Cartilha de coletivo do DF fala sobre parentalidade na advocacia
Além disso, uma pesquisa com 550 pessoas do mundo jurídico analisa como é a vivência dessas famílias durante a crise sanitária
atualizado
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Motivados pela necessidade de conciliar a convivência em família e a criação dos filhos com as demandas profissionais durante a pandemia de Covid-19, o coletivo de advogadas do Distrito Federal Elas Pedem Vista e a consultoria Filhos no Currículo entrevistaram mais de 550 pessoas do mundo jurídico para analisar como foram as vivências familiares desde o início da crise sanitária. O Elas Pedem Vista também criou uma cartilha que ensina como administrar a carreira jurídica com a chegada de uma criança à família.
A pesquisa se chama “Experiências de parentalidade em tempos de pandemia”.
O estudo realizado com pais e mães do setor da advocacia constatou que o home office não era uma realidade frequente para 61% dos entrevistados.
O levantamento mostrou, ainda, que o convívio próximo teve um impacto positivo nas relações entre entre pais e filhos. Dos entrevistados, 87% relataram vínculos fortes e extremamente fortes no período.
Trabalhar e cuidar da família em meio a pandemia também trouxe dificuldades. A pesquisa apontou que 60,5% dos entrevistados perceberam um aumento nas demandas de trabalho.
Confira trechos do levantamento:
Produtividade
A Filhos no Currículo é especializada em tornar as empresas ambientes inspiradores para profissionais com filhos.
Segundo Michelle Levy Terni, cofundadora da consultoria e mãe do Tom e do Alex, o objetivo foi o de entender, durante a pandemia, como é a experiência de parentalidade de pessoas que trabalham no setor de advocacia e depois mergulhar no home office para examinar como o contexto afetou nos vínculos familiares, na produtividade, na relação entre vida pessoal e profissional em tempos incertos como o que se vive agora.
“Nesse contexto da pandemia, vimos um poder catalisador de transformações nas relações de trabalho. Normalizando práticas que antes eram bem ausentes no setor da advocacia, como por exemplo o home office”, opinou Michelle.
Uma das conclusões, de acordo com ela é a de que o trabalho remoto chegou para ficar. “É uma herança positiva da pandemia.”
Michelle também destacou o resultado dos vínculos com os filhos que foram fortalecidos em 87%.
Cartilha de boas práticas
As advogadas Julia de Baére Cavalcanti d’Albuquerque e Ana Carolina Andrada Arrais Caputo Bastos compõem o coletivo do Distrito Federal Elas Pedem Vista, que participou da elaboração do estudo.
Na último dia 25/3, com o objetivo de ampliar o diálogo sobre como conciliar a carreira jurídica com a chegada de uma criança à família, o grupo de advogadas lançou a cartilha “Boas práticas sobre Parentalidade na Advocacia”.
A cartilha traz recomendações de diversas medidas que podem ser implementadas em escritórios para facilitar a conciliação da rotina profissional e familiar dos empregados.
As sugestões incluem compreensão com horários de consultas e exames médicos de gestantes, concessão de licença maternidade, alternativas de trabalho remoto parcial, entre outras. Também são abordadas as principais legislações que tratam do assunto.
De acordo com Júlia, a cartilha seria lançada ainda em 2020 mas, com a pandemia, os planos foram adiados.
“Nesse sentido, surgiu a ideia da pesquisa durante a pandemia para complementar o trabalho. Trocamos angústias com a Filhos no Currículo sobre o home office em tempos de Covid-19 e decidimos criar esse questionário para apurar o que seriam as boas práticas na modalidade de trabalho remoto e vamos fazer um adendo à essa primeira cartilha”, disse a advogada.
Segundo Ana Carolina Caputo, o estudo inspirará uma segunda cartilha, com diagnóstico e sugestão de ações para melhorar o dia a dia de quem trabalha no setor de advocacia.
“Sabíamos que era muito desafiador enxergar boas práticas em um contexto tão difícil, mas o levantamento nos trouxe pontos positivos. Os pais deram conta. Por outro lado, a pesquisa também nos denunciou que os escritórios de advocacia vão precisar prestar mais atenção à saúde mental e ao acolhimento de seus associados e colaboradores.”, comentou.
Para Ana Carolina, os escritórios ainda se sentem perdidos de como lidar com os advogados no home office. “Queremos orientar, assim como foi o objetivo da primeira cartilha, sobre as experiências em tempos de não pandemia.”