até quase desfalecer e muito cansaço”, escreveu Pollyanna, que era servidora do Ministério da Saúde.
Nas fotos, o casal aparece abraçado e também comemorando, junto à equipe médica, a cura da doença. “Eu venci a luta contra a Covid-19” diz um dos cartazes segurados por Fabrício.
Lotado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o homem teria esfaqueado a mulher e cometido suicídio logo depois, com dois cortes, um deles no pescoço.
Vizinhos que moram próximo ao apartamento detalharam ao Metrópoles terem ouvido gritos. De acordo com testemunhas, o casal era discreto, não tinha filhos nem histórico de brigas. Os dois residiam no local havia cerca de um ano.
“Eram gritos de desespero, gritos de morte. Ouvi e saí no corredor. Quando cheguei perto do apartamento deles, o barulho parou”, disse uma moradora à reportagem.
A vizinha, que também pediu para não ter a identidade revelada, conta que a porta estava entreaberta, mas que não viu sangue ou algo que pudesse indicar um crime.
“Como era de madrugada, e acordei atordoada com o barulho, cheguei até a pensar se só eu estava ouvindo aquilo. Era desesperador, mas ninguém saiu no corredor, ninguém apareceu para ajudar. Como os gritos pararam, fiquei na dúvida do que realmente poderia ter acontecido”, relembra.
Funcionários do condomínio afirmaram que o casal era tranquilo e que o cirurgião sempre foi simpático e tratava todos com muita educação. “É algo que não esperamos. Fiquei surpreso ao saber que isso aconteceu aqui. Jamais poderia imaginar, pareciam pessoas tranquilas”, disse um trabalhador, que pediu para não ter a identidade revelada.
Ainda durante a madrugada, o homem teria enviado uma mensagem para um amigo dizendo que havia matado a mulher. O material será periciado.
Os militares que atenderam a ocorrência encontraram a vítima ensanguentada, sentada no chão da cozinha. O homem estava deitado, bastante sujo de sangue, com a faca na mão. Próximo a ele, outra faca, também suja. A cena é descrita pelos policiais como “cenário de terror”. Havia sangue espalhado por todo o apartamento, inclusive na cama do casal.