Carne clandestina: 30 donos e gerentes de restaurantes serão intimados
Nomes estavam em listas apreendidas com três suspeitos de comercializarem produtos irregulares no DF. Segundo delegado, relação inclui estabelecimentos famosos no Plano Piloto, em Ceilândia e Taguatinga
atualizado
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Trinta pessoas, entre empresários e gerentes de hotéis e restaurantes, serão intimados, ainda nesta sexta-feira (10/6), para prestar esclarecimentos sobre a suspeita de venderem carne clandestina a clientes. A medida é um desdobramento das investigações que levaram à apreensão de 1,4 tonelada do produto em uma casa do Areal, em Águas Claras, no último dia 2.
Segundo o delegado Ataliba Neto, da Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraudes (Corf), a Polícia Civil quer saber se os estabelecimentos que vendiam a carne aos clientes tinham conhecimento de que a origem do produto era clandestina.“Também pretendemos identificar os funcionários ou os próprios empresários responsáveis por adquirir o material diretamente com o fornecedor. Os depoimentos devem ser colhidos entre a próxima segunda (13) e a quarta-feira (15)”, disse o delegado ao Metrópoles.
Na ação do último dia 2, foram detidos Luiz Claudio dos Santos, proprietário da Yan Comércio de Carnes, que funciona em uma casa sem identificação na Rua 121 do Areal; Maycon Rodrigo Rosa Silva e Wellington dos Anjos Moreira, fornecedores que traziam o produto irregular de Goiás. Na ocasião, eles estavam com pouco mais de 600kg de filé em duas caminhonetes. As carnes estavam armazenadas em sacos plásticos, no banco de trás dos veículos e sem refrigeração. Na casa de Luiz Claudio, havia mais carne irregular estocada.
De acordo com o delegado Ataliba, em uma agenda de Luiz Claudio, havia uma lista de 25 pessoas apontadas como compradores. Com Maycon e Wellington, havia outra relação, com cinco nomes. Todos de supostos clientes.
Entre os estabelecimentos comerciais identificados pela polícia, há hotéis, bares e restaurantes do Plano Piloto e de outras regiões administrativas, como Ceilândia e Taguatinga. O delegado Ataliba informou que os nomes desses comércios serão divulgados ao término da investigação, caso seja comprovada irregularidade ou que algum tenha agido de má-fé. “Tem hotel quatro estrelas e restaurantes conhecidos do brasiliense nas asas Sul e Norte”, confirmou o delegado ao Metrópoles.
Perigo
Fados da organização não- governamental Amigos da Terra revelam que 30% da carne brasileira vem de abate clandestino. No DF, são consumidas pelo menos 2 mil toneladas do produto por semana. Isso significa que cerca de 650 toneladas sem garantia de qualidade podem estar sendo comercializadas na capital do país, principalmente em feiras, bares e restaurantes.
O preço, que chega a ser 40% mais em conta, garante o sucesso do negócio. Barato, entretanto, que sai caro, já que o produto é impróprio para o consumo e pode até matar.